Irga está reunido com 12 países do Flar para tratar do andamento de programas de transferência de tecnologia
Um dos frutos desse intercâmbio será apresentado em agosto, quando as duas entidades lançarão juntas a cultivar IRGA-FL 431.
Participantes de 12 países do Fundo Latino Americano para o Arroz Irrigado (Flar) estão reunidos em Gramado, na Serra Gaúcha, com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) para discutir assuntos referentes à atuação do Fundo, como o andamento e os resultados dos programas de melhoramento e transferência de tecnologia, que acontecem em convênio entre as entidades. O encontro começou no último sábado (18) e termina nesta quinta-feira (23).
Luciano Carmona, líder do Programa de Agronomia e Transferência de Tecnologia do Flar, apresentou os resultados das atividades no último ano no Brasil, Argentina, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras e México; e a evolução do Projeto 10+. Carmona divulgou um relatório do programa ressaltando as atividades realizadas até o momento e apontando as expectativas para o futuro do 10+. “A gente acredita que o Projeto 10+ vai servir de modelo de transferência de tecnologia para todos os países associados, por isso, é muito importante fazer com que todos os membros entendam como funciona esse trabalho”, explica o consultor.
Participam do Comitê Administrativo gestores da entidade e países sócios do Flar. Esta semana, estão sendo discutidos todos os aspectos do programa do Comitê. Um tema relevante que está em debate é a proposta da criação de um escritório do Flar na América Central, para intensificar os trabalhos de agronomia e melhoramento na região. Outra questão em destaque, foi a dificuldade da Venezuela com a quitação das cotas de 2015 e 2016 com a instituição devido a problemas internos no País, o que vem dificultando a aquisição de dólares para arcar com os débitos.
O diretor técnico do Irga, Maurício Fischer, pediu que o melhorista do Flar para a região temperada, Yamid Sanabria, reforce ainda mais os trabalhos junto ao Irga, oferecendo toda a estrutura da instituição para que os projetos em melhoramento sejam intensificados. A questão dos royalties das variedades Flar também foi abordada no encontro. O Comitê Administrativo se reúne duas vezes por ano e serve para dar seguimento ao plano operacional do Flar.
A contribuição do Flar com as pesquisas do Irga vai além da coordenação técnica do Projeto 10+, que visa o aumento na produtividade e na rentabilidade dos produtores arrozeiros. “Graças ao Flar, o Irga tem acesso ao Instituto Internacional de Investigação do Arroz (IRRI), ao Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat – em Cali, na Colômbia), ao African Rice e ao Cirad (França), de onde advêm materiais genéticos para que nós possamos usar nas nossas pesquisas, desenvolvendo cultivares de alto potencial produtivo, resistentes a doenças, e de ampla adaptabilidade, características que nossos melhoristas buscam constantemente”, explica Guinter Frantz, presidente do Irga.
Um dos frutos desse intercâmbio será apresentado em agosto, quando as duas entidades lançarão juntas a cultivar IRGA-FL 431, durante o Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, também em Gramado. Esta nova variedade possui ciclo médio (sete dias a menos que o IRGA 424 RI/CL), além de alto potencial produtivo e excelente qualidade de grão.
O diretor-executivo do Flar, Eduardo Graterol, vislumbrou avanços para o setor. “Nós estamos apostando num futuro melhor para o arroz, que deverá ter ainda mais tecnologia e novas variedades em mais sistemas de transferência de tecnologia, de manejo e de cultivo. A grande dificuldade que os produtores de arroz enfrentam no Rio Grande do Sul, são similares às que os produtores de outros países enfrentam. Aqui nesta reunião, de uma maneira conjunta em um fórum internacional, nós estamos pontuando os principais desafios, oferecendo soluções importantes para superar essas dificuldades em todas as regiões produtoras.”
O Irga é sócio-fundador do Flar, que começou sua atuação em 1995 na área de melhoramento genético. Os trabalhos conjuntos em agronomia e transferência de tecnologia começaram em 2003, com o Projeto CFC (financiado pelo Fundo Comum de Comanditeis), que serviu de base ao Projeto 10 (anterior ao 10+). “Agora, mais de dez anos depois, estamos trabalhando no Projeto 10+ e isso é uma demonstração de que sempre há espaço para sermos mais competitivos. De algum modo, devemos seguir melhorando e levando mais tecnologia para o campo”, completou Graterol.
Durante o encontro do Comitê Administrativo do Flar, também foram lembrados os 50 anos da Revolução Verde, comemorados em novembro do ano passado.
O Flar
Fundado em 16 de janeiro de 1995 pelos países latino-americanos, o Flar – sigla do espanhol que significa Fondo Latinoamericano para Arroz de Riego -, é uma parceria público-privada para melhorar a competitividade e sustentabilidade dos sistemas de produção de arroz, com foco na eco-eficiência.
O organismo atende várias organizações ligadas ao arroz na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, além do Centro de Internacional Agricultura Tropical (Ciat), considerado um parceiro estratégico.
O trabalho de Flar é dividido em quatro áreas principais: melhoramento genético, adoção de tecnologias de manejo da cultura para o desenvolvimento de sistemas de produção de arroz, fortalecimento institucional e gestão do conhecimento.