Importação de arroz avança em agosto e preço ao produtor cai

A Safras & Mercado estimava um estoque de passagem de 850 mil toneladas que poderá ser revisto se as importações continuarem acima do esperado.

Os preços mais altos do arroz no mercado interno fizeram com que indústrias, varejo e atacado aumentassem as importações do cereal. O mês de agosto teve volume recorde de internacionalização do grão: 124 mil toneladas (base casca), 58,9% a mais que no mesmo período do ano passado. Tradicionalmente, os meses com maiores compras equivalem aos da entressafra: novembro a janeiro. Com isso, há indícios de que poderá sobrar arroz no mercado interno.

Em agosto, o preço ao produtor chegou a R$ 24,52 a saca (60 quilos), segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), valorizando-se 11,2% em um mês. No entanto, desde o inicio de setembro, as cotações já recuaram 3,6%.

– Ainda nem chegamos ao final de ano e os números de importação estão batendo recordes – diz Tiago Barata, analista da Safras & Mercado.

Segundo levantamento da consultoria, no acumulado do ano o Brasil já adquiriu 620,1 mil toneladas, volume 24% superior ao mesmo período do ano passado. A maior parte das compras é de arroz beneficiado (72%). Em 2006, este tipo de produto representou 59% do total importado.

De acordo com Barata, isso significa que a indústria está com dificuldade de conseguir o produto a preços “competitivos”, além de o varejo e o atacado estarem fazendo importações diretas.

– Houve muita procura pelo produto no mês passado. Só não se vendeu mais por causa da greve dos fiscais federais – diz Luís Knorr, da Knorr Corretora, de Jaguarão (RS).

De acordo com ele, o preço interno do Brasil estava alto, estimulando as vendas dos países vizinhos. Hélio Coradini, presidente do Sindicato da Indústria de Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz), admite que as indústrias não têm conseguido repassar o aumento dos preços ao varejo. De acordo com ele, a quantidade comercializada diminuiu – parte em virtude da importação direta do varejo e da queda de consumido.

Na avaliação de Coradini, o aumento da importação em agosto foi decorrente da retração de oferta por parte dos produtores e, ao mesmo tempo, pelo fato de o preço do Mercosul ter sido mais competitivo. No mês passado, o produto dos países vizinhos chegava ao Brasil por até R$ 2 a saca a menos que o praticado pelos gaúchos.

O diretor-comercial do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), diz que o quadro de oferta é mais ajustado neste ano, o que justifica a alta. Aliado a isso, segundo ele, os produtores conseguiram equacionar o volume ofertado.

Apesar da redução verificada este mês, ele não acredita em grandes recuos, já que a safra é menor que o consumo e os vencimentos dos contratos de opção do Governo Federal têm servido de balizadores do mercado – aqueles que venciam em agosto estavam avaliados em média a R$ 24,50 a saca. A Safras & Mercado estimava um estoque de passagem de 850 mil toneladas que poderá ser revisto se as importações continuarem acima do esperado.

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