Instituto norte-americano usa crianças chinesas para testar arroz geneticamente modificado

Segundo afirmou a Greenpeace, o Ministério da Agricultura da China e o departamento agrícola da província de Zhejiang tinham exigido em 2008 o fim desse projeto.

A organização Greenpeace revelou na última quinta-feira (30) que um instituto de pesquisa científica norte-americano divulgou recentemente o resultado de uma pesquisa sobre a capacidade nutritiva do "arroz dourado", um produto geneticamente modificado com a introdução da vitamina A. O problema é que a pesquisa utilizou 24 crianças da cidade Hengyang, na província de Hunan, na China para realização dos seus testes. A "arroz dourado" foi desenvolvido pela empresa norte-americana Syngenta.

Segundo afirmou a Greenpeace, o Ministério da Agricultura da China e o departamento agrícola da província de Zhejiang tinham exigido em 2008 o fim desse projeto. Porém, uma tese publicada no 1º de agosto no jornal americano de Nutrição Clínica mostrou que esse projeto foi finalmente concluído, dirigido pela professora Guangwen Tang, da Universidade Tufts, e apoiado pelo Departamento da Agricultura norte-americano. A notícia está sendo duramente condenada pelo público chinês.

A criação dos alimentos genéticamente modificados ainda despertam muitas dúvidas se os mesmos são confiáveis para saúde humana. Para a chefe da Comissão de Nutrição e Segurança Alimentar da Associação de Cuidados de Saúde da China, Sun Shuxia, a segurança desse tipo de alimento ainda precisa ser verificada.

"Existe riscos virtuais nos alimentos geneticamente modificados e por isso, devemos ter prudência em relação a eles. No caso de um processo da modificação acompanhado pelo rigor científico, o alimento pode trazer benefícios para o ser humano. Caso contrário, pode fazer mal à saúde. Penso que temos o direito de saber sobre a modificação genética do arroz dourado."

De fato, muitos alimentos transgênicos já fazem parte do dia-a-dia dos chineses e foram bem aceitos pela população. Entretanto, a forte reação da população em relação ao teste do arroz dourado é porque os pesquisadores se aproveitaram de crianças de 6 e 8 anos..Durante 35 dias, o grupo de pesquisador exigiu que as crianças comerem o arroz dourado, com espinafre e cápsulas de caroteno. Eles queriam verificar a proporção da vitamina A. 24 crianças chinesas foram obrigadas a comer no almoço, durante 21 dias, 60 gramas do referido arroz.

Para a chefe da Comissão de Nutrição e Segurança Alimentar da Associação de Cuidados de Saúde da China, Sun Shuxia, a pesquisa tem grandes riscos para a saúde das crianças.

"As crianças estão na fase de crescimento. Ao utiliza-los para teste, aumenta-se os riscos. Mais do que isso, os riscos não podem ser descobertos durante um curto prazo. Os departamentos concernentes devem avaliar e acompanhar as crianças testadas."

Diferente do arroz normal, o arroz dourado pode favorecer a absorção da vitamina A. Mas os críticos consideram que esse produto pode ameaçar o meio ambiente. Face às críticas do Greenpeace e do público, tanto a empresa Syngenta quanto o governo de Hengyang negaram o incidente. A Syngenta reafirmou em um comunicado que não participou do teste na China. Já o governo de Hengyang respondeu que em 2008, a escola primária de Jiangkou aceitou o projeto " transferência do caroteno para vitamina A no corpo de criança", uma pesquisa desenvolvida pelo Centro de Controle de Doenças da província de Hunan. De acordo com escola, o teste foi permitido pelos pais das crianças.

O incidente também chamou atenção da mídia dos EUA. O redator-excutivo do jornal Qiaobao, Xiao Dong, apresentou a CRI as seguintes informações sobre a polêmica:

"A responsável pelo projeto, Guangwen Tang, está de férias. Através do porta-voz da Universidade de Tufts, ela assinalou que os testes em humanos da universidade respeitam os padrões éticos e que o teste do arroz dourado tem como objetivo procurar uma solução para questão da saúde existentes nos países em desenvolvimento. Além disso, destacou que a pesquisa clínica obteve a autorização das instituições chinesas e norte-americanas e ainda permissão dos pais das crianças."

Tradução: Isabel Shi
Revisão: José Medeiros da Silva

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter