Fenarroz não terá prejuízo
Números serão divulgados assim que balanços ficarem prontos.
Com uma dívida acumulada de R$ 1,2 milhão em suas últimas edições, a Feira Nacional do Arroz (Fenarroz) poderá não ser lucrativa em 2018, mas também não deixará prejuízo. “Na pior das hipóteses teremos um equilíbrio entre a receita e os gastos”, anunciou ontem, no último dia do evento, o presidente da feira, Francisco de Paula Vargas.
Ainda sem os balanços financeiros da 20ª Fenarroz, ele destacou que a Fenarroz 2018 tem três fontes de renda, os patrocinadores (cerca de R$ 200 mil), a venda de espaços (em torno de R$ 300 mil) e a bilheteria, que só deverá ter sua receita apresentada hoje. Os custos da feira, conforme ele, deverão girar na casa dos R$ 550 mil.
“Só com diesel para abastecer o gerador de energia do parque serão gastos em torno de R$ 70 mil”, exemplificou. “Também temos custos com as equipes de limpeza, de segurança e de manutenção do parque, além de material gráfico e publicidade”, acrescenta. Mantendo sua posição de tornar transparente as contas da Fenarroz, ele reforçou ontem que assim que receber os balanços financeiros da 20ª edição da feira, ele os tornará públicos. Ele acredita que a divulgação ocorrerá dentro de no máximo 15 dias.
FEIRA ENXUTA
Vargas se diz satisfeito com o resultado da 20ª Fenarroz. “Fizemos uma feira enxuta em custos, pois focamos em começar a pagar contas atrasadas, e para isto foi necessário cortar gastos. Não tivemos investimentos no parque e reduzimos ao máximo os custos com divulgação. Mesmo assim tivemos uma feira de alto nível e que deixou contente os expositores”, frisa o presidente.
Conforme ele, a feira teve 316 expositores e ontem ele fez visitas aos principais para fazer um balanço do volume de vendas. Ele acredita, conforme conversas que manteve com o grupo, que as vendas e negócios encaminhados atingiram R$ 220 milhões, superando a meta dos R$ 200 milhões que foi a marca registrada na edição anterior do evento, a de 2016. Segundo o presidente, cerca de 50 mil visitantes passaram pelo parque nos seis dias de evento, incluindo gratuidades, meias-entradas, expositores e demais credenciados com livre acesso.
TRÊS PERGUNTAS PARA
Francisco de Paula Vargas, presidente da 20ª Fenarroz
FALA-SE MUITO EM MUDAR O MODELO DE FEIRA USADO PELA FENARROZ, QUE É O MESMO HÁ 50 ANOS…
“O modelo usado hoje é um modelo que está dando certo e funcionando muito bem, pois os expositores estão contentes e cada vez trazem mais maquinários e equipamentos para serem demonstrados. Podemos agregar, mas a Fenarroz tem de manter seu foco, que é a vitrina tecnológica do melhor que há no mercado para a cadeia produtiva do arroz, do plantio ao beneficiamento”.
MAS HOUVE UMA REDUÇÃO DE EXPOSITORES DE EQUIPAMENTOS PARA BENEFICIAMENTO DE ARROZ…
“A redução foi em decorrência da crise do setor arrozeiro. A indústria da máquina de beneficiamento do arroz depende da renda do setor. Se o produtor vai mal, a indústria vai mal também. Mesmo assim tivemos expositores de peso voltados ao beneficiamento, como três das gigantes do mercado internacional, a Bühler, a Selgron e a Seletron”.
O QUE ESPERAR DA PRÓXIMA FENARROZ, A DE 2020?
“Uma feira que continuará sendo um patrimônio da cidade. A Fenarroz não perderá a sua identidade, que é a identidade do povo cachoeirense”.
