Índia impõe nova exigência para exportação de arroz não basmati
(Por Planeta Arroz, com agências) O governo da Índia anunciou uma nova exigência para a exportação de arroz não basmati: a partir de agora, todos os contratos de exportação deverão ser registrados previamente na Autoridade de Desenvolvimento de Exportação de Produtos Agrícolas e Processados (APEDA), órgão vinculado ao Ministério do Comércio indiano.
A medida, divulgada na quarta-feira (24), altera a política anterior e busca controlar melhor o fluxo de exportações diante de prejuízos causados por chuvas intensas e inundações em estados produtores como Punjab, Haryana e Bengala Ocidental.
“A exportação de arroz não basmati será permitida somente mediante registro de contratos com a APEDA”, informou a Diretoria Geral de Comércio Exterior da Índia em nota oficial.
Apesar da mudança, comerciantes de arroz em Bangladesh, um dos maiores compradores do arroz indiano, minimizaram os possíveis efeitos da nova política.
“Ainda não vemos nenhum impacto da decisão indiana e ainda não temos certeza sobre o impacto potencial”, declarou Kawasar Alam Khan, vice-presidente da Associação de Comerciantes de Arroz de Bangladesh, em entrevista ao jornal New Age.
Khan destacou que Bangladesh já não depende exclusivamente da Índia para suprir sua demanda por arroz e atualmente também importa o grão de países como Vietnã, Paquistão e Mianmar. Segundo ele, o país só recorre à importação quando há queda significativa na produção interna.
Importações e produção de arroz em Bangladesh
Durante o ano fiscal de 2024-2025, Bangladesh importou cerca de 400 mil toneladas de arroz apenas da Índia. No total, as importações superaram 1,3 milhão de toneladas, o segundo maior volume da história do país, conforme dados do Ministério da Alimentação.
O aumento nas importações foi impulsionado por perdas expressivas na produção local causadas por três enchentes consecutivas. Estima-se que mais de 1 milhão de toneladas de arroz tenham sido comprometidas pelas inundações, o que levou tanto o governo quanto o setor privado a reforçar os estoques nacionais.
Dados do Banco de Bangladesh apontam que os gastos com importação de arroz no último ano fiscal aumentaram 2.584%, chegando a US$ 682,4 milhões.
Mesmo assim, autoridades afirmam que não será necessário manter um volume tão alto de importações nos próximos meses, já que a produção nacional de arroz continua considerada adequada.
Em agosto, o governo autorizou 242 empresas a importar aproximadamente 461 mil toneladas de arroz, como medida preventiva frente aos impactos das chuvas sobre a safra de arroz Aman.
Segundo estimativas preliminares do Departamento de Estatísticas de Bangladesh, a produção de arroz no ano fiscal de 2025 ultrapassou 40 milhões de toneladas.
A divisão por safra ficou da seguinte forma:
Arroz Aus: 2,793 milhões de toneladas
Arroz Aman: 16,6 milhões de toneladas
Arroz Boro: 21,2 milhões de toneladas
A demanda anual de arroz em Bangladesh gira em torno de 38 milhões de toneladas, de acordo com a Comissão de Comércio e Tarifas do país.
Exportações indianas em alta
A Índia é um dos principais exportadores de arroz do mundo. Segundo o jornal Economic Times, as exportações de arroz não basmati renderam ao país US$ 4,7 bilhões entre abril e agosto de 2025 — um aumento de 6,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com a nova política, o governo indiano espera manter maior controle sobre o fornecimento externo, sem comprometer a segurança alimentar interna. A medida foi bem recebida pelos comerciantes locais, que veem na regulamentação um passo importante diante da instabilidade climática enfrentada por diversas regiões produtoras.


