Governo japonês recorre aos estoques de arroz em meio à alta dos preços

(Por Planeta Arroz) O ministério da agricultura do Japão anunciou que vai liberar 210.000 toneladas de arroz das reservas do governo para lidar com os altos preços que estão afetando a economia local. Esta é a primeira vez que o arroz estocado será liberado especificamente para estabilizar o fornecimento. O Ministro da Agricultura japonês, Taku Eto, disse em uma entrevista coletiva após uma reunião do Gabinete na sexta-feira que a distribuição começará já em meados de março, com a possibilidade de novos aumentos, se necessário. Espera-se que o arroz estocado chegue às prateleiras das lojas entre o final de março e o início de abril.

Esta decisão segue um forte aumento nos preços do arroz no varejo, que atingiram recordes na semana que terminou em 26 de janeiro.

Devido à escassez de oferta, os preços do mercado spot para transações no atacado aumentaram, com o preço do arroz Niigata Koshihikari, uma variedade de arroz renomada conhecida em todo o Japão, aumentando em 80% desde o outono de 2024, informou o Nikkei. Eto disse que espera que a liberação do arroz reservado traga o mercado de volta ao normal.

A liberação será conduzida por meio de licitação, com uma alocação inicial de 150.000 toneladas. As liberações subsequentes serão determinadas com base no estado da distribuição de arroz. O processo de licitação será aberto aos principais distribuidores de arroz, informou o Nikkei.

O Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca mantém uma reserva de 1 milhão de toneladas de arroz para emergências como quebras de safra, de acordo com a emissora pública NHK .

No passado, as reservas de arroz eram liberadas apenas em resposta a colheitas ruins ou desastres. No entanto, o ministério relaxou sua política no mês passado, permitindo a liberação de arroz estocado para conter a alta dos preços.

Apesar do aumento na colheita de arroz para 6,79 milhões de toneladas em 2024 — um aumento de 180.000 toneladas em relação ao ano anterior — os suprimentos ficaram aquém da demanda das famílias e da indústria de restaurantes.

No final de dezembro, os principais distribuidores garantiram 210.000 toneladas a menos de arroz em comparação ao ano anterior. Embora o motivo exato permaneça incerto, o ministério da agricultura aponta para a acumulação de atacadistas e fazendeiros esperando novos aumentos de preços como o principal fator. Autoridades alertaram que se a situação continuar sem controle, o arroz — um alimento básico — pode se tornar um alvo para especulação financeira.

Especialistas acreditam que a decisão do governo de liberar o arroz estocado tem como objetivo conter a atividade especulativa. O ministério da agricultura planeja monitorar de perto o impacto dessa medida nos preços.

Embora especialistas esperem que o aumento da oferta reduza os preços no curto prazo, eles alertam que os ajustes de mercado ao longo do tempo podem diminuir a eficácia da política no médio a longo prazo.