Fogo na bomba
Cooperativa economiza energia e gera receita com subprodutos
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Os subprodutos do arroz não são mais um incômodo para a Cooperativa Agrícola Cachoeirense Ltda (Coriscal), uma das principais cooperativas de arrozeiros do sul do país. Soluções alternativas e um mercado aquecido de subprodutos estão gerando economia e renda alternativa à empresa. A economia se da com a geração própria de energia elétrica alternativa através do uso de um locomóvel movido pela queima da casca do arroz. A Coriscal produz 13,2 mil toneladas de casca e 2,2 mil toneladas de cinza anualmente.
O locomóvel tem capacidade para 250kVAR e há um projeto no Recoop para instalar mais um de 500kVAR, o que fará com que o engenho seja tocado em 90% por energia à base de casca de arroz. Fora dos horários de pico da industria, a geração alternativa poderá tocar toda a estrutura da cooperativa. A economia com energia chegara a 70% ao mês. Nos meses de pico de beneficiamento a estrutura tem condições de tocar metade do engenho, reduzindo em mais R$ 5 mil por mês o gasto com energia elétrica. Há economia também com lenha, que seria utilizada nos secadores de arroz pelo uso do subproduto. A cinza resultante da queima no locomóvel passa por tanques de decantação e filtros até que, limpa, retorna ao Jacuí. Os resíduos da cinza são vendidos a horticultores do município. Parte da case a e da cinza e vendida para a Dilumix, uma empresa da cidade, e a Siderúrgica Nacional, em Minas Gerais.
O APROVEITAMENTO
1. Na siderurgia a cinza é utilizada como revestimento nas canaletas, por onde os lingotes de aço saem dos fornos ainda incandescentes. O aço desliza sobre cinza da casca de arroz, até estar no ponto para ser retirado e moldado.
2. Parte da casca, in natura, é vendida para os aviários da região, utilizada como cama de pinto.
3. Utilização pelos hortifrutigranjeiros.
4. Lenha
Informação básica
Com a instalação de três indústrias que utilizam a casca como matéria-prima em Cachoeira do Sul, já começa a faltar casca na região. Atualmente o mercado chega a pagar R$ 5,00 a tonelada por um produto que até poucos anos era jogado no lixo e queimado a céu aberto, causando danos ao meio ambiente. A alternativa de misturar à terra e pouco usada porque a decomposição é muito lenta. Ao mesmo tempo em que vende o produto, a cooperativa investe em pesquisa. Um convênio foi assinado com o curso de Biologia da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) com o objetivo de pesquisar o processo de decomposição da casca de arroz e a sua utilização na adubação orgânica.
Pó de arroz ganha mercado
Para melhor aproveitar a estrutura montada e os subprodutos do beneficiamento do arroz, a Coriscal está investindo em um novo projeto que prevê a instalação de filtros para recolher o pó do descascamento do arroz. Segundo explicou o diretor da indústria da cooperativa, Verner Ricardo Iserhagen, será instalado um complexo de filtros de manga para substituir o sistema de decantação. "É um sistema de controle ambiental que separa o pó e permite vendê-lo por um valor de mercado bem superior", explicou. Além disso, a cooperativa estará eliminando o pó que escapa da indústria e polui as imediações.