Fluxo contrário

 Fluxo contrário

Conjuntura desfavorável
deve inverter balança
comercial brasileira
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 Pela segunda vez em quatro anos, o Brasil poderá fechar o ano comercial – que vai de 1º de março de 2019 a 29 de fevereiro de 2020 – com um déficit na balança comercial do arroz. Foi deficitária a temporada 2015/16 e há previsão igual para 2018/19, mas 2017/18 teve um superávit de 865 mil toneladas e em 2016/17 a exportação foi positiva em apenas 22,7 mil. A expectativa de déficit neste ano é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que espera um saldo negativo de 400 mil toneladas em fevereiro de 2020. O ano civil, de janeiro a dezembro de 2019, também projeta o Brasil realizando mais compras do que vendas para o mercado internacional.

A expectativa é baseada em uma conjuntura de limitado volume de oferta por conta da quebra de safra em cerca 1,6 milhão de toneladas, redução da competitividade pela valorização do real perante o dólar por causa da reforma da previdência, pressão de oferta dos excedentes do Mercosul, recuperação da safra estadunidense e a prática, daquele país, de preços inferiores ao seu histórico no mercado das Américas. O Banco Central do Brasil projeta o dólar, ao final de 2019, cotado a R$ 3,80.

“Exceto em casos muito especiais, o Brasil é um exportador de oportunidade, isto é, precisa de uma conjuntura favorável para negociar maiores volumes de arroz no mercado internacional”, reconhece o CEO da Rice Brasil, Pércio Machado Greco, cuja empresa dominou as vendas de arroz em casca para a Venezuela em 2018. Por conjuntura favorável entende-se que os preços internos precisam ser competitivos, o dólar mais valorizado e o mercado internacional com maior demanda.

E esse não é o cenário do início do segundo semestre nem o quadro que se desenha para o restante da temporada. Os grandes importadores tiveram melhores safras e os estoques aumentaram, isso gera queda das compras. É importante lembrar que o mercado internacional representa 8% da produção mundial, ou 48 milhões de toneladas. Desse volume, 30% apenas é arroz longo fino, padrão produzido e consumido no Mercosul e boa parte das Américas. Com menor procura, os grandes exportadores estão revisando suas metas de embarque para baixo e o Brasil, provavelmente, terá um desempenho reduzido.

AMÉRICAS
Na nossa região de influência, os Estados Unidos colhem uma safra normal a partir de agosto – o que acirra a disputa com o Mercosul – e um quadro de crise econômica, recessão e embargos comerciais reduz a demanda de dois grandes importadores: Venezuela e Cuba. Através de uma triangulação envolvendo a compra de petróleo venezuelano, a China enviará ao país bolivariano 240 mil toneladas de arroz em casca adquiridas, em volumes iguais, entre o Uruguai e a Argentina.

Na disputa do negócio, o preço praticado pelos países vizinhos foi até 20 dólares por tonelada inferior ao do Brasil. A Argentina foi beneficiada pela desvalorização do peso frente ao dólar devido à crise econômica, enquanto o Uruguai, que é referência em arroz beneficiado, abraçou a oportunidade porque exporta 95% do que colhe e teve retração de quase 30% nas vendas internacionais no primeiro semestre.

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