Inovações para garantir a sustentabilidade na lavoura são destaques do Fórum Técnico
A integração de culturas tem sido uma das soluções para a crise do setor.
O presidente da Federação das Associações d e Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, abriu nesta quarta-feira (12), o Fórum Técnico da programação da 30ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que acontece até sexta-feira (14), na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS), região de Pelotas (RS).
Abordando questões de fundamental importância para o setor, como sustentabilidade, tecnologia, inovações e sementes certificadas, entre outros, Velho destacou que o evento é um local de trabalho e profissionalismo. “Não é por acaso que reunimos soja, pecuária, armazenagem e pastagem com arroz. Estamos insistindo nesse sistema de produção, pois acreditamos que é o grande caminho para o produtor trazer renda ao seu negócio”, afirmou, complementando que desta forma reduzem as plantas invasoras e resistentes nas lavouras.
Palestrante do painel Sustentabilidade: tecnologias, inovações e desafios para a produção de arroz, a coordenadora da Estação Regional de Pesquisa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Mara Grohs, defendeu a necessidade de valorização comercial do arroz. Conforme ela, o consumo vem decaindo e, atualmente, soma 34 quilos do cereal, ao ano, por pessoa. “Aquele saco de cinco quilos não se reinventa, trata-se do mesmo que era utilizado por meus avós para guardar documentos. Quando vamos comprar arroz na prateleira, exceto a diferença de cor, são todos iguais”, apontou.
Mara alertou que, cada vez mais, é maior a parcela da população que deseja saber a história do alimento que está consumindo. “Como o arroz foi produzido? Quais as práticas que foram empregadas? Porque essas informações não estão disponíveis nas embalagens? Por que estamos realizando o plantio direto, com menor emissão de gases, agroquímicos, baixa utilização de água, e isso não está escrito?”, provocou a coordenadora.
Para Mara, o setor está perdendo oportunidades. “Essa nova geração só vai permanecer na lavoura de arroz se nós traçarmos um caminho, um sistema sustentável social, financeiro e ambiental”, enfatizou, destacando que os produtores precisam melhor explorar e serem remunerados por essas questões.
Outro palestrante do mesmo painel, o pesquisador da Epagri, de Santa Catarina, Marcelo Mendes Haro, abordou a importância de um mix de recursos e ferramentas para o monitoramento de pragas. De acordo com ele, alteradores de comportamento, como feromônios, devem passar a ser mais utilizados nas lavouras em conjunto com armadilhas luminosas, por exemplo. “Hoje há opções 100% autônomas, com energia solar”, destacou, lembrando que a questão química passará a ser utilizada de forma alternativa. “A nossa revolução será biológica”, finalizou.
Logo após, o assunto foi conduzido pelo presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), José Américo Pierre Rodrigues. O dirigente falou sobre a importância das sementes certificadas no painel “Da Semente ao prato: a semente certificada e suas vantagens para a sustentabilidade da lavoura de arroz”.
Ainda dentro da programação do fórum técnico, foi apresentada a palestra “Sustentabilidade: experiências do plantio de soja na várzea”, pelo diretor comercial da Massey Ferguson, Eduardo Nunes, mediada pelo ex-presidente da Federarroz, Henrique Dornelles. Nunes abordou o projeto “Sulco: arroz, soja e pecuária na várzea”, que consiste em desenvolver um método de plantio de soja na várzea do arroz que seja economicamente viável e que traga níveis de produtividade similares aos do noroeste do Estado.
Como fazer? “Primeiro, escolha o método de suavização mais barato, depois, inicie a formação de camalhões, em seguida, faça a drenagem e a irrigação por sulcos e, por fim, realize plantio da soja sobre camalhões”, explica Nunes.
Para finalizar o primeiro dia de evento, o gerente técnico da premiada Sementes Aurora, de Cruz Alta (RS), Maurício De Bortoli, campeão nacional do Desafio CESB de Máxima Produtividade de Soja, apresentou a didática palestra “Manejo na Cultura da Soja: em busca da alta estabilidade”, com moderação do engenheiro agrônomo da Porteira Adentro Consultoria Agrícola Eduardo Muñoz. A produtividade na agricultura depende dos seguintes fatores: 50% do clima, que representa o único risco; 23% do solo, 13% da planta e 14% do manejo, que são oportunidades.
Ao final da exposição, De Bortoli citou James Delouche e Howard Potts, para salientar o quanto a semente é o princípio de tudo: “Nenhuma prática agrícola, como adubação, manejo, irrigação etc pode melhorar a produtividade além dos limites impostos pela semente”. Conforme a experiência compartilhada pelo gerente técnico, a interação de todos os fatores – semente, semeadora, velocidade do plantio, cobertura do solo e condição do solo – resulta em uma melhor qualidade da semeadura. Afinal, “o melhor da produtividade não é quanto você colhe, mas sim o que você se torna antes de conseguir colher”, concluiu.
Na ocasião, a Embrapa também apresentou ao público a cultivar BRS A705 e o software PlanejArroz. A 30ª Abertura Oficial da Colheita ocorre até sexta-feira, dia 14 de fevereiro, na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, na região de Pelotas, com o tema “Intensificação para Sustentabilidade”. Trata-se de uma realização da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) com correalização da Embrapa e patrocínio Premium do Irga.