Federarroz busca apoio para evitar colapso de preços no arroz
Eduardo Leite recebeu representantes da Federarroz. Foto: Artur Chagas
(Por Nestor Tipa Jr, AgroEffective) Diante de um dos cenários mais adversos dos últimos anos para a cadeia do arroz no Brasil, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) intensifica articulações junto ao sistema financeiro, aos governos federais e estaduais e às entidades setoriais, em busca de medidas emergenciais para mitigar a crise de preços e a liquidez enfrentada pelos produtores.
Segundo dados da consultoria Safras & Mercado, o país opera atualmente com um suprimento estimado em 14,2 milhões de toneladas, frente a uma demanda anual de 12,2 milhões de toneladas. A projeção de estoques de passagem acima de 2 milhões de toneladas — patamar recorde — pressiona negativamente as cotações. O cenário é agravado por uma conjunção de fatores baixistas: aumento da área cultivada, elevação da produtividade média das lavouras, demanda interna enfraquecida, exportações aquém do esperado e preços internacionais em queda. Todos esses elementos ocorreram simultaneamente e levaram a uma retração contínua nos preços pagos ao produtor.
Na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, as indústrias estão oferecendo entre R$ 60,00 e R$ 65,00 por saca com rendimento acima de 58% de grãos inteiros, enquanto os produtores mantêm pedidas acima de R$ 70,00. No fechamento do mês de maio, a média estadual do arroz ficou em R$ 73,20, representando retração de 3,11% na semana e de 39,41% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com levantamento da Safras & Mercado.
Entre as ações em andamento, o Federarroz está em tratativas com Banrisul, Banco do Brasil e Sicredi para viabilizar o escalonamento dos pagamentos dos financiamentos de custeio, buscando oferecer maior margem de fôlego ao produtor e conter a pressão sobre a comercialização nos meses de junho e julho.
De acordo com a entidade, o Banrisul já sinalizou positivamente à proposta, e há expectativa de adesão por parte das demais instituições financeiras. “É necessário estancar a queda de preços no mercado. Os valores atualmente praticados inviabilizam a produção e é fundamental criar alternativas para que o produtor não precise vender tanto produto neste momento”, destacou o presidente da entidade, Alexandre Velho.
No campo institucional, foi realizada nesta quarta-feira, 4 de junho, uma audiência com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, com a participação do setor produtivo. Junto ao subsecretário da Fazenda Estadual, Ricardo Neves, o governador atendeu aos representantes do setor que fizeram pedidos pela adoção de medidas tributárias urgentes em razão da grave crise de comercialização que atravessa o setor arrozeiro. Conforme disse o diretor jurídico da Federarroz, Anderson Belloli, o governo estadual demonstrou sensibilidade à gravidade do momento que os arrozeiros enfrentam. “O governo se comprometeu em buscar soluções de curto prazo para reduzir os danos ao setor rizícola, na medida em que o preço de mercado hoje não cobre minimamente os custos de produção, sem prejuízo do fato de que os arrozeiros igualmente sofreram com intempéries climáticas nas últimas safras”, destacou.
Em paralelo, haverá mobilização em Brasília (DF) com reuniões na próxima semana e um encontro das entidades do setor com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na próxima sexta-feira, 6 de junho, para buscar soluções federais diante da crise de rentabilidade. A Federarroz também mantém contato contínuo com associações regionais de produtores e agendas de orientação técnica nos polos arrozeiros, com foco na transparência das ações e na escuta ativa da base.
2 Comentários
Com esse dai esqueçam!!! Não vem nada… Se comenta na fronteira-oeste que foi feito um levantamento a nível de Mercosul e que foram colhidos + estoques 21 milhões de toneladas de arroz… Se isso é verdade não sabemos… Mas representa quase 2 safras brasileiras! As exportações simplesmente pararam… Até o MS colheu bem o arroz do sequeiro… O desânimo dos produtores é geral… A redução substancial de área cultivada será substancial… Podem aguardar os números em breve! Tem muito arroz estocado… Está barato importar… E muito complicado de exportar!
Produtor, quem tiver a condição de vender seu produto venda e pague o banco, não prorrogue o seu financiamento, os juros estão altos o dinheiro tá caro e tudo que os bancos e este governo que aí está querem é ferrar com o produtor.