Iraque aceitará arroz do Brasil em futuras concorrências públicas de compra

Se conseguir preços competitivos e logística nos padrões exigidos, o País poderá exportar até 300 mil toneladas de arroz em casca por ano para o Iraque, o equivalente a 20% do consumo da nação árabe.

Com os estoques de arroz em baixa no país e uma forte construção política, o governo do Iraque anunciou que passará a aceitar propostas de arroz brasileiro em futuras concorrências públicas que promoverá. Atualmente o país importa o cereal basicamente da Índia, Estados Unidos, Argentina e Uruguai. Segundo fontes internacionais, até o momento o Brasil não participava das licitações devido à grande diferença de padrões e variedades existentes no país. Todavia, o estreitamento de laços diplomáticos entre os países e o esforço das empresas sediadas no Sul do Brasil e da logística brasileira para atender às necessidades iraquianas foram consideradas pelo Conselho de Grãos da nação árabe.

Esta é uma grande notícia para o mercado de exportação, uma vez que o Iraque consome 1,5 milhão de toneladas de arroz por ano e perto de 70% deste volume são importados. Em setembro o Iraque importou 100 mil toneladas dos EUA (40 mil t), Uruguai (30 mil t) e Argentina (30 mil t). Os preços variaram entre US$ 539,00 e US$ 714,00 a tonelada. Para atender à demanda iraquiana, as tradings e principalmente os portos precisarão se adequar.

O Iraque costuma importar arroz ensacado, o que aumenta o custo e pode afetar a competitividade do cereal brasileiro nas concorrências com os demais países do Mercosul e os norte-americanos. Todavia, o representante de uma trading internacional confirmou que há duas ações estratégicas em andamento: uma visa flexibilizar o padrão de recebimento iraquiano também para granel, e outra, a criação de uma estrutura de ensacamento que não gere custos significativos a ponto de excluir – por preço – o Brasil deste mercado, a partir da modernização dos sistemas de embarque, especialmente em Rio Grande (RS).

O agente do mercado internacional estimou que, conseguindo preços competitivos, o Brasil poderá exportar entre 200 e 300 mil toneladas do cereal apenas para este destino, em condições plenas. “Ainda que abra mão de uma margem de lucro significativa para entrar neste novo mercado, a cadeia produtiva do arroz do Brasil sabe da importância de um negócio dessas proporções, especialmente para o seu mercado interno e para fazer frente a uma possível ampliação da capacidade produtiva”, informou. Segundo ele, o detalhe a ser observado é que, à medida que o Brasil concorrer por este novo cliente com o Mercosul, poderá reter a produção dos países vizinhos, que exportariam o excedente "micado" exatamente para o mercado brasileiro, gerando uma espécie de troca "compensação" aos estoques nacionais.

O anúncio do governo iraquiano é resultado de ações desenvolvidas pela iniciativa privada e da União, de olho numa fatia de participação nos 30 milhões de cestas básicas que são distribuídas anualmente aos iraquianos. Em junho o diretor de Relações Internacionais do Ministério do Comércio do Iraque, Hashim M. Hatem Al-Sudani, esteve no Brasil em busca de alimentos para o seu país. A intenção dos iraquianos é ampliar as importações de produtos como arroz, açúcar e óleo vegetal. O Iraque é um grande importador de açúcar e de carne de frango brasileiros. No próximo mês, deve ocorrer um fórum de negócios em São Paulo (SP), no qual também serão discutidos investimentos públicos e privados do Brasil em infraestrutura de transporte, energia, indústria, habitação, saneamento e serviços como saúde e educação.

12 Comentários

  • Uma boa notícia!!!

  • Acredito que a notícia correta é a de que o Brasil poderá exportar “o equivalente a 300 mil toneladas de arroz com casca por ano”, já que o Iraque realiza importações de arroz beneficiado.

  • Acredito de que o Brasil possa atender essa demanda tanto com arroz em sacas como o beneficiado, torcendo para que não aumente o nosso produto que vai a mesa de milhões de brasileiros, com é a tendencia de quando aumentam as exportações.

  • Pois é seu Nelson… a sua visão me parece semelhante com a do governo… Só que fazem mais de 10 anos que o arroz custa R$ 2,00 o kilo na prateleira do supermercado… tudo aumentou quase 100% nesse período… Falo de outros produtos e dos insumos utilizados na lavoura… Por trás de tudo isso tem os produtores, industrias, varejista que precisam ter lucro para sobreviver… Não é a exportação que faz subirem os preços, mas sim o desabastecimento… me parece que com essa visão o povão quer comida barata sem se importar com quem produz… E isso é muito cruel… Ou será que o brasileiro vai comer petróleo no futuro??? Tudo sobe nesse país… Porque só o arroz que não pode???

  • O brasileiro gasta mais com refri., cerveja e cigarro. E ninguém reclama do preço. Arrozeiro plante soja pois, ta mais de 70,00 reais e ninguem reclama.

  • Pois é..uma triste verdade é esta; que no varejo paulistano só gira o produto de marcas consolidadas; e mesmo assim se na prateleira nao ultrapassarem o valor acima de 9;90/9,95 o pacote.Estou falando de marcas top no mercado local. Plantem menos; equilibrem a oferta e cuidado com a cooperativa onde depositam o arroz.
    Uma semana de sucesso.

