Federarroz busca alternativas de consumo para o arroz

Bioenergia e ração animal estão entre as metas que o setor buscará, além da exportação e de formas de incentivar o consumo humano.

O impacto do aumento produtivo de duas toneladas por hectare nos últimos sete anos pelas lavouras de arroz gaúchas, e da redução do consumo nacional do grão segundo o IBGE, levaram a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) a estabelecer uma nova estratégia com vistas à valorização futura do cereal. Nos próximos dias a Federarroz iniciará tratativas com o futuro secretário da Agricultura e Pecuária do Estado, Luiz Fernando Mainardi, com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e com as unidades da Embrapa (Clima Temperado e Arroz e Feijão) e Universidades, objetivando o início de estudos para o uso do cereal em projetos de bioenergia e ração animal.

Segundo Renato Rocha, presidente da Federarroz, muitos pecuaristas gaúchos estão substituíndo o milho pelo arroz na suplementação alimentar de bovinos em razão de ser um produto abundante e mais barato. “Um saco de milho vale praticamente 25% a mais que um de arroz”, avisa. Segundo ele, essa alternativa pode ser ainda mais viável se os centros de pesquisas gerarem variedades de mais alta produtividade (entre 12 e 15 mil quilos), com características específicas para ração animal.

“Hoje as variedades são lançadas com o objetivo de ter alto rendimento de engenho, grãos brancos, vítreos, não-gessados, inteiros, que cozinhem rapidamente e fiquem soltinhos na panela. Para ração animal pode ser gessado, quebrado, glutinoso. O importante é que tenha alta produtividade e seja facilmente transformado em carne bovina ou o suína”, explica. Uma das principais granjas de produção de suínos “light” do Brasil, em Itaqui (RS), usa rações a base de arroz com muito sucesso. O mesmo se aplicaria às variedades com alto teor de óleo, destinadas à produção de biodiesel, por exemplo.

Valter José Pötter, presidente do Conselho Consultivo da Federarroz, explica que o objetivo é proporcionar ao arrozeiro, no futuro, a escolha entre produzir grãos para consumo humano, para bioenergia ou ração animal. “Isso permitiria manter a expansão de área e produção, sem afetar tão drasticamente o mercado e os preços no futuro”, considera Pötter. Segundo ele, a alternativa seria não só do setor de carnes, como das cooperativas e indústrias de rações. As medidas, porém, estão diretamente relacionadas a outras demandas setoriais.

O Brasil precisa de um planejamento estratégico e ações para conter a invasão de arroz do Mercosul com vantagens competitivas sobre o produto interno, que afeta o mercado e a produção nacional, e adotar mecanismos de exportação mais eficientes. E também é preciso incentivar o consumo, pois a queda pode tornar-se assunto de saúde pública. O arroz com feijão é um prato defendido pelos especialistas como altamente nutritivo, ao contrário dos fast-foods e da comida industrializada que têm baixo poder nutritivo e engordam. “Precisamos de campanhas nacionais e estaduais de apoio ao consumo de arroz”, acrescenta Renato Rocha.

FUTURO

O presidente da Federarroz, enfatiza que os números do IBGE revelam um novo cenário para o Brasil. “Por estes números, fica claro que o País não precisa importar arroz para abastecimento interno, que explica em parte os preços atuais, pois há um milhão de toneladas de excedentes do Mercosul entrando no mercado nacional”, revela. E pode piorar: há uma expectativa de um grande excedente de arroz em 2020, no MERCOSUL (Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina), levando em conta a expansão produtiva e de área deste bloco. E o Brasil é o principal mercado consumidor.

Desta forma, a Federarroz entende que para garantir a sustentabilidade econômica do setor produtivo, é preciso que os governos federais e estaduais estabeleçam medidas claras e viáveis de exportação, ampliação do consumo humano e alternativo (bioenergia e rações). Segundo Rocha, há algumas iniciativas muito pontuais de algumas empresas, como produção de macarrão de arroz, barras de cereais, entre outros. “Mas, ainda não há uma ação oficial e nacional de incentivo a estas alternativas. E é isso que queremos”, argumenta.

