Família aposta em pequena indústria de arroz ecológico
Com o beneficiamento na propriedade, além da renda com a comercialização, subprodutos, como a casca e o farelo, podem ser utilizados em outras atividades.
Não dá para enriquecer, mas é possível levar uma vida tranqüila e manter a família na agricultura. A afirmação é do produtor rural Waldomiro José Schuster, da localidade de Linha Seival, interior de Santa Cruz do Sul (RS). Há poucos meses, ele montou uma agroindústria para beneficiar, nas próprias terras, o arroz ecológico que cultiva desde 2000. Além de não precisar mais recorrer a bancos para investir na lavoura, devido à comercialização do alimento já pronto para o consumo, todos os subprodutos, como a casca e o farelo, são utilizados na propriedade.
A comercialização é feita por meio da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale). Além da loja Rua Thomaz Flores, 805 e das feiras da entidade na sede do município, o arroz de Schuster já pode ser encontrado em um supermercado. Remessas são enviadas, ainda, para Brasília e Rio de Janeiro, que integram uma rede de comercialização de plantadores ecológicos. O produto também já foi adquirido por um fabricante de bolachas de Porto Alegre e pelo Programa Fome Zero, do Governo Federal.
Na agroindústria montada com o auxílio de um financiamento do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), órgão da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Schuster produz tanto o arroz polido quanto o integral. O beneficiador, usado, foi adquirido de uma associação. Na pequena fábrica, o agricultor dispõe ainda de uma balança, de uma seladora para o fechamento das embalagens e de um Seletron, aparelho para separação do arroz branco.
Para abastecer o mercado local, Schuster beneficia em torno de 1.200 quilos de arroz por mês. A quantidade aumenta significativamente quando há pedidos de fora. A procura está crescendo e estou satisfeito. O importante é que não preciso mais recorrer a empréstimos para plantar. Por enquanto, a empresa é familiar. Porém, conforme o proprietário, a idéia é passar a industrializar, no local, arroz ecológico de outras famílias santa-cruzenses acompanhadas pelo Capa.
A agroindústria não é a principal atividade dos Schuster, e sim mais uma forma de diversificação. Waldomiro, a esposa Lúcia Liane, os filhos Claiton, Daniel e Miguel, e a mãe, dona Elfrida, ainda cultivam hortigranjeiros e criam marrecos além da carne, os ovos são vendidos. Tudo de forma ecológica. Também produzem pães, cucas e bolos utilizando, é claro, farinha e açúcar mascavo produzidos sem a utilização de insumos e pesticidas. Na propriedade de 24 hectares, nada se perde.