Governo da Tailândia proíbe segunda safra no Noroeste do País

Barragens com pouco volume de água, além de preços baixos e estoques altos são as razões.

Com o risco de desabastecimento de água para a população, o governo da Tailândia e as autoridades provinciais proibiram o cultivo de arroz em segunda safra em boa parte da região Noroeste do País. Estima-se que a região poderia produzir perto de um milhão de toneladas. Os reservatórios com baixo volume de água são a principal causa. A recomendação do governo é de que adotem cultivos não irrigados, como verduras, legumes, milho e sorgo. A recomendação não agradou aos agricultores, que dominam a arte de cultivar arroz e têm, na segunda safra, a garantia de parte de sua renda anual e da própria subsistência.

A proibição do governo ocorre com uma crise de preços internacionais e domésticos acentuada, que exigiu do governo militar tailandês o anuncio de um sistema pesado de subsídios para garantir as cotações internas. Desde 2011 a Tailândia vive às voltas com um estoque muito elevado de arroz, quando decidiu não exportar para forçar uma alta de preços no comércio internacional. Sem estrutura adequada de armazenagem, os tailandeses não só viram os preços seguirem em declínio como perderam mercados internacionais e criaram cotações internas artificiais. A situação desencadeou uma crise interna e protestos dos agricultores que derrubou o governo e resultou em mais de 8 milhões de toneladas de grão impróprio para o consumo.

Ainda com estoques altos, apesar de promover a venda destes estoques antigos para produção de etanol e ração animal por preços muito baixos, a Tailândia tenta conter o avanço da produção de arroz para equilibrar o mercado. Como no país o arroz não é apenas alimento, mas poder, respaldo político, sobrevivência de milhões de famílias e religião, a missão é muito mais complexa do que se imagina. Um plano de conversão de culturas tem sido divulgado pelo governo central, mas com baixíssima adesão porque as alternativas não asseguram a mesma renda nem a segurança alimentar dos produtores.

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