Fronteira Oeste recebeu Dia de Campo Regional
Rio Grande do Sul tem hoje 7.891 lavouras de arroz e apresenta a melhor produtividade média do País, sendo responsável por 69,22% da produção nacional do cereal.
Época de semeadura, controle de plantas daninhas, nutrição equilibrada e irrigação precoce associados a uma genética responsiva ao nitrogênio, são considerados a combinação ideal para altas produtividades na lavoura de arroz. Todos esses fatores foram amplamente trabalhados na Estação Experimental da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), em Uruguaiana, na Fronteira Oeste. O Dia de Campo Regional, promovido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz, em parceria com a Fepagro e a Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, foi uma oportunidade para produtores trocarem experiências com agrônomos e pesquisadores, visando maior produtividade nas lavouras e altos rendimentos.
Mais de 300 produtores estiveram no local
Como já é tradicional no evento, a primeira das cinco estações técnicas abordou as práticas de manejo para a lavoura de arroz, focando em adubação e fertilização. "O nitrogênio é o nutriente mais limitante da lavoura e é o mais demandado pela planta", explicava aos produtores presentes, o engenheiro agrônomo do Núcleo de Assistência Técnica (Nate) de Itaqui, Gil Cunegatto. O outro engenheiro responsável pela estação, Filipe Selau, ainda ponderou: "Um aspecto muito importante é a nutrição equilibrada. De nada adianta ter uma alta aplicação de nitrogênio e ureia e limitar outros elementos importantes como o fósforo e o potássio, para ter uma alta conversão em proteína vegetal, amido, enfim, para a produção de grãos".
Na estação dois, o foco foi na irrigação, segundo recurso natural mais importante para a lavoura, atrás somente do solo. O engenheiro agrônomo, especialista na área, Élio Marcolin, enfatizou o período correto para este manejo. "O início da irrigação deve acontecer quando a planta estiver com três, ou quatro folhas, e esta lâmina de água deve ser mantida até, no máximo, em torno de 20 dias após o pleno florescimento, que se dá quando 80% das espiguetas estiverem em flor, então, contando 20 dias a partir desse período, pode-se suspender a água, deixando esta umidade disponível para a planta, ou para ser evaporada para a atmosfera para não haver nem perda de nutrientes, nem de água. Fazendo essa suspensão de água, se economiza energia, pois não há necessidade de água até o fim do ciclo", esclareceu Marcolin. O arroz é a única cultura 100% irrigada.
Engenheiro agrônomo Élio Marcolin falou sobre irrigação
Na terceira estação técnica, onde tradicionalmente aborda-se o Projeto Soja 6000 do Irga, os produtores também tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho da nova agrometeorologista do Instituto, Jossana Cera, que falou sobre as mudanças e os impactos do tempo na atual safra.
"Ainda teremos muitas chuvas de verão, mas a perspectiva é que os volumes fiquem dentro da normalidade", contou.
Ao chegar à estação de número quatro, os grupos, que foram separados por cores, recebiam instruções sobre o Projeto 10+, programa de transferência de tecnologia desenvolvido pelo Irga que visa elevar a produtividade média de arroz no Estado. ?Estamos explicando aos produtores que o projeto é baseado em princípios agronômicos, fundamentado em agronomia e não em um pacote tecnológico e que é trabalhado em cima de uma cultivar desenvolvida pelo Irga para altos rendimentos?, esclareceu o engenheiro agrônomo Pablo de Souza.
Na quinta e última estação, onde o foco foi na genética, os produtores receberam instruções sobre cultivares recém lançadas pelo Irga e puderam conhecer novas linhagens promissoras do programa de melhoramento. "Estamos expondo linhagens que ainda nem foram lançadas, visando alta produtividade com qualidade. O melhoramento está dando uma atenção muito especial para o problema do aspecto do grão, para termos um produto de boa qualidade e aparência mesmo depois de cozido, que é o que a indústria quer", Esclareceu Oneides Avozani, engenheiro agrônomo do Irga.
Cleiton Ramão, engenheiro agrônomo responsável pela coordenação das atividades da Estação Experimental da Fronteira Oeste, juntamente com uma equipe de 20 pessoas, foi um dos responsáveis pela organização do evento que reuniu mais de 300 produtores de seis municípios diferentes. Quem também comandou o Dia de Campo de Uruguaiana foi o coordenador da Regional Fronteira Oeste do Irga, Ivo Mello, que destacou a participação dos produtores nos eventos técnicos organizados pelo Instituto.
"O produtor é o alvo desses eventos e a gente observa uma presença muito qualificada e, assim, conseguimos trazer esse pessoal à discussão, conversando e tendo ideias de como trabalhar na construção de produtividade, que não acontece de um dia para o outro, temos que somar vários processos, colocar muita agronomia, muita inteligência e exercitar conceitos agronômicos para que isso resulte em produtividade", avaliou Mello.
O consultor internacional do Fundo Latino-Americano para Arroz Irrigado (Flar), Edward Pulver, que está no Estado desde a semana passada analisando as lavouras participantes dos projetos do Irga, esteve no local. "O trabalho dos extensionistas está sendo muito bom, é perceptível que teremos altas produtividades aqui. Estão acontecendo vários eventos como este com resultados altamente positivos, os profissionais apresentam as idéias e vemos que todas são elas colocadas em prática", destacou o norte-americano.
Para o produtor Sinuê Beheregaray, de Itaqui, o evento técnico promove aprendizado e reforça convicções. "O mais importante, é a conversa direta com o pesquisador, esta ponte proporcionada pelo evento é muito válida", refletiu.
O tempo contribuiu para a realização do evento
Este foi o terceiro Dia de Campo Regional do Irga realizado este ano. "Tudo aconteceu favoravelmente, foi uma área com uma representatividade boa da Fronteira Oeste, onde conseguimos mostrar para os participantes o andamento das pesquisas", declarou o presidente da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, Roberto Fagundes Ghigino. O próximo está marcado para acontecer no dia 22 em Bagé, na Região da Campanha.
Ainda durante a manhã, os conselheiros do Irga se reuniram no Tamandaré Iate Clube de Uruguaiana para apresentar projeções de colheita, fazendo um apanhado da atual safra. "Temos uma receita de quebra do ano passado e uma safra dentro da normalidade. Começamos o ano com um estoque de passagem muito baixo", avaliou o diretor comercial do Irga durante a reunião, Tiago Barata. O Rio Grande do Sul tem hoje 7.891 lavouras de arroz e apresenta a melhor produtividade média do País, sendo responsável por 69,22% da produção nacional do cereal.