Finanças públicas não recomendam medidas como suspensão da TEC

Economista-chefe da Farsul considera equivocada uma possível decisão sobre TEC zerada para soja, milho e arroz pelo governo brasileiro.

"Essa é uma medida infeliz", afirma o economista chefe da Farsul (Federação de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Antônio da Luz, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quarta-feira sobre a declaração do Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, César Halum, sobre a medida do Governo de zerar as tarifas de importação de soja, milho e arroz pelo Brasil de países de fora do Mercosul.

Halum reconsiderou o posicionamento e reconheceu que se adiantou ao tema, ainda em debate, e divulgou nota informando que nada será feito neste sentido sem antes uma avaliação profunda de técnicos e, em especial, a aprovação do setor produtivo. Enquanto o MAPA não se posicionava, as coisas fervilhavam em Brasília (DF) e no mundo do agronegócio por conta da declaração.

Antônio da Luz afirma ainda que naquele momento, a medida parecia ter sido definida sem ao menos que os presidentes das Câmaras Setoriais fossem ouvidos, o que causou estranheza. "Se não tivéssemos ouvido o áudio do Secretário até, quem sabe, imaginaríamos que não fosse verdadeiro. Mas ouvimos o próprio Secretário fazendo essa declaração e lamentamos muito", diz.

O economista afirma que, antes de uma desautorização da informação pela ministra Tereza Cristina, se trataria de uma determinação de efeito nada producente, inócua e inoportuna quando o representante do MAPA afirmou que produtores estariam segurando produto para especular no mercado.

Explica ainda que a concentração das vendas externas que se deu no primeiro semestre deste ano se deu, entre outros fatores, pela condição favorável de câmbio e também pelos efeitos da pandemia, "que deixou muitos países desabastecidos e o Brasil os abasteceu".

ARROZ

Para o arroz, Antônio da Luz cita anos de preços abaixo dos custos de produção para os produtores do estado, de desestímulo e três anos consecutivos de redução de área e, consequentemente, de uma redução dos estoques nacionais. "Estávamos há anos anunciando que isso iria acontecer e aconteceu. Não sei qual é a surpresa do secretário", diz.

SOJA & MILHO

No caso da soja, o economista acredita ainda que não há alternativas fora do Mercosul onde o Brasil pudesse trazer produto, principalmente depois das perdas consideráveis dos EUA na safra 2019/20. Paraguai, de onde o Brasil já importou 455 mil toneladas de janeiro a meados de agosto, e Argentina estão no Mercosul e também não exigem isenção da TEC.

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