Indicador Cepea e o mercado em 2008
Prof. Sílvia Helena G. de Miranda, Maria Aparecida N. S. Braghetta, Ariane Sbravatti e Pedro Michellin.
cepea@esalq.usp.br
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Apesar das consecutivas quedas do indicador Cepea/Esalq-BM&F Bovespa do arroz em casca (Rio Grande do Sul, 58 grãos inteiros) nos últimos três meses de 2008, o ano foi caracterizado por patamares elevados de preços. No primeiro bimestre a baixa oferta do casca e o atraso na colheita elevaram as cotações, mesmo com leilões de venda do Governo. Nos meses seguintes, mesmo com arroz novo disponível no mercado, o recuo de produtores, dado o aumento no custo de produção, e as elevações nos preços internacionais sustentaram os valores domésticos até meados de outubro. Em novembro e dezembro os preços caíram devido à dificuldade de repasse do preço do casca ao beneficiado e à retração do setor atacadista/varejista.
Todo o ano os valores médios mensais superaram os praticados desde setembro de 2005, quando o Cepea iniciou o levantamento, em termos reais – valores deflacionados pelo IPCA de dezembro de 2008. Maio e abril de 2008 apresentaram, respectivamente, o maior e o menor diferencial em relação a 2007, de 60,2% e 5,6% acima do mesmo período de 2007. A média do indicador em 2008 superou em 35,1% o ano anterior.
O IPC da FGV para o arroz branco no varejo valorizou 31,3% no acumulado de 2008; para o parboilizado a alta foi de 30,9%. No mesmo período o indicador Cepea/Esalq-BM&FBovespa subiu 39,4% – considerando as médias mensais – e o arroz de 50/55 grãos inteiros (para parboilizar) da Plan. Cost. Interna, 39,1%. Levantamento do Cepea junto ao setor atacadista da região de Campinas (SP) aponta aumento de 27,1% no acumulado de 2008 do preço pago pelo fardo de 30 quilos de arroz T1 nobre (top). Observa-se que o casca teve maior valorização que o beneficiado no atacado e no varejo.
No Mato Grosso os baixos preços oferecidos aos produtores e fracas vendas de arroz beneficiado refletiram em lentidão dos negócios nos últimos meses de 2008. Esse cenário foi reforçado a partir de novembro pela diminuição da oferta. A maior parte do grão beneficiado é comercializada no estado por falta de competitividade com o arroz gaúcho em mercados de outros estados. Nos últimos três meses o preço do arroz em casca posto na indústria no Mato Grosso esteve R$ 3,60/saca em média, acima do RS.
Quanto aos custos de produção da safra 2008/2009 divulgados pela Conab, a região de Itaqui/Macarambá (fronteira-oeste) registrou maior acréscimo sobre a safra passada, de 34,72%, seguida por Pelotas (zona sul), alta de 16,56%, e Cachoeira do Sul (depressão central), 13,76%. Os insumos que mais afetaram os custos são adubos e corretivos, que subiram 62,5% entre janeiro e novembro de 2008. Os defensivos agrícolas, que representam 10% das despesas, valorizaram 53,4% no período. Em novembro os adubos fosfatos registraram a maior queda entre os insumos do levantamento do Cepea na fronteira-oeste, ilustrados pelas cotações do MAP e do Super Simples, de 25%. A ureia caiu 8,4%. Entre os defensivos, a Cipermitrina, o Glifosato e o Fipronil recuaram 21,25%, 2,2% e 0,9%, respectivamente, em novembro de 2008.
De janeiro a dezembro de 2008 a exportação brasileira de arroz aumentou 153,5% em comparação a 2007, atingindo 749,8 mil toneladas. Em dólares o aumento foi de 484%, contabilizando em 2008 311,6 milhões de dólares. O valor médio do produto exportado em 2007 em equilvante-casca foi de 9,01 dólares/saca de 50 quilos. Já em 2008 esteve em 20,78 dólares. Tal variação se explica pelas vendas de produto de maior valor agregado e pelas cotações internacionais mais altas. O aumento nas vendas externas também foi impulsionado por choques de demanda no mercado asiático.