Federarroz espera pico de alta nos preços na entressafra

 Federarroz espera pico de alta nos preços na entressafra

Dornelles: conjuntura favorável ao arroz

Atraso na germinação da lavoura na Campanha e Fronteira-Oeste, associadas às oscilações do dólar e aos baixos estoques podem gerar condição de alta nos preços.

O mercado do arroz vive uma estabilidade de preços há cerca de 60 dias, na faixa dos R$ 49,00, mas a conjuntura de safra e comercialização indica que poderá haver reação nos próximos dias. A expectativa é do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, e vale para aqueles produtores que ainda têm o cereal para comercializar com a indústria. A análise foi feita em entrevista para o site Notícias Agrícolas, nesta quarta-feira (14/12).

Para Dornelles, no pico desta entressafra os preços devem voltar a superar os R$ 50,00 por saca, ainda que por pouco tempo, diante de uma conjuntura muito especial e para beneficiar um número reduzido de produtores que ainda detêm estoques.

Para o dirigente, o primeiro fator que poderá levar até a alta é o atraso da germinação das lavouras da Fronteira-Oeste e Campanha do Rio Grande do Sul. Embora a semeadura tenha acontecido bem cedo, as sementes demoraram a germinar por causa das baixas temperaturas, ausência de umidade do solo em determinado período, e excesso de chuvas em outubro. Segundo ele, esta situação deverá ampliar numa faixa de até 30 dias a entressafra do arroz, diante da expectativa inicial de um pico de safra na segunda quinzena de fevereiro.

A essa variável, Dornelles agrega o fato de o Brasil e o Mercosul trabalharem com os menores estoques das últimas décadas por causa das colheitas afetadas pelo El Niño e bons negócios prospectados para exportação. “Além disso, há um novo patamar do dólar, apesar das oscilações e um teto de R$ 3,40 a R$ 3,45, que são mais favoráveis às exportações e tornam as importações menos competitivas para o nosso mercado interno, diferentemente do que ocorria há 60 dias, quando se sinalizava um dólar em torno de R$ 3,00”, explica.

Este cenário, somado a uma nova conjuntura na estrutura política das Américas por causa da política estadunidense, com a eleição de Donald Trump, segundo o dirigente, pode alterar o fluxo de negócios nas Américas. “Um eventual ruído dos Estados Unidos com o México, pode direcionar parte da demanda do grão ao Mercosul e, assim, refletir no mercado brasileiro. Com um dólar mais favorável, é uma possibilidade que não se pode desconsiderar”, frisa.

Entende que uma própria dificuldade de diálogo dos estadunidenses com a China pode refletir no mercado arrozeiro. “Se a China direcionar maior demanda à soja brasileira ao longo de 2017, gerando valorização, para a safra 2017/18 as demais regiões do país reduzirão ainda mais a área com arroz em busca da liquidez e da receita maior, o que poderá valorizar também o nosso cereal no mercado interno”, frisa. Além disso, há uma valorização internacional do petróleo, o que amplia o poder de compra de grandes produtores da commodity que são importadores do cereal, como Venezuela, Nigéria e alguns países do Oriente Médio, por exemplo.

Dornelles reconhece que ao longo do segundo semestre houve relativa frustração do setor produtivo com relação ao comportamento dos preços. “Não esperávamos cotações tão superiores às atuais, mas projetávamos preços pelo menos acima do patamar dos R$ 50,00 por saca de arroz em casca (50kg). Isso não ocorreu em virtude de uma quebra de safra de quase 15% no Rio Grande do Sul, do comportamento do dólar e um ordenamento da demanda por parte das indústrias – que também se abasteceram do Mercosul – e do próprio varejo. A condição econômica do País gerou uma redução no consumo também de produtos básicos, refletindo ao longo da cadeia produtiva”, considera. Para ele, a safra gaúcha deve ficar em torno de 8,3 milhões de toneladas, mas com boas condições de clima doravante, pode chegar a 8,5 milhões e aproximar-se de 75% da colheita nacional de arroz.

