Inflação em Brasília não perdoou nem o arroz, feijão, ovo e bife

Itens quase obrigatórios no prato dos brasileiros ficaram mais caros na capital do país do que na média nacional. Pão e leite também seguiram essa tendência de alta mais forte.

Não tem para onde fugir: quando a inflação se instala, fica difícil encontrar alternativas à alta dos preços. Em Brasília, a alimentação básica, por exemplo, anda maltratando o orçamento das famílias.

Ao longo de 2015, os valores do pãozinho francês e do leite e de itens obrigatórios na salada e na típica refeição brasileira cresceram mais no Distrito Federal do que na média do país, de acordo com os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Significa que nem mesmo aqueles que reduziram as idas a restaurantes na intenção de economizar conseguiram escapar da carestia na Capital Federal.

O pão e o leite, presentes na mesa do café da manhã de muitos lares, encareceram 14,94% e 9,02%, respectivamente, no DF: variações superiores aos 11,97% e aos 8,22% registrados na média brasileira.

No caso do pão, o aumento observado em 2015 foi o terceiro maior entre as 13 capitais pesquisadas pelo IBGE. No ranking específico da alta do paõzinho, Brasília ficou atrás apenas de Campo Grande (19,92%) e de Salvador (16,40%).

Salada e "prato feito"

A salada básica também pesou mais no bolso dos brasilienses. Cebola (64,41%), tomate (39,41%) e alface (11,68%) apresentaram reajustes expressivos no DF, acima da inflação média geral do país, de 10,67%.

Na análise do comportamento dos preços do PF (“prato feito”) clássico, percebe-se que, no acumulado do ano, a variação em Brasília dos itens que o compõem superou a do país. O feijão do tipo carioca, por exemplo, disparou no DF quase 40% em 2015, 10 pontos percentuais acima da alta nacional do período.

Já o ovo de galinha ficou 26,11% mais caro no DF, ante um acréscimo de 18,78% no Brasil. Discrepância semelhante pode ser notada na comparação da inflação do arroz: 15,20% em Brasília e 9,67% na média do país.

Criatividade

Com a alta generalizada, o economista Álvaro Modernell, especialista em educação financeira e sócio da Mais Ativos, diz que as famílias precisarão de muita criatividade para driblar os efeitos nocivos da inflação na renda.

O leite foi outro produto que atingiu o bolso do brasiliense

Uma das orientações é aumentar o rigor no combate ao desperdício de comida em casa e cogitar a possibilidade de comprar no atacado, prática recorrente na década de 1980. Optar por marcas mais baratas e pesquisar preços também continuam sendo dicas pertinentes, acrescenta o economista.

No entender de Modernell, o aumento do custo de vida e do desemprego, cuja taxa ultrapassou os 15% no DF, deve frear o histórico fluxo de migração para a capital do país em busca de melhores condições de vida.

O peso da massa salarial do funcionalismo, responsável por metade do dinheiro que circula em Brasília, segue influenciando nos reajustes mais elevados em Brasília, acredita o especialista. “Apesar dos atrasos nos salários dos servidores, a situação de quem trabalha para o Estado se mantém melhor do que a de quem atua na iniciativa privada”, pontua.

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