REPERCUSSÃO
Avaliação de expositores
“A 20ª Fenarroz superou nossas expectativas de negócios e é a feira que mais nos dá retorno financeiro entre as tantas que participamos em todo o país e até fora do Brasil. Somos expositores da Fenarroz desde 1984 e voltaremos sempre. Nosso espaço para a próxima edição, a de 2020, já está reservado. Podemos abrir mão de qualquer outra feira, menos da Fenarroz, este grandioso evento e que ocorre em uma cidade acolhedora, onde nos sentimos em casa e onde temos mais que clientes, temos amigos”
SEBASTIÃO NIHUES, proprietário da unidade brasileira da indústria de selecionadoras de grãos Seletron, que fica em Blumenau (SC) /FOTOS PATRÍCIA LOSS
“Apesar dos três adiamentos da Fenarroz 2018 e de dias de frio e de chuva no decorrer do evento, tivemos uma boa feira. Percebemos a motivação dos expositores. Mesmo assim acredito que seja hora de profissionalizar a Fenarroz e de buscar uma forma da comunidade se inserir mais na organização da feira, que é uma tradição de Cachoeira do Sul. Também é o momento do arrozeiro reagir à crise de que tanto se queixa, e isso se faz aumentando a produtividade das lavouras. Os produtores devem se espelhar naqueles que conseguem colher mais de 10 mil quilos de arroz por hectare aqui em Cachoeira. Se alguns conseguem, os outros conseguem também. A cadeia produtiva precisa reagir imediatamente. O sucesso da Fenarroz depende muito deles”.
MOACIR MARZARI, sócio da indústria metalmecânica cachoeirense Agro-Pertences
“Em termos de negócios a 20ª Fenarroz ficou dentro das nossas expectativas, mas sentimos falta do incentivo dos bancos para o agricultor dentro da feira, especialmente do Banco do Brasil, que hoje é o principal agente financiador do agronegócio na região de Cachoeira do Sul. Também notamos a falta de investimento no parque, especialmente aos expositores da área externa. A construção de banheiros no pátio, que é uma reivindicação antiga, novamente não foi atendida, sendo suprida, de forma precária, com banheiros químicos. O caminho da Fenarroz é uma feira do agronegócio, que invista também em novas culturas que estão despontando em Cachoeira, com as de noz pecan e oliva”.
XAFI NAZAR, diretor da empresa de implementos agrícolas Jacuí Agrostore, de Cachoeira do Sul
“Tivemos excelentes vendas na 20ª Fenarroz. Foram quatro veículos comercializados, sendo três caminhonetas top de linha, o nosso produto de mais alto valor. Além das vendas concretizadas, deixamos outros oito negócios encaminhados. Notamos que o público da Fenarroz vem reduzindo, o que para o nosso negócio é ruim. Uma das soluções para trazer a comunidade para a feira seria investimentos em mais show nacionais e uma mostra de comércio varejista com diferentes opções de compras, afora roupas e calçados, que dominam a exposição voltada ao público que não é ligado ao agronegócio”.
LEONARDO BECKER, gerente da concessionária DR Sul Nissan, de Santa Cruz do Sul
“Profissionalizar a Fenarroz, este é o caminho para a feira se modernizar e se adequar à necessidade dos expositores e dos visitantes. A gestão do evento tem de ser entregue para um grupo empresarial especializado no agronegócio, especialmente na cadeia produtiva do arroz, do plantio ao beneficiamento. A Fenarroz precisa resgatar sua força e sua grandiosidade e novos mercados devem ser buscados, como os de genética de sementes e fertilizantes. A Fenarroz tem de ser uma feira de negócios durante a semana e uma festa para as famílias nos últimos dois dias, no caso no sábado e no domingo. A comunidade gosta de sua feira e deve ser valorizada com atrações de lazer e de cultura. Também senti falta da divulgação da 20ª Fenarroz. Praticamente nada se viu de propaganda da feira e creio que muita gente, especialmente moradores de cidades vizinhas, nem ficaram sabendo que o evento ocorreria. Por fim, saliento a louvável participação das empresas cachoeirenses na feira, a maior parte delas tendo de fazer um tremendo esforço financeiro para estar aqui simplesmente dando uma colaboração para manter acesa a chama da Fenarroz”.
JOÃO STREIT, diretor da indústria metalmecânica cachoeirense Screw