Henrique Dornelles considera que após três anos de superávit líquido, a balança comercial do arroz vai ter um ano com pequeno déficit e as exportações brasileiras devem ficar pouco abaixo de um milhão de toneladas. “O importante é que este volume mantém o equilíbrio no mercado interno, com estoques de passagem bastante ajustados, e teremos uma safra maior na temporada 2016/17, mas ajustada à demanda interna”, destaca. Enfatiza também que os países do Mercosul encontraram outros mercados, realizaram vendas superiores às de 2015, e também devem entrar o novo ano comercial com estoques de passagem mais baixos. 

PREÇOS MENORES EM 2017

Para ele, os preços médios da próxima temporada, com recursos de pré-custeio e a dimensão de safra e mais a conjuntura do câmbio, podem ficar próximos de R$ 45,00, muito ajustados ao custo médio de produção. “O produtor que conseguir uma produtividade acima de 7,5 toneladas por hectare, tiver custos bem ajustados, poderá ter uma rentabilidade razoável. São valores superiores aos obtidos no pico da safra passada por boa parte dos agricultores e o cenário que se apresenta nos faz crer que mesmo concentrando de 70% a 75% da safra nacional, poderemos alcançar bons preços na próxima temporada”, avalia.

5 Comentários

  • Conversa mole pra boi dormir….o mercado não quer comprar e não venha com a história de que estão subindo preços na ponta…baita mentira…vai ter arroz a rodo e preços de R$ 39,00 a R$ 45,00 no máximo ano que vem…..ACORDEM!!!!

  • Os industriais, varejistas, comerciantes, corretores e até mesmo produtores pessimistas que neste espaço comentam e argumentam que reduzir área é a solução para os problemas de preço e comercialização é bom lembrar, que toda a crise financeira , política ou de outra origem, mesmo que se arraste por muitos anos e derrube muita gente boa, é trabalhando honestamente e persistindo que atravessaremos estes tempos nebulosos.
    Mudanças positivas estão ocorrendo silenciosamente nos últimos 4 anos, é o caso da soja, os produtores conscientes estão mais mais convictos do que nunca, que não dá mais para produzir arroz sem a rotação com esta leguminosa, haja visto o mar de soja que invadiu as áreas antes destinadas ao plantio de arroz. E os resultados estão prá lá de satisfatórios, aquele produtor que conseguir trabalhar com 2 cortes de lavoura soja/arroz em rotação estará ajudando de forma muito significativa na formação do preço do arroz, sem deixar de plantar e assumir atitudes anti-sociais.
    Simplesmente usará um princípio agronômico centenário, rotação leguminosa/gramínea, fórmula garantida de sucesso, o campo, a população com abundância de alimentos, e o bolso do produtor que não ficará preso a uma monocultura; todos agradecem.

  • Bom dia Sr. Antonio Paulo, concordo com o senhor, mas existe outras maneiras de expressar sua posição sem agredir a opinião dos demais participantes desse espaço. Grande Abraço.

  • Tudo isso não passa de uma bela CORTINA DE FUMAÇA ….

    Pena que muito poucos conseguem enxergar ……

    E quem não enxerga vira massa de manobra …. faz parte do jogo.

  • Em Camaquã na contra-mão dos pessimistas, o mercado está reagindo, a maioria dos grandes produtores já negociou e carregaram seus estoques para as indústria compradoras, silos vazios.
    Segundo uma corretora que negocia muito arroz na cidade, o mercado para janeiro é bem promissor para quem ainda possui algum volume, todas as industrias aqui locadas ainda estão comprando, com seus estoques de passagem de não mais de 50 dias, não atingindo o mês de março quando inicia a próxima colheita. A maior aqui localizada passou de 500.000 fardos por mês para 700.000 fardos. Mesmo que o volume a ser colhido seja normal ainda vai haver um déficit, pela falta de estoque regulador, e aumento da capacidade de transformação das indústrias locais..

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