Grão de RESPEITO
O arroz obteve o melhor resultado dos grãos plantados no RS nesta safra
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A safra de verão 2007/2008 foi a segunda maior da história do Rio Grande do Sul e a melhor em preços pagos ao produtor. Os números finais da colheita dos principais grãos cultivados no estado, soja, arroz, milho, feijão e trigo, divulgados em junho, totalizaram 20,5 milhões de toneladas. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Agricultura, o valor bruto gerado no campo foi de R$ 14,6 bilhões. A diferença positiva de R$ 5,1 bilhões é 54% superior ao registrado na safra passada (R$ 9,44 bilhões) com a colheita dos principais grãos plantados no RS.
O arroz obteve o melhor resultado dos grãos plantados no Rio Grande do Sul nesta safra. Pelo quinto ano consecutivo a produtividade ficou acima das seis toneladas por hectare, sendo a melhor da história. “A safra gaúcha é recorde em todos os sentidos”, avalia o diretor-técnico do Irga, Valmir Menezes. “Pela primeira vez atingimos o patamar de sete toneladas por hectare e uma produção de sete milhões de toneladas. Com isso o RS já responde por quase 60% da produção nacional. É um marco porque nunca atingimos esse patamar”, observa.
Os preços pagos ao produtor igualmente são os melhores já verificados no estado em dólar. O valor da saca de 50 quilos de arroz está em R$ 33,55 em média, 44,9% acima do que estava nesta mesma época no ano passado, valor que oscila próximo de 20 dólares.
Para Menezes, o desempenho obtido nas lavouras gaúchas atende às expectativas do Governo e de organizações internacionais, como a ONU e a FAO, no que diz respeito à produção de alimentos para suprir a demanda mundial. “O maior referencial desta safra é mostrar que os agricultores gaúchos estão cumprindo à risca a determinação de produzir alimentos e a preços mais baixos”, destaca.
Estudos realizados pelo Irga mostram que algumas regiões do estado apresentaram variações em termos de produtividade. “Tivemos alguns problemas durante a safra, como, por exemplo, uma queda de produtividade na região litorânea, que ainda assim foi menor em relação à safra passada. Então crescemos em um ano que não foi tão bom. Por outro lado produzimos igual ou um pouquinho superior na depressão central e na fronteira-oeste, o que ajudou a compensar as perdas”, avalia Menezes.
Outro aspecto importante a ser considerado na análise da safra gaúcha, conforme o diretor-técnico do Irga, é o desempenho de alguns materiais desenvolvidos pelo instituto. “Alguns produtores da região da fronteira e da depressão central obtiveram médias de produtividade acima de 10 toneladas por hectare em áreas grandes. Na campanha, em municípios como Dona Francisca, os produtores fecharam com 8.300 quilos de média. Em Agudo foram 7,6 toneladas por hectare. Isso significa que ainda temos espaço no Rio Grande do Sul para aumentar a produtividade”.
CRONOGRAMA – Para a próxi-ma safra a estimativa do Irga é de um crescimento de 5% em produtividade, conforme a meta estabelecida pelo programa Arroz RS. “Com isso o Estado deverá alcançar, daqui a três safras, 7,5 toneladas. Pode ser que o clima nos pregue alguma peça e haja um recuo, mas em princípio não é isso que se espera”, pondera Menezes.
Na prática, o Irga está adiantado um ano nas metas de produtividade previstas no programa Arroz RS. O programa prevê a produção de uma tonelada por hectare a mais durante os quatro anos da atual gestão do Governo Estadual, o que repre-sentaria no final uma produtividade próxima de 7,5 toneladas por hectare. “Já nesta safra atingimos sete toneladas por hectare. Para o próximo ano devemos atingir 7,25 toneladas por hectare”, projeta o diretor comercial e industrial do instituto, Rubens Silveira.
FIQUE DE OLHO
LIÇÃO DE CASA – Para os três meses que antecedem a semeadura a recomendação do diretor-técnico do Irga, Valmir Menezes, é fundamentalmente melhorar a questão do preparo do solo e a drenagem. “Os agricultores precisam se dedicar, não importa se vai ser dentro d’água ou no seco, se vai ser com uma grade, um trilho ou uma plaina. A grande tarefa no próximo período é incorporar a soca e deixar o solo preparado para a próxima safra. Em relação à adubação a mensagem para os agricultores é que reduzam a área, mas não reduzam o adubo. Os solos são pobres, então devemos ser mais pontuais neste aspecto”, aconselha.
ÁGUA – A expectativa de uma safra cheia em 2009 deve levar em conta uma variável fundamental quando se trata de arroz: a questão da água. Valmir Menezes ressalta que a preocupação maior é com a região da campanha e fronteira. “Até a depressão central está bem de água e a maioria dos açudes já está completa”. Ainda assim ele observa uma melhora na fronteira, sobretudo na região de São Borja, Itaqui e parte de Uruguaiana e Alegrete. O problema, segundo ele, é mais acentuado na região de Barra do Quaraí, Livramento, Dom Pedrito e Alegrete e parte de Rosário. “Nessas áreas temos algum déficit maior de chuva, mas ainda não se pode afirmar que vai haver redução de água no RS”, completou.
EVOLUÇÃO – O tema, aliás, foi um dos principais assuntos debatidos no 11º Seminário Lavoura em Evolução, realizado no final de julho em Dom Pedrito. O evento teve como enfoque o investimento em barragens como forma de diversificar a matriz produtiva e estimular o cultivo de arroz na metade sul do estado. “Estamos limitados na questão da água. As barragens geram emprego, renda, fixam o homem no campo e minimizam a migração”, avaliou o presidente da Federarroz, Renato Rocha.
Ele enfatizou a necessidade de investimentos nessa área para reservar a água das chuvas de inverno como forma de garantir fartas colheitas no verão. Para Rocha, além de potencializar a produção de arroz e garantir o abastecimento das comunidades, as barragens abrem espaço para que outras culturas irrigadas, como a fruticultura e a horticultura, sejam exploradas em grande escala. Na bacia do Rio Santa Maria existem projetos de 12 grandes barragens. Duas delas devem ser iniciadas ainda em 2008: Taquarembó, em Dom Pedrito, e Jaguari, em Rosário do Sul.