Greenpeace diz que a China produz arroz transgênico ilegal e contamina sua produção

ONG afirma que as conseqüências do arroz transgênico para o meio ambiente e a saúde humana ainda não foram avaliadas.

O Greenpeace denunciou ontem, na China, o plantio ilegal de uma variedade de arroz chinês transgênico e exigiu sua imediata retirada do mercado internacional. As conseqüências do arroz transgênico para o meio ambiente e para a saúde humana não foram avaliadas e as exportações chinesas de arroz podem ter sido contaminadas pela variedade ilegal.

A equipe de investigação do Greenpeace descobriu um arroz transgênico sendo cultivado e comercializado ilegalmente, sem registro junto às autoridades daquele país, na província chinesa de Hubei. Produtores de semente e agricultores afirmam que as sementes foram cultivadas nos últimos dois anos.

Amostras coletadas em empresas de sementes, cerealistas e fazendas foram testadas pelo laboratório internacional Genescan que confirmou a presença de transgênicos em várias amostras. O Ministério da Agricultura da China afirmou em nota que abriu uma investigação por meio da Secretaria de Agricultura da Província de Hubei, e que medidas serão tomadas de acordo com a lei chinesa de biossegurança.

“As corporações de transgenia estão fora de controle, somos suas cobaias”, disse Sze Pang Cheung do Greenpeace China. “Um pequeno grupo de cientistas está brincando com o mais importante alimento do mundo e sujeitando os consumidores chineses a um inaceitável experimento” completou.

As amostras analisadas e os relatórios de campo apontam para um arroz inseticida, modificado geneticamente para produzir uma toxina da bactéria Bacillus thuringiensis, Bt, que confere à planta resistência a insetos. Os técnicos do Greenpeace estimam que entre 950 a 1200 toneladas de arroz transgênico foram colhidos no ano de 2004, e que mais de 13.500 toneladas podem entrar no mercado esse ano se nenhuma ação for tomada.

De acordo com a cientista da Unidade Científica do Greenpeace Internacional, Dra. Janet Cotter, esse problema exige do governo uma medida imediata, “existem evidências muito fortes de que o arroz transgênico Bt pode causar reações alérgicas no consumidor. Já foi demonstrado que a proteína inseticida (chamada Cry1Ac) pode ter induzido à reação alérgica em ratos (1). Até o momento, não existe nenhum teste de segurança com o arroz transgênico Bt realizado em seres humanos”.

“O total descontrole sobre a introdução de plantas transgênicas, como fica mais uma vez evidente, mostra os graves riscos que o meio ambiente e os consumidores estão correndo”, disse o engenheiro agrônomo do Greenpeace Brasil, Ventura Barbeiro. Para ele, esse caso de contaminação lembra a incapacidade de os governos brasileiro e norte-americano em lidar com a introdução ilegal de sementes transgênicas.

“Nos Estados Unidos, em 2001, houve a necessidade de recolher o milho StarLink que causou graves problemas e, em 2005, surge o escândalo da comercialização acidental de uma variedade de milho não aprovada nos EUA e de arroz na China. Ao longo de sete anos, o governo brasileiro mostrou uma total incapacidade de lidar com a contaminação genética, pois até hoje não houve a realização de um estudo de impacto ambiental da soja transgênica”, completou Barbeiro.

O milho transgênico StarLink, apesar de autorizado apenas para consumo animal, contaminou toda a cadeia de produção de alimentos norte-americana, obrigando a retirada de mais de 200 marcas de alimentos dos supermercados. Isso causou um prejuízo de mais de um bilhão de dólares. A denúncia de comercialização “acidental”, durante quatro anos, de uma variedade de milho transgênico não autorizado, produzido pela Syngenta foi feita este ano. A possibilidade de contaminação do milho exportado à Europa gerou fortes reações por parte da União Européia.

Esse caso de contaminação na China poderá causar graves problemas para os exportadores chineses segundo Sze, “A china é o maior exportador de arroz do mundo e nossos clientes como Japão, Coréia, Rússia e Europa têm forte rejeição aos alimentos transgênicos”.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter