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Arroz por dólar: país leva vantagem nessa troca

Números confirmam Brasil como fornecedor vital no mercado arrozeiro

A temporada de 2020/21, cujo ano safra terminará somente em 28 de fevereiro, reforça a consolidação do Brasil como fornecedor e mercado estratégico para o mundo. O país foi o oitavo maior produtor, oitavo exportador e 10º maior importador mundial, e movimentou mais de 2,8 milhões de toneladas de arroz, em base casca. Poderá chegar a três milhões de toneladas, o que representa 6,7% de todo o comércio internacional do grão.

O país é o maior produtor de arroz fora da Ásia. “Por causa dessas proporções, os movimentos no Brasil geralmente são de maiores volumes, o que levou rapidamente a superar tradicionais exportadores como os vizinhos Uruguai, Argentina e competir mais diretamente com os Estados Unidos”, explica Marco Aurélio Marques Tavares, produtor e analista de mercados.

O Brasil levou 15 anos, pelo menos, para estabelecer essa posição, que vem sendo fortalecida por um conjunto de valores como qualidade, estabilidade de oferta, evolução da logística, ações promocionais da cadeia produtiva. Como fornecedor, construiu uma posição de venda entre 350 mil e 500 mil toneladas, em média, de quebrados de arroz para a África. Evoluiu nos embarques de arroz branco de alta qualidade para mercados das Américas – em especial o Peru e Venezuela – e Oriente Médio, mas alcança vendas para mais de 100 países por ano, caso de 2020, quando a demanda mundial cresceu. Nos últimos anos a venda de arroz em casca também alcançou patamares elevados.

“Hoje, o Brasil é importante e necessário no mercado mundial. Além de absorver parte importante da produção do Mercosul, consegue ter um saldo positivo na balança comercial e atender diferentes demandas, dos quebrados ao tipo especial. É importante frisar que um dos nossos diferenciais sobre os concorrentes é a qualidade, em qualquer padrão, pois fidelizamos os clientes”, frisa o diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz/RS), Tiago Sarmento Barata. “Quem compra arroz do Brasil, sempre volta para comprar”, afirma.

“As exportações são fundamentais para estabelecer os preços internamente. Enxugam excedentes que podem ser gerados, eventualmente, pela produção ou as importações do Mercosul”, reconhece Alexandre Velho, presidente da Federarroz. “Geralmente quando os preços começam a cair demais internamente, nos tornamos muito competitivos no mercado internacional, se o câmbio ajudar, e isso gera uma trava no declínio das cotações. Não podemos abdicar nem do mercado interno e nem do mercado externo”, observa.

Sem TEC, compramos mais
A consequência da baixa disponibilidade de matéria-prima no mercado brasileiro no final de 2020 e início de 2021, e a decisão do governo federal de gerar uma isenção temporária da Tarifa Externa Comum (TEC) entre setembro e dezembro, o último mês do ano civil foi caracterizado pelo elevado volume de importações de arroz. Segundo relatório do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz/RS), com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior dezembro registrou compra de 218,4 mil toneladas (base casca), representando o maior volume importado em um mês nos últimos doze anos.

Desde o início do corrente ano comercial (março de 2020), as importações acumulam um volume de 1.140 mil toneladas, 27% (ou 245,5 mil t) a mais do que o desempenho observado no mesmo período no ano anterior. Os países do Mercosul foram naturalmente os principais fornecedores de arroz ao Brasil, liderados pelo Paraguai, que nos exportou 561,1 mil toneladas, mas, em especial nos últimos dois meses, surgiram como destaques os países de terceiros mercados como originadores de 216,5 mil toneladas. Estados Unidos, Guiana, Índia e Suriname foram os principais fornecedores de fora do Mercosul, com o incentivo de uma isenção de 10% para o arroz em casca e 12% para o beneficiado.

“Com relação às exportações, o desempenho observado no último mês deu continuidade ao movimento de redução do escoamento”, afirma Tiago Sarmento Barata, diretor do Sindarroz/RS. Foram exportadas 51 mil toneladas, o menor volume desde julho de 2019, tendo como principais destinos Gâmbia (arroz quebrado) e Peru (arroz beneficiado).

Apesar do enfraquecimento das vendas nos últimos meses, o corrente ano comercial vem até o momento com um volume de 1.667,3 mil toneladas de arroz exportado, o maior volume se comparado com o mesmo período nos últimos nove anos. O saldo da balança comercial é positivo em 527,3 mil toneladas.

“Trabalhamos com a expectativa de que o Brasil fechará o ano comercial com um volume de 1,8 milhão de toneladas de arroz exportadas, o que é muito positivo”, enfatiza.

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