IAC realiza curso sobre água e nascentes

O objetivo é capacitar profissionais, agricultores rurais e demais pessoas ligadas à agricultura, ecologia e recursos hídricos para produzir mais água, recuperando a capacidade de preservá-la ao nível da propriedade rural, da bacia hidrográfica e do município.

Em tempos em que estudos apontam para o risco de a água doce se esgotar no futuro, saber como preservá-la torna-se essencial. Com o objetivo de contribuir nesse cenário, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) irá realizar o II Curso Extensivo de Produção de Água, Recuperação e Preservação de Nascentes, de 19 a 22 de outubro de 2010, na Sede do IAC, em Campinas.

O objetivo é capacitar profissionais de nível técnico e superior, agricultores rurais e demais profissionais ligados à agricultura, ecologia e recursos hídricos para produzir mais água, recuperando a capacidade de preservá-la ao nível da propriedade rural, da bacia hidrográfica e do município. Afinal, sem água doce, inviabiliza-se a vida no planeta. Além de palestras, o evento terá visita à nascente na cidade mineira de Extrema, no dia 22.

De acordo com o pesquisador do IAC e organizador do curso, Rinaldo de Oliveira Calheiros, atualmente, grande parte das nascentes estão afetadas por degradação física, poluição ou tratamento incorreto. Segundo ele, o meio rural é o que mais degrada as nascentes e polui suas águas, por fatores como erosão, aplicação de defensivos agrícolas de forma errada, uso de fertilizantes em doses exageradas e contaminação e pisoteio gerados pelo gado. Já as áreas urbanas poluem com maior intensidade os corpos d’água, principalmente com o despejo de esgoto doméstico.

Ainda assim, de acordo com Calheiros, é possível amenizar a situação. “Se fossem realizadas as práticas de proteção de forma correta, as nascentes não seriam tão prejudicadas. Um exemplo simples é cercar a nascente de uma propriedade que tenha gado, para que ele não pise e não polua o local”, afirma. Por isso, é fundamental que instituições de pesquisa como o IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, transfiram ao meio rural informações técnicas precisas e de fácil aplicação prática e que possam contribuir para preservar os mananciais. “Nesse curso, o enfoque é a produção de água, processo no qual a nascente, embora de importância fundamental, é apenas um dos elementos hidrológicos que deve ser considerado. De forma didática e sequencial, ensina-se a produzir água”, diz o pesquisador.

Porém, o meio rural não é o único ‘vilão’ da água. “Muito pelo contrário, uma vez que é quem produz a água, o meio urbano não produz, a sua maior contribuição é minimizar suas ações que provocam a diminuição da qualidade da água”, complementa. O pesquisador alerta para a poluição gerada nas cidades, onde esgoto, lixo e aterros sanitários afetam os mananciais. “Diferentemente do meio rural, o urbano contamina diretamente os corpos d’água, como são conhecidos os rios e córregos”.

O problema da escassez de água vem registrando índices preocupantes nos últimos anos. A vazão da bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba, por exemplo, chegou a apenas 1/3 da vazão normal no período de estiagem em 2003. Além disso, o volume de água armazenada do sistema Cantareira – um dos maiores sistemas de tratamento de água no Brasil, atendendo a quase 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo — caiu para 1,6%, quando o ideal seria de, no mínimo, 70%. Esta enorme queda de escoamento dos rios de inúmeras regiões do País está associada não só à estiagem, mas também à pobre conservação da água e dos solos, chegando, muitas vezes, até ao secamento completo das nascentes e rios.
Diante desse quadro, o Estado de São Paulo vem mostrando reação para o problema das nascentes.

A Secretaria do Meio Ambiente e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento lançaram programas de preservação, como o projeto Adote uma Nascente, que visa incentivar a proteção dos recursos hídricos por meio da identificação das nascentes e compromisso de proteção com as mesmas. No entanto, o pesquisador frisa que para se reverter significativamente o quadro de degradação são necessárias ações como recuperação da cobertura vegetal no entorno das nascentes, combate ao assoreamento causado pela degradação dos solos de meia encosta e cuidados com o uso dos agroquímicos, principalmente nas áreas de recarga e de lençóis mais próximos da superfície e no entorno das nascentes.

O pesquisador ressalta que o que mais falta é conhecimento e educação ambiental. “Em grande parte, as nascentes estão degradadas não por desleixo ou vandalismo do agricultor e sim pela carência de informações técnicas e de alerta para a importância de preservá-las. Isso se combate com capacitação e educação ambiental”, diz Calheiros, com base em experiência de 54 cursos de preservação e recuperação de nascentes já ministrados em 27 municípios, só nas bacias hidrográficas do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí). “Na realidade, se o assunto é velho, a preocupação efetiva com a preservação da água é muito nova, incluindo os conceitos, as técnicas e até o termo ‘produção de água’, finaliza.

O curso

Nos dias 19, 20 e 21, o público participará de palestras sobre produção de água, recuperação e preservação de nascentes, na Sede do IAC. As apresentações serão feitas nos três primeiros dias do evento, com total de 33 horas/aula. O curso inclui visita à Extrema, localizada no Sul de Minas Gerais, para conhecer um trabalho pioneiro no Brasil de preservação de nascentes e que serve de modelo para outros Estados.

Trata-se do Projeto Conservador de Águas, que leva fiscais da Prefeitura Municipal e da ONG TNC para cada propriedade rural da cidade. Lá, analisam a região, fazem replantio de árvores, cercam a área e recuperam a nascente. Não bastasse isso, paga o agricultor para preservar o que foi recuperado. Para Calheiros, esta é uma forma inteligente de se incentivar as práticas corretas com as nascentes. “Isso motiva a todos, pois o único trabalho que o agricultor passa a ter é manter uma situação boa deixada pelos agentes da Prefeitura. Com isso, o agricultor vira também um produtor de água”, relata.

Para participar, os interessados devem se inscrever até o dia 10 de outubro no site http://www.infobibos.com/nascentes/inscricoes.html.

Serviço:
Curso Extensivo de Produção de Água e Recuperação de Nascentes
Data: 19, 20, 21 e 22 de outubro de 2010.
Local: Sede do IAC (Av. Barão de Itapura nº 1481, em Campinas) e Extrema-MG
Inscrições: http://www.infobibos.com/nascentes/inscricoes.html, até o dia 10 de outubro.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter