Hora da decisão
"Cada produtor deve buscar suas respostas com base nas informações que dispõe e que pode acessar"
O mês de agosto, popularmente considerado de azar, é crucial para a orizicultura brasileira. Costuma ser o mês onde o viés de mercado muda, geralmente para cima, mas é também quando o orizicultor da Região Sul precisa tomar sua decisão sobre a dimensão da sua lavoura e, a partir daí, comprar insumos, planejar armazenagem e cada operação.
Em 2009 o produtor foi especialmente pressionado nesta tomada de decisão, pois apesar de boas referências como os baixos estoques nacionais – e do Mercosul -, dos recordes em exportação, de mais apoio governamental para a comercialização, houve a concentração dos vencimentos de dívidas históricas renegociadas, custeio da safra e EGFs, e muitos também precisaram ofertar produto para a compra de insumos.
Com os custeios da próxima safra já em fase de liberação pelas instituições financeiras, muita gente também se apressou em buscar liquidez para pagar o custeio passado e contratar o novo. Só que isso tudo afetou os preços internos, derrubou o mercado e afetou a própria tomada de decisão.
O clima também está preocupando no Rio Grande do Sul e os preços da soja e do milho podem mudar o perfil de produção do Mato Grosso para 2010, mesmo com ganhos em tecnologia no Centro-oeste.
Diante deste impasse, o que fazer? Não há uma resposta pronta que valha para todos. Cada produtor deve buscar suas respostas com base nas informações que dispõe e que pode acessar. Deve dimensionar sua capacidade de endividamento, de produção, in-formar-se sobre o clima e fatores que devem interferir em sua lavoura, aplicar o máximo de tecnologia ,para obter maior produtividade nos mesmos espaços – o que não quer dizer desperdiçar, mas buscar a eficiência nas operações.
Dimensionar a água para a irrigação é fundamental, mas o mais importante é perceber que o mês de agosto, apesar de um mês historicamente complicado, é aquele que dá ao agricultor a oportunidade de decidir seu futuro. E isso passa, obrigatoriamente, pelo planejamento.
Atualmente, planejar e dimensionar a lavoura, avaliar custos e identificar perdas é tão importante para o produtor de arroz quanto as operações práticas de semeadura e colheita. No planejamento da lavoura, que passa por todas as fases ope-racionais, a partir da projeção dos custos, financiamentos e compra de insumos, pode estar a diferença entre lucro e prejuízo na hora da comercialização.
Esta é uma lição que muitos produtores aprenderam na marra. Quem não aprendeu ainda está fora do agronegócio arroz ou pelo menos já andou uma boa parte da estrada neste sentido.
Boa leitura, boa safra!