Importação de arroz ficará mais cara com dólar em alta

O dólar teve a 9ª alta seguida na sexta-feira (29/01), e encerrou um mês de intensa valorização da moeda norte-americana.

Como o Brasil precisará importar mais arroz em 2010 e poderá necessitar efetuar aquisições de produto de fora do Mercosul, o dólar em alta vai encarecer o produto importado. Com um estoque inicial revisado para 1,283 milhão de toneladas (+300 mil toneladas), somado à safra 2009/2010 (mantida em elevados e pouco prováveis 12,030 milhões de toneladas, e importações mantidas em 1 milhão de toneladas base casca, exportações mantidas em 500,0 mil toneladas, consumo interno reduzido para 12,7 milhões de toneladas, os estoques finais da safra 2009/2010 recuariam, segundo a Conab, para 1,114 milhão de toneladas (contra os 664,1 mil toneladas previstas no início deste mês), um aumento de expressivos 450 mil toneladas. Os estoques finais projetados para o final do ciclo 2009/2010 ainda equivalem a apenas um mês de consumo doméstico, segundo os dados da Conab.

Como a produção não deve atingir as 12 milhões de toneladas estimadas pela Conab, as importações tendem a subir para uma faixa entre 1,2 e 1,4 milhão de toneladas (base casca) em 2010. Como os preços internacionais estarão elevados, pelo menos neste primeiro semestre de 2010, importar produto, tanto dos países do Mercosul, quanto de terceiros mercados (Tailândia, Vietnã, EUA, etc.), a paridade de importação sobe e pressionará os preços internos do arroz em casca para cima.

As paridades de importações de terceiros mercados podem se constituir no principal referencial para os preços internos na próxima safra. O arroz beneficiado da Tailândia 100%B, está cotado a US$ 593,00 por tonelada FOB, contra US$ 609,00 por tonelada FOB na primeira quinzena de janeiro deste ano. Atualmente, por exemplo, o arroz tailandês 100%B indica uma paridade de importação equivalente a R$ 37,48 (US$ 20,26) por saco de 50 Kg de arroz em casca tipo 1 FOB Rio Grande do Sul, considerando uma taxa de câmbio de R$ 1,85. O arroz beneficiado vietnamita está cotado a US$ 505,00 por tonelada FOB, pois vem mantendo um deságio em relação ao tailandês, e indica uma paridade de importação equivalente a R$ 32,84 (US$ 17,75) por saco de 50 Kg de arroz em casca tipo 1 FOB Rio Grande do Sul, considerando uma taxa de câmbio de R$ 1,85.

O arroz beneficiado US4 dos EUA está cotado a US$ 590,00 por tonelada FOB e indica uma paridade de importação equivalente a R$ 35,72 (US$ 19,31) por saco de 50 Kg de arroz em casca tipo 1 FOB Rio Grande do Sul, considerando uma taxa de câmbio de R$ 1,85. O arroz beneficiado Tipo 1 do Uruguai está cotado a US$ 660,00 por tonelada FOB e o arroz beneficiado Tipo 1 da Argentina está cotado a US$ 640,00 por tonelada FOB.

O dólar teve a 9ª alta seguida na sexta-feira (29/01), e encerrou um mês de intensa valorização da moeda norte-americana. O plano do governo dos EUA para reformar o setor bancário, a questão fiscal da Grécia, o aperto monetário da China e, nesta sessão, a surpresa positiva com o crescimento dos Estados Unidos foram os principais fatores por trás da alta do dólar no mundo. O dólar terminou o mês de janeiro cotado a R$ 1,885, em alta de 0,96% em relação ao fechamento de quinta-feira (R$ 1,867). Uma acentuada mudança de expectativas do mercado em relação ao câmbio explica a alta do dólar neste momento.

No Brasil, o déficit em transações correntes, segundo previsões do mercado, na pesquisa Focus do Banco Central, de crescer para US$ 47,5 bilhões em 2010. O mercado passou a alterar sua posição consolidada em câmbio de vendida para comprada. Atualmente, essa posição estaria comprada em US$ 16 bilhões. Outro aspecto estrutural que também contribui para a desvalorização do real é a situação econômico-financeira da UE, especialmente em países como Grécia e Espanha.

O Euro vem revertendo a valorização diante do dólar. Enquanto os EUA se ajustam diante da crise, a Europa ainda deve continuar seu ajuste. Por fim, temos um ano de eleições. Mas vale destacar que os fundamentos permanecem e esse ímpeto de desvalorização do Real deve diminuir.

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