  • As leis de mercado e composição de preços, não podem ficar abaixo em nível de importância do que as leis eleitoreiras. O povo necessita de alimentos baratos, pois a situação do país já não é a mesma versão otimista e alienada de tempos atrás. O crescimento ta comprometido assim como as contas do governo que está um queijo suiço, com tanta intervenção e populismos, isso gera dentre outras coisas a corrosão do salário do trabalhador. Para não gerar mais revolta a um povo que esboçou uma reação ” pessimista” no inverno desse ano, alguns produtos e serviços serviram de boi de piranha, como é o caso da gasolina, do arroz e da energia elétrica, que mesmo com a necessidade de que haja reajustes, foram na contra mão, e baixaram de preço.
    Uma coisa é o povo precisar de alimento barato, outra completamente é o empregador ter que vender abaixo do custo, tal atitude gera a médio e longo prazo um problema mais grave, o mesmo que est´´a acontecendo na Venezuela: Desabastecimento!!!!!!!
    Sem essa de arroz barato, gasolina barata, energia barata, se não conseguimos faze-los serem baratos. Como o ditado diz: O barato as vezes sai caro!!!

  • pois é, parece que estamos falando de um produto de alto valor no cuto de alimentação. Um pacote de 5Kg vale hoje R$9,00, o que da para alimentar 3 pessoas durante 1 mes, isto fica em torno de R$ 0,10 centavos por pessoa num almoço, se subir para 0,15 centavos, os agricultores poderão vender a saca de arroz a R$40,00 ,o que pagaria o custo de produção e alguma margem de lucro ,o que não se tem a muito tempo e o conumidor não ia notar este aumento no seu salário. Digam qual alimento tem este custo na sua refeição. vcs sabem o que é uma lavoura de arroz? lá se trabalha o ano inteiro com alto custo.

  • Prezados colegas comentaristas, parece que não lemos os comentários uns dos outros. Se confunde ainda muito política dos governos de ocasião com o mercado. Tenho dito que para valorizarmos o arroz, temos que tirar a visão da “panela”. Tem razão o companheiro que diz que o arroz, há mais de 10 anos, está entre 1,50 e 2,00/kg, de onde concluimos que todo mundo sabe quanto vale 1 kg de arroz. Se subir mais que isto vai ser aquela “gritaria”! Será que sabem quanto vale o preço de uma caixinha de sucrilhos, ou um pacote de bolacha de arroz. Vejam os automóveis, troca-se o tamanho da sinaleira e o preço já é outro e ninguém reclama. Celular é a mesma coisa… Então, não dá para reclamar que todo mundo sabe o preço do arroz que já tem 40 anos de existência. Então, qual será a estratégia que faremos para o arroz valer mais, sem subir o preço daquele da hora do almoço? Será que com o trigo a 45,00 ou mais/saco, a farinha de arroz para adicionar 20% no pão não é competitiva?
    Bons negócios à todos!

  • Caro José Nei concordo com a sua opinião… Temos que buscar alternativas para agregar valor ao arroz, mas tenho dois receios com esse caminho… O primeiro é o de que aumentem as quantidades importadas de arroz em função da demanda e não adiantaria de nada aumentar o consumo interno… Ou seja, seremos um eterno corredor de importação e exportação… Com o trigo ocorre muito isso… A segunda é de que os preços do trigo são muito voláteis (instáveis)… Assim como está R$ 45,00, com safra cheia e importações do Mercosul cai rapidamente para R$ 27,00… E creio eu o arroz deixará de ser competitivo (voltarão a usar farinha de trigo ao invés de farinha de arroz) e, consequentemente, teremos excedentes que não poderão ser desovados… Claro que quanto maior o leque (mix) de produtos derivados do arroz associado a produção de etanol (desovar mais ou menos de 2 a 3 milhões de toneladas) diminuiria os riscos e as incertezas… Basta uma supersafra e voltaremos a vender arroz a R$ 17,00 para a indústria e a R$ 25,80 para o governo… O produtor não tem mais margem para correr grandes riscos… Por isso estão optando pela soja… Eu ainda prefiro que haja uma demanda equilibrada com a oferta… Se o Brasil consome 12 milhões de toneladas e se se produzir 12 milhões não haverá tanta oscilação de preços… É uma questão de ajuste, de planejamento, de organização… Não sei se consegui me fazer entender, mas essa é a minha maneira de pensar.

  • o arroz tem jeito sim, é so o governo pensar nos produtores, trancando as importações e liberando o excedente para exportação isto e um pais agrícola produzindo e com produtor capitalizado e com planejamento de estoques para manter produto com preços estáveis para população

  • Prezado Sr. Flávio. Muito bom o seu comentário. É isso o que penso, temos que discutir mercado e este é que irá nos remunerar, embora com a incerteza que tem, precisamos correr alguns riscos (calculados) para sairmos deste problema que estamos, e que acompanho e escrevo desde 1987 e recém vemos alguma mudança. O risco faz parte da vida e do mundo dos negócios. Hoje o profissional que estuda risco é um dos mais bem remunerados, assim como as empresas tem que dedicar parte do seu lucro para a inovação. É uma característica do empreendedor assumir riscos. Quanto a monocultura já apontávamos num artigo publicado em 1993, assim como o arrendamento (terra e água), muito imobilizado e a comercialização. O problema do trigo apontado por autoridade no assunto é comércio também, pelo descomprometimento dos agentes de compra em que não organizam a produção nem estabelecem preço antecipado. No arroz acontece fato semelhante o que está obrigando os produtores a buscarem a venda do arroz já beneficiado. Então, temos que prosseguir no uso de estratégias comerciais tanto aos produtores quanto as agroindústrias ainda mais que estamos num mercado globalizado. Para atuarmos no comércio internacional temos que vender, mas também não podemos nos fechar para a importação. Talvez até esteja faltando esse conhecimento para os produtores observarem o que pode ser importado para o uso no seu negócio.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter