FAO prevê domínio agrícola do Brasil em 10 anos

De acordo com estudo, até 2014 o país ganhará mercados internacionais mesmo se os subsídios dos países ricos a seus produtores sejam mantidos.

O Brasil poderá se tornar o maior beneficiário do comércio mundial de produtos agrícolas nos próximos dez anos e superará em muitos setores, como a soja, as vendas dos Estados Unidos aos mercados internacionais. A avaliação é da Organização para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO), que lança no próximo mês um estudo juntamente com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o futuro do setor agrícola.

Mas segundo Merritt Chuff, economista da FAO, o Brasil terá de garantir a manutenção de sua estabilidade macroeconômica na próxima década se quiser obter esses ganhos e continuar a ver suas exportações aumentando.

De acordo com os economistas, as projeções mostram que o Brasil ganhará mercados e espaço internacional mesmo se os subsídios dos países ricos a seus produtores forem mantidos nos mesmos níveis que os atuais. “”O Brasil continuará a crescer, mesmo com a ajuda estatal que distorce o comércio internacional””, afirmou Loek Boonekamp, chefe da divisão agrícola da OCDE. O Itamaraty alega que esses subsídios impedem uma maior exportação do País e prejudica os preços das commodities.

A corte no apoio dados pelos governos, apesar da pressão internacional, tem sido marginal. Segundo o estudo, 33% da renda européia na agricultura vem dos subsídios.

Nos Estados Unidos, o apoio passou de 22% da produção há 20 anos para 18% atualmente. Já os subsídios para serviços relacionados à agricultura aumentaram de 25% para 32% nesse período. No geral, 30% do valor da produção do setor agrícola nos países ricos é composta por subsídios. Os produtos mais beneficiados são o arroz, com 75% de sua produção financiada e o açúcar, com 55%.

Apesar disso, os dados elaborados pela FAO e pela OCDE mostram que o crescimento das exportações brasileiras será significativo até 2014, ainda que terão uma taxa de aumento inferior ao dos últimos cinco anos. Segundo a FAO, a desvalorização do real que ajudou a tornar os produtos nacionais mais competitivos pode começar a ser anulado diante da inflação interna.

A estabilidade também será fundamental. “”As projeções para 2014 sobre as exportações brasileiras dependem da situação macroeconômica do Brasil. Ao se estabilizar nos ultimos dez anos, conseguiu expandir sua agricultura e criar infra-estrutura para exportar””, explica o economista da FAO.

A maior participação dos países emergentes no mercado internacional, além da maior produtividade, vão continuar puxando os preços das commodities para baixo. O consumo internacional ainda crescerá em taxas menores que a produção, afetando mais uma vez os preços.

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