Furacão Irma dificulta ainda mais recuperação econômica de Cuba

 Furacão Irma dificulta ainda mais recuperação econômica de Cuba

Orizicultura: uma das áreas prejudicadas em Cuba

Mesmo com a antecipação de colheitas antes do Irma, outras culturas, como banana e arroz, foram prejudicadas.

A economia de Cuba se depara agora com outro entrave: os danos causados pela passagem do furacão Irma. O país já enfrentava uma série de empecilhos, como cortes de ajuda da Venezuela, queda nas exportações e paralisação das reformas do governo. Além de deixar dez mortos, o fenômeno natural mais forte a atingir o país em mais de 80 anos acertou em cheio a infraestrutura cubana, causando um colapso no sistema elétrico e causando prejuízos a plantações e instalações turísticas no Norte do país. O custo da reconstrução e também das perdas de receita com turismo e agricultura — setores que ajudam a compensar parte da fraqueza econômica — se soma aos obstáculos, enquanto a ilha se esforça para pagar credores e fornecedores estrangeiros.

Cuba ainda enfrenta o embargo comercial americano, renovado pelo presidente Donald Trump horas antes do furacão. Com isso, o governo terá de se virar para adquirir material de construção para o trabalho que será necessário, já que o país permanece impedido de comprar de multinacionais que tenham negócios com os EUA.

AGRICULTURA PESA NOS COFRES PÚBLICOS

Além disso, Cuba não pode se unir ao Fundo Monetário Internacional, nem ao Banco Mundial e outras instituições regionais que concedem empréstimos de infraestrutura.

— A probabilidade de a economia continuar em recessão agora é muito maior — afirmou o economista Pavel Vidal, ex-funcionário do Banco Central cubano e hoje professor da Universidade Javeriana de Cali, na Colômbia. — Com o impacto nas instalações em lugares-chave e na infraestrutura, o turismo perderá dinamismo.

A recente expansão do setor, com alta de 23% na chegada de turistas estrangeiros no primeiro semestre, ajudou a alavancar a economia. Dados oficiais indicam expansão de 1,1% do PIB (conjunto de bens e serviços produzidos no país) no mesmo período, após recessão em 2016. No entanto, o panorama para a segunda metade de 2017 ficou mais sombrio. O presidente Raúl Castro prometeu esta semana que a infraestrutura turística vai ser recuperada antes do começo da alta temporada no fim do ano. Mas, após o Irma, os principais destinos turísticos do Norte cubano — zona paradisíaca onde ficam hotéis de quatro e cinco estrelas — ficaram cheios de árvores e postes elétricos caídos, animais mortos e imóveis destruídos. O furacão também destruiu parte do aeroporto local, que recebe mais de 485 mil passageiros ao ano.

Já os prejuízos do setor agrícola pesarão nos bolsos do governo e reduzirão o fornecimento de alimentos no curto prazo. Segundo a Azcuba, estatal responsável pela produção de açúcar, 300 mil hectares de plantação de cana foram afetados e 40% das fazendas, danificadas.

Mesmo com a antecipação de colheitas antes do Irma, outras culturas, como banana e arroz, foram prejudicadas, indicou Laura Melo, representante do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas no país.

— Algumas destas áreas estavam já seriamente afetadas pela seca — aponta.

O país precisará ainda reconstruir milhares de casas, estradas, pontes, prédios públicos e as redes elétrica e telefônica. O diretor técnico da União Elétrica de Cuba, Lázaro Guerra, afirmou que a maioria das usinas termelétricas no Norte viram seus sistemas completamente interrompidos. A recuperação seria “complexa e gradual”, indicou.

— Se este ano estimava-se um déficit orçamentário ao redor de 12%, isso sem dúvida terá aumentado com essas perdas enormes — indicou o economista cubano Omar Everleny.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter