Indústrias catarinenses buscam esforço de exportação
(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) Em iniciativa do Sindarroz-SC, 10 indústrias de arroz de Santa Catarina se reuniram na última segunda-feira, em Turvo, para analisar o cenário de comercialização e decidiram realizar um esforço de exportação de 30 mil toneladas de arroz em casca. A intenção do movimento, que reúne as cinco cooperativas arrozeiras catarinenses e pretende agregar as demais empresas do ramo, é exportar 30 mil toneladas (600 mil sacas) em busca de neutralizar parte da pressão de oferta do momento. “É ruim para o produtor e é ruim para a indústria, que também comprou o produto por um valor mais alto e terá dificuldades de repassar para o varejo”, observa Arlindo Manenti, presidente da Cooperativa Regional Agropecuária Sul Catarinense (Coopersulca).
Ele relata que desde 2021 os preços do arroz entraram numa fase de declínio, apresentaram alguma reação na virada do ano com a projeção de uma quebra mais significativa no Rio Grande do Sul e, posteriormente, voltaram a recuar com a chegada da colheita e a confirmação de que a produção gaúcha não teria uma redução tão importante. “É um cenário preocupante para o produtor e a indústria, por isso decidimos sentar para conversar e tomarmos alguma providência no sentido de impedir que os preços caiam a patamares ainda menores e causarem prejuízos a todos pois começamos a ter uma oferta maior do que o esperado com uma série de importações que foram realizadas porque os preços no Mercosul estavam muito competitivos nos últimos 60 dias”, explicou.
Representantes de 10 indústrias estiveram em Turvo. Na reunião, ficou definido que o presidente da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Dionísio Bressan Lemos, coordenaria os esforços por já ter experiência em outras ações similares com exportações e sua instituição ter uma unidade no Porto de Imbituba. “Vai ser um esforço mesmo, para enxugar a oferta interna. As indústrias compraram arroz na média de R$ 74,00 a R$ 75,00 e agora terão que negociar abaixo dos R$ 70,00 por saca, talvez até menos descontando o frete. É uma cota de sacrifício”, reconheceu Manenti.
Ainda segundo o dirigente, a intenção é criar um viés positivo com as negociações externas, provocar uma reação gradativa do mercado para que os preços parem de cair. “O arroz a R$ 2,00 ou R$ 3,00 por quilo é muito barato no supermercado. Ele não pesa na inflação, mas isso causa prejuízos ao restante da cadeia produtiva que está trabalhando para manter o abastecimento do país e gerar divisas”, enfatizou o presidente da Coopersulca.
Arlindo Manenti considera que a cadeia produtiva precisa trabalhar no sentido de abrir um canal de exportação e assegurar uma equalização nos preços, pois a nova temporada está chegando e o custo de produção não para de subir por causa da alta dos defensivos e fertilizantes. “Essa disparidade entre o preço, mais baixo, e o custo mais alto, comem as margens do produtor e das cooperativas. A indústria trabalha com uma margem mais ou menos fixa e precisa remunerar seu serviço e seus produtores. Então, se compra caro e vende barato, complica muito”, disse Dionísio Bressan Lemos, da Copagro, que já entrou em contato com a trading que sinalizou com as vendas.
“A ideia é reunir um número maior de empresas catarinenses, cada uma entrar com uma cota de sacrifício, carregar o navio e buscar um pouco de fôlego e travar a caída dos preços. Estamos otimistas de que o negócio vai ser possível, apesar das muitas adversidades de câmbio, logística, e da concorrência forte de outros exportadores”, analisou Lemos. Segundo ele, outra preocupação é que as tratativas começaram tarde. “Nossa janela de exportação é curta, pois devíamos ter começado em março. Em junho, julho os Estados Unidos já começa a negociar sua nova safra – de julho a setembro – nas Américas e é difícil competir com eles”, destaca. Além das questões de logística, de conseguir espaço para o arroz em Imbituba, volume suficiente com as empresas, dois outros grandes desafios estão postos para esta carga: a garantia dos valores até o carregamento e o volume necessário no padrão de grãos, numa safra mais fraca, acima de 54% de inteiros.