Inadimplência cresce entre os grandes produtores

Cerca de 10 devedores detêm aproximadamente 60% dos R$ 7 bilhões de dívidas.

A dívida do setor de grãos (soja, milho, trigo e outros) com instituições bancárias do País chega a aproximadamente R$ 7 bilhões. O valor diz respeito a financiamentos tomados com taxas de juros do mercado (não subsidiadas pelo governo federal), inadimplentes e que ainda não foram renegociados com as entidades credoras. O montante necessário para financiar a safra de grãos brasileira, hoje, gira em torno de R$ 110 bilhões para custeio da safra 2016/2017. Dos cerca de R$ 110 bilhões, um terço diz respeito a recursos dos próprios produtores.

Os outros dois terços, ou seja, R$ 72 bilhões, correspondem ao que de fato é financiado. Metade do valor é ofertado por bancos (com taxas de juros subsidiadas e livres) e a outra metade por tradings. Os R$ 7 bilhões de dívida não amortizada pelo setor de grãos, portanto, equivalem a cerca de 10% do total financiado. Aproximadamente 90% dos devedores inadimplentes são grandes produtores rurais com faturamento acima de R$ 50 milhões. Algumas tradings e revendas de insumos também estariam com débitos em atraso. A maior parte dos débitos, contudo, se concentra em poucos produtores. Cerca de 10 devedores detêm cerca de 60% deste total.

Dois principais fatores são apontados como razões para que o setor chegasse a este patamar de endividamento. Um deles foi a ampla oferta de crédito por parte de bancos durante os últimos anos, nem sempre com a devida análise de risco dos clientes. O outro foi a aquisição de terras negociada em dólar, divisa que em 2015 se valorizou mais de 48% ante o Real. Parte destes produtores viu a dívida vencer antes mesmo de trabalhar a terra e se viu obrigada a devolver o bem aos bancos financiadores.

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