Governo não tem critérios para vender estoques
Por Carlos Cogo
No dia 9 de maio, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, afirmou que governo está atento a alta dos preços do arroz e pode realizar leilões dos estoques oficiais, de 1 milhão de toneladas, quando os preços ao produtor no Rio Grande do Sul ultrapassar os R$ 34,00 por saco de 50 Kg. Hoje o preço médio é de R$ 33,66 por saco de 50 Kg.
Uma ação do governo só seria oportuna se houvesse risco de desabastecimento ou aumento explosivo de preços. Mas nenhuma dessas situações está ocorrendo. Sabe-se que o Brasil não conta com uma Política Agrícola de longo prazo, que permita aos produtores, agroindústrias e demais agentes de mercado efetuaram um planejamento de áreas de cultivo, investimentos, margens de rentabilidade, seguro rural e mecanismos de sustentação de preços e de intervenção nos mercados, sejam para evitar baixas ou altas consideradas inadequadas.
Temos apenas os Planos de Safras, muitas vezes anunciados depois que o produtor já comprou todos os insumos e já tomou suas decisões para a safra que vai plantar. Que preço o arroz deve atingir para o governo intervir e não permitir mais baixas? Tecnicamente, é o Preço Mínimo, sem reajustes há mais de 6 anos, completamente defasado, hoje de R$ 25,80 por saco de 50 Kg.
Mas qual o preço que o arroz deve atingir para o governo intervir, vender seus estoques e controlar altas consideradas exageradas ou especulativas ou para evitar desabastecimento? Ninguém sabe. Em 2012, o governo só iniciou os leilões quando o preço se aproximou dos R$ 40,00 por saco de 50 Kg e não foi reportada queda acentuada de consumo naquele período. Então, qual o critério para estabelecer os R$ 40,00 por saco de 50 Kg ou os R$ 34,00 por saco de 50 Kg?
Em anos anteriores, o governo utilizava o PLE – Preço de Liberação de Estoques. Nestas regras, está definido que “a intervenção do Governo na comercialização de produtos de origem agropecuária, mediante a compra. A venda, a importação, a exportação e o financiamento à comercialização e a estocagem, reger-se-á pela legislação e normas da Política de Garantia de Preço Mínimo, pelas Leis nº 8.171, de 17.01.91, e 8.174, de 30.01.91, pelo art. 36 da Lei nº 8.177, de 01.03.91, pelos dispositivos legais que regem o comércio exterior e pelas regras previstas nesta portaria.” Diz ainda: “Para atender ao disposto no artigo 3° da Lei nº 8.174, de 30.01.91, será fixado um parâmetro denominado Preço de Liberação dos Estoques Públicos – PLE, que se constituirá no referencial para o início e para a suspensão da intervenção do governo no mercado.”
Segundo as regras, “o PLE será calculado tomando-se como referência uma série histórica de preços reais de mercado, em nível de atacado, nas principais praças de comercialização de cada produto. O PLE será formado pela: I – Média móvel dos preços reais de uma série mínima de 48 (quarenta e oito) e máxima de 60 (sessenta) meses consecutivos, considerada até o penúltimo mês anterior ao de cálculo do PLE, admitindo-se a exclusão simétrica dos cinco maiores e cinco menores preços da série; e, II – Margem percentual de até 15% (quinze por cento) para contemplar o custo de estocagem até a entressafra, as políticas de fomento à produção e as perspectivas de mercado a cada ano.” Se são esses os critérios estabelecidos, eles devem ser cumpridos pelo governo.
Não basta citar um preço qualquer e definir o momento de venda dos estoques públicos a esmo. Muito em breve, o governo federal deverá exaurir seus estoques de arroz, como ocorreu com o trigo e o milho em 2012. E terá grandes dificuldades para recompor os estoques de arroz no país e intervir neste mercado, a não ser através de redução temporária de alíquotas de importação, como está fazendo neste ano nos mercados de trigo e de algodão. Leilões de arroz neste momento só gerariam mais desestímulo em um setor que acumula uma queda de área de 39% no Brasil desde 2005.
* Consultor
5 Comentários
Sr. Cogo: somos governados por pessoas muito inteligentes. Eles somente não estão informados que na época dos R$25,80 o diesel era R$1,20/l o adubo R$550,00/ton. Será que eles acham que os arrozeiros são palhaços? Os avanços tecnológicos nos livraram de sermos reféns de arroz na várzea. Hoje temos soja com boa rentabilidade. A persistir a situação de falta de renda para o produtor de arroz, em 2050 o brasileiro vai estar comendo arroz de fukuchima, arroz tailandes com metais pesados, etc, etc.
os iluminados de brasiia nao sabem que estoque eles tem ,, so conhecem arroz na panela ja cozido, mas preferem caviar,trufas etc… a realidade deles é muito diferente da nossa são 2 brasis…
Se eles abrirem mão dos estoques Agora as tradings levam tudo e tiro no pé de quem quer baixar o preco do arroz.
Temos que vender arroz a 40 para começar a pagar as dividas, chega de exploração.
O governo, como sempre pisando na bola.
1.º ele e depois ele.
O produtor fica sempre na corda bamba.
Senhor Carlos Cogo, por acaso fez os cálculos dentro destas diretrizes que nos reporta …