Índia restringe exportações de arroz e compradores buscam outros fornecedores

 Índia restringe exportações de arroz e compradores buscam outros fornecedores

Preços se elevaram em torno de 5% na Ásia com medidas da Índia

(Por AgroDados/Planeta Arroz) As restrições às exportações da Índia, maior exportador de arroz, forçaram os compradores a mudar para fornecedores rivais, elevando as taxas do produto básico de outros centros asiáticos nesta semana.

Na semana passada, a Índia proibiu as exportações de arroz quebrado e impôs uma taxa de 20% sobre as exportações de vários tipos, exceto parboilizado e Basmati, enquanto tenta aumentar a oferta e esfriar os preços locais depois que as chuvas escassas reduziram o plantio. Outras questões como a elevação dos preços de fragmentos utilizados em ração animal e para a produção de etanol, cuja meta é de mistura até 20% na gasolina no país até 2025,  para reduzir a dependência do petróleo, fizeram o governo de Narendra Modi optar pela medida restritiva. A elevação dos preços domésticos, mesmo com altos estoques públicos e um sistema de garantia de preços aos produtores consolidado, pressionou o governo a tomar a medida.

O carregamento de arroz parou nos portos indianos e quase um milhão de toneladas ficaram presas porque os compradores se recusam a pagar a nova taxa pelo grão já adquirido. Os exportadores estão tentando negociar com o governo a aplicação da taxa somente para novos contratos e a manutenção dos embarques já previstos e negociados dos quebrados.

Seguindo a nova regra, os comerciantes indianos não estavam assinando novos negócios esta semana.

O mercado, embora já soubesse da tendência de medidas de impacto na Índia, ficou em choque com as restrições e os comerciantes estavam tentando encontrar maneiras de cumprir os contratos já assinados, disse um negociante de Mumbai com uma empresa de comércio global. A estimativa das agências internacionais é de que a Índia deixará de embarcar cerca de 5 milhões de toneladas do grão.

A variedade parboilizada com 5% de quebrados da Índia <RI-INBKN5-P1> foi cotada a US$ 385 a US$ 392 por tonelada, contra US$ 379 a US$ 387 da semana passada. As exportações do país podem cair cerca de um quarto este ano, à medida que os compradores mudam para opções mais baratas. No ano passado a Índia exportou 21,5 milhões de toneladas de arroz em base beneficiado, considerando índica e japônica, glutinosos e aromáticos.

Os preços do arroz 5% quebrados do Vietnã <RI-VNBKN5-P1> subiram para US$ 400-US$ 410 por tonelada, de US$ 390 a US$ 393 na semana anterior. Um trader disse que, embora o movimento da Índia tenha aumentado as taxas vietnamitas, os embarques ainda não tiveram um aumento. “Os exportadores do Vietnã não estão correndo para assinar novos contratos antecipando preços mais altos nas próximas semanas”, revelou outro negociante.

Os preços do arroz 5% de quebrados da Tailândia <RI-THBKN5-P1> subiram para US$ 425-US$ 435 por tonelada de US$ 416-US$ 420 na semana passada. “A oferta de arroz foi reduzida pela enchente, chuvas fortes e alguns problemas de transporte”, reconheceu um trader de Bangkok. Outro agente de comércio  observou que os mercados estrangeiros também estão acompanhando os acontecimentos em torno da Índia, o que levou alguns clientes a optarem pelo arroz tailandês.

Em média, os preços subiram 5% nestas principais origens da Ásia e se movem na direção da estabilização das referências no mesmo patamar. “As taxas de 20% da Índia buscam elevar as cotações aos patamares da Tailândia e do Vietnã, e com isso dar alguma sustentabilidade e estabilidade às cotações regionais”, observou um dirigente dos exportadores da Índia.

Bangladesh também estava em negociações para importar arroz da Tailândia depois de finalizar acordos com Vietnã, Mianmar e Índia por um total de 530.000 toneladas, disse um alto funcionário do Ministério da Alimentação do país comprador. “Estamos tentando importar arroz da Tailândia em um acordo de governo para governo (G2G. Eles responderam positivamente”, informou.

A primeira semana após as medidas de restrição à oferta na Índia, foram de muito estudo e pouco movimento. De um lado os vendedores aguardaram o movimento dos países importadores e de outro os compradores esperaram para ter mais clareza do impacto das medidas indianas. A expectativa ainda é de que a Índia relaxe as sobretaxas sobre o arroz já adquirido a ser carregado, entre os importadores. Mas, os exportadores hindus ainda não têm nenhuma garantia de que isso acontecerá.

2 Comentários

  • parabéns pela materia. Porém tem um erro. As exportaçoes da India em 2021 foram de 21,5 Mt (na realidade 2,4 Mt, mas tudo bém) em BASE BENEFICIADO, e não base casca como indicado no artigo.
    graço
    PMV

  • Olá,

    Obrigado.

    A informação já está corrigida.

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