Índia decide permitir exportações de arroz branco não basmati e afetará preços
(Por Planeta Arroz*) A Índia deu sinal verde no sábado para a retomada das exportações de arroz branco não basmati, à medida que os estoques do maior exportador mundial do grão aumentam e os agricultores se preparam para colher uma nova safra nas próximas semanas. Maiores embarques de arroz da Índia aumentariam a oferta global e diminuiriam os preços internacionais, forçando outros grandes exportadores do alimento básico, como Paquistão, Tailândia e Vietnã, a reduzir suas tarifas, disseram traders. Isso impactará também nos preços médios do arroz nas Américas, incluindo o Brasil, os Estados Unidos e o Mercosul. O impacto da volta da Índia ao mercado exportador deve ser sentido com mais força na safra do Sul da América, entre janeiro e abril, estimam os especialistas.
Nova Déli estabeleceu um preço mínimo para exportações de arroz branco não basmati de US$ 490 por tonelada métrica, disse uma ordem do governo. Isso ocorreu um dia após o governo cortar o imposto de exportação do arroz branco para zero. Os preços na Ásia vêm se mantendo na faixa superior aos US$ 560,00, com picos de mais de US$ 650,00.
A decisão de Nova Déli de permitir que comerciantes vendam arroz branco não basmati no mercado mundial segue uma série de medidas para aliviar as restrições à exportação de variedades aromáticas e parboilizadas premium.
Na sexta-feira, a Índia também reduziu o imposto de exportação sobre arroz parboilizado de 20% para 10%. No início deste mês, o governo removeu um preço mínimo para exportações de arroz basmati para ajudar milhares de agricultores que reclamavam da falta de acesso a mercados estrangeiros lucrativos, como Europa, Oriente Médio e Estados Unidos.
Como o padrão climático El Niño levantou o espectro de fracas chuvas de monções, a Índia impôs várias restrições às exportações de arroz no ano passado e as estendeu até 2024 para manter os preços locais sob controle antes das eleições nacionais de abril a junho. Safras mais fracas e a pandemia, associadas à elevação dos preços internos e as eleições gerais, levaram a Índia a suspender as exportações de diversos tipos de arroz ou estabelecer preços mínimos e sobretaxas para a venda do grão.
Desde a proibição de exportações em 2023, os suprimentos locais aumentaram, elevando os estoques nos depósitos do governo e gerando a expectativa de faltar armazenagem para as safras que serão colhidas nesta temporada.
Os estoques de arroz na estatal Food Corporation of India em 1º de setembro estavam em 32,3 milhões de toneladas métricas, 38,6% a mais que no ano passado, dando ao governo amplo espaço para aliviar as restrições à exportação de arroz.
Impulsionados pelas abundantes chuvas de monções, os agricultores plantaram arroz em 41,35 milhões de hectares (102,18 milhões de acres), acima dos 40,45 milhões de hectares (99,95 milhões de acres) do ano passado e da média de 40,1 milhões de hectares (99,09 milhões de acres) nos últimos cinco anos.
A decisão de permitir exportações de arroz não basmati aumentará a renda agrícola no interior e ajudará a Índia a recuperar sua posição no mercado global, disse Rajesh Paharia Jain, um comerciante de Nova Déli.
Apesar do imposto de exportação de 10% sobre o arroz parboilizado e do preço mínimo de US$ 490 a tonelada métrica, o arroz branco indiano será competitivo no mercado internacional, disse BV Krishna Rao, presidente da Associação de Exportadores de Arroz. Acredita que os preços não voltarão ao piso anterior à pandemia e à suspensão dos embarques, mas aponta uma referência intermediária e consideravelmente menor do que os preços praticados, em média, na Ásia, ao longo de 2023/24. (*Com informações da Reuters, Business Standard, The Hindu e Economic Times).