4 Comentários

  • Gostariade acrescentar no que foi falado sobre uma ação de campanhas para o aumento do consumo, pois sabe-se que o arroz é nutritivo, não possui colesterol e varios outros beneficios além de ser super barato o preço por prato. O que teria que fazer é o que foi feito semana passada em um programa inteiro só falando dos benefício do vinho para o rejuvenecimento, que depois de aparecer, no outro dia quebraram os estoques de vinho nos mercados. Então o que eu queria, é sugerir que o Federarroz, Sindarroz e outros, se bomilizassem nesse sentido e mostrar em vários programa de midia que arroz se come não só com feijão, mas sim churrasco, com frutos do mar, com qualquer coisa que quizer adicionar, e com certeza será o ingrediente mais barato do cardápio. Obrigado! Engº Agrônomo Eder Luis Dal-Toé, Certificador Acapsa. (www.acapsa.com.br)

  • Temos apenas que observar que a redução de consumo apresentado pelo IBGE e amplamente diulgado na mídia refere-se apenas ao arroz polido comprado pelas donas de casa, neste numero não incluem-se diversos outros fatores com o aumento do consumo de outras variedades como orgânico, integral, preto… e também que o hábito de comprar arroz para cozinhar em casa vai ser cada vez menor. Cito um exemplo, atualmente as empresas estão fornecendo refeição, antigamente o trabalhar ia em casa comer …. O NUMERO DIVULGADO NA IMPRENSA NÃO SIGNIFICA QUE O CONSUMO DE ARROZ NO BRASIL BASE CASCA TENHA DIMINUIDO…

  • O Dinheiro que o Gov. Federal, perde com projetos de Bolsa Família, entregando dinheiro na mão das pessoas, poderia criar um mecanismo de melhor distribuição de alimentos, até porque se o Governo usasse os 120,00 reais para comprar o arroz e feijão e distribuir a essas pessoas o Gov. iria atingir um maior número de necessitados fazendo efetivamente o que é função do Estado e ao mesmo tempo resolver dois problemas com uma ação somente. São esses, os tipos simples de mecanismos que o Gov. Federal não tem coragem de criar, ora por imcopetência, ora por interesse ou fins eleitoreros, porque não acabar com o problema da desnutrição no Brasil basta querer.
    Obrigado! GILMAR SANGUANINI, novas tecnologias, Energia Eólica e Equipamentos MARA – Maquinas sistematizadas para nivelamento de solo (WWW.MARALASER.COM)

  • Para contribuir com a matéria , gostaria de informar para o setor arrozeiro , que hoje já dispomos de tecnologia em mini usinas de etanol ( produçao até 5000 lt/dia) . Um saco de 50 kg produz em média 14 lt de etanol dentro dos padrões da ANP( Agencia Nacional de Petroleo) + sub -produto para alimentação animal. Oque está faltando , para viabilizar a produção em baixa escala ( mini usinas), é a permissão de realizar a comercialização deste etanol ( Hoje , está permitido a produção de Etanol na fazenda, mas exclusivamente para consumo próprio). Estamos trabalhando , junto ao governo , no sentido de realizar com o etanol produzido por produtores /cooperativas a mesma politica adotada para o Bio diesel . Ou seja ,que o etanol social seje comprado pela Petrobras através de leiloes , a preços de mercado. ( R$ 1,80 à R$ 2,00/ lt , conforme a região) . Logo , só com a demanda de etanol no RS para combustivel e tambem para abastecer a Braskem ( plastico verde) , necessitariamos de 30 à 40 % de toda produção de arroz do RS. Tecnologia (gaucha) para produção ( a baixos custos) de Etanol a nivel de produtor já existe , logo ,o que esta faltando ,é vontade politica para viabilizarmos a comercialização do exesso de arroz , através do Bio Etanol SOCIAL . Sugiro o site http://WWW.USIBIOREFINARIAS.COM . Com pioneirismo , criatividade e muito trabalho , acredito que possamos reverter este problema do mercado de arroz em uma ótima e rentável solução . Abraço a todos …..

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