Governo do Estado e Vietnã encaminham acordo de cooperação para produção de arroz

Com uma história de mais de três mil anos no cultivo do arroz, o Vietnã produz comercialmente há mil anos e é o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de arroz do mundo.

O estabelecimento de um acordo de cooperação técnica entre o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Academia Vietnamita de Agricultura e Ciência é um dos resultados da visita feita ao Vietnã pelo presidente do Instituto, Claudio Brayer Pereira. À convite da Embaixada daquele país, Pereira integrou uma comitiva composta por deputados estaduais, empresários, representantes do Governo do Estado, do Judiciário e de universidades federais.

Com uma história de mais de três mil anos no cultivo do arroz, o Vietnã produz comercialmente há mil anos e é o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de arroz do mundo. O acordo de cooperação técnica entre as instituições será voltado à transferência de tecnologia em diversas áreas como germoplasma, melhoramento genético e manejo.

Atualmente, segundo o presidente do Irga, o Vietnã deseja diminuir a dependência das variedades híbridas da China, uma vez que toda a produção de arroz do país depende disso. Um projeto da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) visa resgatar variedades tradicionais que possam ser multiplicadas, garantindo ao produtor sua própria semente. "O Vietnã detém o conhecimento de uma cultura milenar e tem um banco genético importante. É preciso avançar em melhoramento genético", acredita Pereira.

Essa é uma das contribuições que o Irga pode dar após o acordo de cooperação técnica. "Temos um programa avançado de melhoramento genético, que ao longo dos anos vem permitindo o aumento da produtividade das lavouras", completa o presidente.

Em contrapartida, o Vietnã coloca à disposição sua experiência em produção agroecológica, pesquisa em germoplasma e manejo. O país tem uma área de sete milhões de hectares de arroz irrigado com um clima que permite duas colheitas por ano. "Num país do tamanho do RS, plantam uma área sete vezes maior que a nossa e colhem 40 milhões de toneladas", diz o presidente do Irga. Aqui no Estado, a estimativa de produção para este ano é de 9 milhões de toneladas.

A proposta é buscar essa experiência, pesquisar e adaptar as soluções ao sistema gaúcho de produção, que hoje é um modelo baseado no sistema americano. Em todo o mundo, 95% dos sistemas de produção de arroz são no modelo utilizado no Vietnã. "Atualmente, nossos problemas de produção, custo e comercialização se devem a isso. Nossa lavoura é cara. O Vietnã, apesar de ter uma escala menor do que a nossa em termos de tamanho de lavoura, pode nos dar exemplos mais eficientes, dependendo menos de insumos".

O Irga dará atenção especial aos pequenos produtores, que correspondem a 70% do total no RS, buscando alternativas de produção que possam ser adaptadas a essas lavouras. "Um fato muito importante constatado lá é a economia de água. Eles usam técnicas que permitem usar pouca água. É isso o que pretendemos: de uma região em que a cultura do arroz é milenar, podemos trazer soluções para a nossa lavoura centenária", explica Pereira. Na próxima semana, a equipe técnica do Irga vai elaborar um documento que será remetido à avaliação da Academia Vietnamita para, então, ser assinado o acordo.

Estado tem chance de exportar máquinas
Outra perspectiva que surge a partir dessa visita ao Vietnã é a exportação de máquinas agrícolas pela indústria gaúcha. Os vietnamitas, a exemplo da modernização que ocorre em toda a infraestrutura do país, querem aprimorar também o parque tecnológico da lavoura de arroz e da agricultura como um todo. Isso significa uma oportunidade para a indústria exportar tratores, implementos e, inclusive, equipamentos de secagem e armazenagem, já que hoje os sistemas em operação são primários e operados pelas próprias famílias.

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