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Produção e estoques em alta asseguram o abastecimento mundial
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A produção mundial de arroz na temporada 2010/11 aumentou 1,8%, alcançando o volume recorde de 696 milhões de toneladas em base casca, o equivalente a 464 milhões de toneladas de grãos beneficiados. Foram 13 milhões de toneladas (casca) a mais do que no ciclo 2009/10, segundo levantamento da Agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU). A agência prevê um acréscimo ainda maior na safra mundial 2011/12, de 2,6%, o que determinará um novo recorde produtivo, de 713 milhões de toneladas de arroz em casca ou 476 milhões de toneladas do branco.

Segundo Patrício Méndez del Villar, analista do Centro de Co-operação Internacional de Pesquisa  Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França, esta tendência é favorecida pelo crescimento de área produzida em praticamente todas as regiões arrozeiras do mundo, graças a uma expansão das áreas de cultivo, que em 2010/11 alcançaram cerca de 162 milhões de hectares semeados. A Ásia, onde 90% do arroz mundial é produzido e consumido, puxa esses indicadores para cima, especialmente em países como a China, a Índia, Indonésia e Bangladesh, que registram consumo alto e vivem um ciclo de recuperação de seus estoques internos após sucessivas perdas climáticas em suas safras. Estes quatro países totalizam dois terços da produção mundial.

Segundo Villar, em 2010 o comércio mundial foi ampliado em 6%, movimentando 31,4 milhões de toneladas de arroz beneficiado, perante as 29,6 milhões de toneladas registradas em 2009. “Para 2011, a previsão da FAO é de que o fluxo do comércio internacional permanecerá relativamente estável, em 31,8 milhões de toneladas”, cita o analista. Com as safras crescentes, a demanda global será amplamente atendida.

ESTOQUES

Em 2010/11, graças à evolução produtiva da Ásia e também do Mercosul, os estoques mundiais de arroz aumentaram 4,6%, para 132,3 milhões de toneladas, diante das 126,6 milhões de toneladas alcançadas em 2009/10. “Essas reservas representam 30% das necessidades mundiais”, assegura Patrício Méndez del Villar. Ainda de acordo com o especialista, para 2011/12 é projetado um estoque mundial de 136,7 milhões de toneladas, ou 3,3%. 

O fator Ásia

A instabilidade gerada pelas eleições tailandesas foi a novidade dos últimos meses. Uma proposta do candidato de oposição de aumentar os preços pagos aos produtores em até 40% elevou as cotações asiáticas e ampliou a expectativa sobre os volumes comercializados.

Também repercutiu nas cotações internacionais o estoque mais ajustado dos Estados Unidos por causa das inundações de áreas de cultivo, que atrasaram o plantio e inviabilizaram a semeadura em algumas áreas.  A expectativa se concentra em agosto, quando a colheita começa. 

O crescimento produtivo na Ásia e no Mercosul, bem como a tendência de estabilização das importações da África – que importa dois terços de todo o comércio mundial – pelo aumento da área semeada e a evolução produtiva,  são fatores que mantêm o arroz num viés diferente das altas recordes das commodities agrícolas no mercado internacional, desde a crise de 2008, neste primeiro semestre de 2011.

A analista sênior do mercado de arroz da FAO, Concepción Calpe, reconheceu em uma análise de mercado que as boas reservas de arroz garantem o abastecimento e não permitirão que o cereal acompanhe os patamares do comportamento altista visto em outros grãos, como o milho, o trigo e a soja.

A exceção seriam medidas que impactem de forma mais aguda os preços na Ásia, principalmente na Tailândia, o maior país exportador do mundo, e no Vietnã, o segundo maior, onde a safra também aumentará. Em contrapartida, China e Índia, maiores produtores e consumidores do grão, terão safras abundantes em 2011/12. No caso da Índia, espera-se a volta às exportações.

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