Falta de espaço nos armazéns prejudica comercialização de grãos no MS
Os bons índices de produtividade encobrem um problema que se arrasta por alguns anos no Mato Grosso do Sul: a armazenagem.
Mais de 90% da safra de verão já foi colhida. Os bons índices de produtividade encobrem um problema que se arrasta por alguns anos no Estado: a armazenagem. A falta de espaço faz com que os produtores tenham de comercializar os grãos rapidamente. Neste período o preço do frete, por exemplo, pode chegar a R$ 115 por tonelada. Fora do período considerado de pico o preço não passa de R$ 90.
Em Mato Grosso do Sul a capacidade de armazenamento é de seis milhões de toneladas. A produção de grãos da safra 2006/2007 pode chegar a oito, mas nem todos os armazéns estão nas grandes regiões produtoras e alguns deles também são usados para armazenar outras culturas, como o arroz.
– Na prática a capacidade real está perto de três milhões de toneladas – afirma o coordenador da Câmara Setorial de Logística de Armazenagem, Maurício Peralta.
A falta de espaço real prejudica a comercialização. No início do mês de abril a saca da soja estava cotada a R$25,50. Até setembro o preço deve reagir. Sem ter onde guardar o produtor é obrigado a vender o produto logo após a colheita, sem poder esperar pela alta nos preços.
Para o vice-presidente da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), Carlos Dupas, a capacidade de armazenamento interfere na comercialização.
– O produtor pode acompanhar as cotações e aguardar o momento certo para vender, caso houvesse espaço – garante.
Existem discussões em andamento sobre investimentos nesta área, mas empresários do setor estão apreensivos. Com o aumento do plantio da cana-de-açúcar em MS a área de grãos pode diminuir e consequentemente a necessidades por espaço nos armazéns.
Recentemente a Cooagri recebeu a liberação de recursos para aumentar sua capacidade, mas decidiu paralisar as obras, por insegurança com relação às próximas safras.
– Espera-se que muitos produtores de soja e milho migrem para a cana-de-açúcar, o que faria que a capacidade atual não precisasse ser aumentada – explica Maurício Peralta.