Irga revisa perdas. Prejuízo é de 49%

Novo levantamento confere com os dados da UCR. Prefeito Ghignatti reforçará pedido de socorro.

O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) e entidades da cadeia produtiva fizeram ontem uma reunião extraordinária para revisão geral dos dados sobre os prejuízos causados pelas enchentes na lavoura arrozeira de Cachoeira do Sul. A revisão identificou perdas que deverão ficar em 49,1% ao final da safra. O novo balanço é alinhado com os números que já estavam sendo contabilizados pela Federarroz e União Central de Rizicultores (UCR), que apontavam um prejuízo na casa de 50%. Na semana passada, quando o Irga anunciou que o prejuízo era de 20%, a notícia causou estresse entre produtores, principalmente ao presidente da UCR, Pinto Kochenborger, que naquele mesmo dia estava em Brasília pedindo socorro ao Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

O coordenador regional do Irga, Jaceguay Barros, explicou ontem que as perdas de 20%, anunciadas na semana passada, eram referentes à área plantada que já estava totalmente perdida e identificada. “Hoje, agregadas novas informações, já estão em 22,3% (8.814 hectares), isto conforme dados que continuam sendo pesquisados. Outra coisa é a perda estimada final, a qual continua em 11.150 hectares. A estimativa de perda de produção, ao final da safra, é de 49,1%. Essa estimativa envolve a avaliação de outros aspectos, como área não plantada, despesas com replantio, infraestruturas perdidas ou danificadas, redução de produtividade e redução de qualidade industrial”, argumenta Barros.

SOCORRO – O prefeito Sérgio Ghignatti, que embarcou ontem para Brasília, deverá reforçar no Ministério da Agricultura o pedido de socorro para os produtores de arroz castigados pelos efeitos das enchentes. As reivindicações da cadeia produtiva já foram feitas ao ministro na semana passada e um novo relatório detalhado das perdas está sendo montado para ser apresentado no próximo dia 12 de fevereiro. A principal reivindicação dos produtores é a abertura de uma nova linha de crédito, que poderá ser acessada apenas pelos arrozeiros atingidos. O valor pedido é de R$ 170 milhões, com prazo de 10 anos para pagamento e juro de no máximo 2% ao ano.

ATENÇÃO

Participaram da reunião com o Irga para revisão dos dados de perdas na safra de arroz: os representantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário (Comagro), Fernando Cantarelli, o diretor da Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária (Smap), Vinícius Cornelli, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Carlos Joel da Silva, o conselheiro do Irga e representante da UCR, José Derli Mouralles, o assessor da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Diego Cruz, o agrônomo do Irga, José Patrício Freitas, e Jaceguay Barros.

PARA SABER MAIS

Os números revisados ontem

>> 39.560 hectares foi a área estimada para a Safra2009/10
>> 8.813 hectares já foram identificados com perda total (22,3%)
>> 10.150 hectares de área estimada com perda total (25,7%)
>> 280.876 toneladas de produção inicial estimada
>> 142.876 toneladas de produção final estimada
>> 49,1% de redução estimada na produção (138 mil toneladas)
Fonte: Irga

Importante
No início da safra, em decorrência de fatores como custo de produção, nível tecnológico, recursos disponíveis e perspectiva de mercado, o Irga identificou junto aos produtores uma estimativa da safra 2009/10 com 39.560 hectares e produtividade média de 7,1 mil quilos de arroz por hectare. A partir do início do período de plantio, as ocorrências climáticas afetaram todas as áreas, ocasionando até o momento perdas acumuladas que indicam uma redução que poderá ultrapassar aos 49,1%. O percentual de perdas só poderá ser realmente confirmado ao final da colheita. Para obter melhor produtividade nas áreas remanescentes, o Irga recomenda aos produtores que procurem a assistência técnica para um manejo adequados, principalmente na irrigação, monitoramento e controle de pragas e doenças.

UMA PERGUNTA

O que os produtores de arroz estão
pedindo ao Governo Federal?

1. Disponibilizar R$ 170 milhões através de crédito emergencial para todos os produtores atingidos. O valor deve corresponder ao valor do desembolso do custo de produção de plantio da cultura do arroz, equivalente a R$ 2,5 mil por hectare. Os estudos preliminares apontaram perda total em 70 mil hectares. O prazo de pagamento será de 10 anos, com carência de três anos, amortização anual e taxa de juros de 2% ao ano.
2. Rebate de 90% do custeio da safra 2009/10 para produtores com perdas acima de 50% e proporcional à área financiada e efetivamente perdida. Prorrogação do saldo devedor em cinco parcelas.
3. Rebate nas parcelas de investimentos vencíveis em 2010 e 2011. Para os produtores com perdas de até 50%, rebate proporcional à área perdida. Para os produtores com perdas acima de 50%, rebate de 90% nas parcelas.