Japão: terremoto atingiu 18% das áreas de arroz do país

Embora o plantio de arroz ainda esteja a algumas semanas de iniciar e as cargas de milho venham sendo desviadas para portos no sul do Japão, o atraso na produção e no fornecimento de ração animal pode resultar em demanda maior por carnes de outras origens.

O Japão deve aumentar as importações de alimentos processados ou prontos para consumo no segundo trimestre, enquanto luta para se recuperar das consequências do terremoto e do tsunami que atingiram o país recentemente. A crise nuclear que sucedeu a tragédia aumentou as preocupações relacionadas à contaminação de alimentos dentro do país. As áreas atingidas pelo terremoto, no norte do Japão, produzem 33% da ração animal do país e 18% do arroz, e são uma importante fonte de produtos marinhos.

Após a identificação de radiação em amostras de alimentos, há pedidos para que seja interrompida a circulação de produtos provenientes da área afetada. Foram encontradas partículas de iodina-131 radioativa na água do mar a 16 km da usina nuclear prejudicada pelo terremoto. Os produtos marinhos da área próxima aos reatores nucleares não serão comercializados. A área próxima a Fukushima, onde está a usina, é famosa por sua aquicultura com ostras, mariscos e moluscos em geral.

Pode levar de dois a três anos para que as áreas fiquem novamente livres de radiação. Enquanto isso, esses itens terão de ser produzidos com mais intensidade no sul do Japão, nos mares de Mie e Sado. Embora o plantio de arroz ainda esteja a algumas semanas de iniciar e as cargas de milho venham sendo desviadas para portos no sul do Japão, o atraso na produção e no fornecimento de ração animal pode resultar em demanda maior por carnes de outras origens. As importações de alimentos processados deverão aumentar.

A demanda japonesa para importação de carne suína vai crescer ainda mais. O Japão já é o maior importador mundial de carne suína. Deverá haver circulação maior tanto de alimentos embalados quanto de produtos agrícolas, do sul ao norte do Japão, para minimizar o risco de contaminação da comida. Fabricantes de ração animal estão tentando superar a situação aumentando bastante a produção. Muitas indústrias estão fazendo mudanças. A produção de ração pode crescer até 30% em Hokkaido e 20% em Shibushi, além do nível normal. Mesmo em Kashima, atingida pelo terremoto, a produção pode aumentar 40%, apesar da necessidade de se receber milho importado em outros portos e ter de transportá-lo dentro do país.

Mas, a despeito dos esforços, nos próximos 6 meses as importações de milho para produção de alimentos e ração devem cair de 8% a 16%, levando a um aumento da demanda por alimentos processados e congelados de outros países. Os criadores de animais costumam estocar um volume limitado de ração, e o processo de retirar os animais das fazendas vem sendo dificultado pelas condições das estradas e pela falta de combustível para uso imediato. Os portos duramente afetados pelo desastre levarão de quatro a seis meses para serem reparados. Por enquanto, a possibilidade de que alimentos contaminados cheguem a outros países parece remota, pois o Japão não é grande exportador de alimentos e produtos agrícolas. Ainda assim, muitos países estão avaliando os produtos japoneses importados, em alerta para o risco de contaminação radioativa.

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