Julho fecha com alta nos preços do arroz, mas podia ter sido melhor

Mas, a última semana do mês registrou cotações menores e aumento da oferta pelo produtor no Rio Grande do Sul. Santa Catarina e Mato Grosso mantêm estabilidade nos preços.

Deu a lógica no final do mês de julho: Depois de abrirem o mês em alta e estabilizarem no início da segunda quinzena, as cotações do arroz apresentaram recuo na última semana de julho. As cotações, que alcançaram média de R$ 28,05 na semana entre 13 e 17 de julho, fecharam a semana com média de R$ 27,87 para a saca de arroz em casca de 50 quilos posta na indústria (frete incluso). A cotação desta sexta-feira (31/07) é ainda mais baixa: R$ 27,78.

A boa notícia é que, apesar desta baixa no final do mês, os preços do arroz acumularam alta de 2,76% em julho. O índice poderia ser melhor, pois a alta andou na casa de 3,6%. Em dólar, com esta moeda atingindo as mais baixas cotações em Real em 10 meses esta semana, o preço do arroz foi elevado em 7,7%, de US$ 13,92 para R$ 14,82.

Essa evolução não é tão positiva, pois favorece a importação de arroz do Uruguai e da Argentina, principalmente pelos Estados brasileiros que têm vantagens tributárias na compra do produto beneficiado. Ao mesmo tempo, a alta cotação em dólar desestimula a venda externa brasileira, que vêm batendo recordes. Embora o Brasil ainda não seja um país autosuficiente em produção de arroz, a exportação é importante para assegurar o equilíbrio no balanço com as importações do Mercosul e os estoques governamentais em patamares ajustados.

A retração nas cotações está diretamente associada a dois fatores: vencimento de parcelas de dívidas renegociadas e custeio e formação da nova lavoura, mas também sofre a interferência de fatores externos, como o câmbio. Nos últimos 10 dias, depois da absoluta falta de oferta de arroz no mercado gaúcho, o produtor voltou a ofertar volumes significativos.

A indústria, já esperando este movimento em razão dos vencimentos de custeio e da necessidade de liquidez para a compra de insumos, retirou-se do mercado ou passou a negociar em seu terreno, forçando uma baixa de preços. Por sua vez, há dois meses a indústria tem dificuldades de repassar a alta do preço pago pela matéria prima na ponta, aos supermercados. O alongamento das férias escolares de inverno em quase todo o País, em razão do surto da chamada “gripe suína”, também vem afetando a comercialização.

Com vencimentos de custeio, Pesa, Securitização e outros penduricalhos financeiros, além da necessidade do produtor transformar produto em dinheiro para ter vantagens na compra de insumos à vista, ou com um bom sinal, boa parte dos agentes de mercado está prevendo um mercado mais fraco para agosto, mantendo os mesmos patamares atuais ou caindo, até meados da segunda quinzena.

A realidade é que o arrozeiro está forçando a venda de maneira muito concentrada, um movimento muito previsível que a indústria, os atacadistas e o varejo já conhece.

O mercado livre teve uma semana de forte oferta e um volume de negócios um pouco maior do que na semana anterior, com negociações no prazo por até R$ 31,00 na fronteira, para pagamento nas parcelas do custeio. Preços em média entre R$ 27,00 e R$ 28,00 para a saca na maioria das praças, com maior tendência ao valor mais baixo.

O produtor seguiu pedindo R$ 28,00, mas diante do volume de oferta que percebeu, passou a contentar-se com os R$ 27,00. A indústria, por sua vez, cravou a referência de R$ 27,00 para a compra e, em alguns casos, chegou-se a assinalar R$ 26,50 acima, mas sem grande sucesso. O Litoral Norte manteve comercialização de arroz das variedades nobres e mais de 63% de inteiros acima de R$ 30,00 a saca, com R$ 27,50 a R$ 28,00 para o 422CL e “similares”.

Praças como São Sepé, Cachoeira do Sul, Santa Maria, Dom Pedrito, Alegrete, São Gabriel, Rosário do Sul, Restinga Seca e Guaíba fecharam a semana com preços mais próximos de R$ 27,00 a R$ 27,50 e alto volume de oferta.

Pelotas e Camaquã mantiveram cotações médias de R$ 28,00 a R$ 28,50 para produto colocado na indústria, bem como Itaqui e São Borja. Uruguaiana, apresentou média pouco inferior.

Em Santa Catarina, as médias de preços do arroz também oscilaram entre R$ 28,50 e R$ 29,50, dependendo da região. No Mato Grosso do Sul, o mercado se mantém bastante frio, com a indústria comprando baixos volumes e o produtor ofertando bastante. Chama a atenção a demanda por arroz Cirad para fora do Estado, que nesta época já fica bom de panela e costuma ser misturado com variedades do Sul e mesmo Cambará e, tradicionalmente, o Primavera, pelas “empacotadoras”.

BENEFICIADO

A saca de 60 quilos do arroz agulhinha, tipo 1, beneficiado, posto em São Paulo, registrou elevação, em cotação média de R$ 74,90, com ICMS incluso, variando da mínima de R$ 70,50 até R$ 79,80. O tipo 2 acompanhou a alta com média de R$ 71,00. Já o fardo de 30 quilos de arroz beneficiado, do tipo 1 tem média de R$ 43,70. O parboilizado, tipo 1, é cotado entre R$ 41,00 e R$ 43,50.

CORRETORA

A Corretora Mercado manteve os preços, com referencial de R$ 27,80 para o arroz gaúcho em casca, saca de 50 quilos (58×10). O beneficiado, em 60 quilos, é cotado em R$ 58,00. Nos subprodutos, o canjicão manteve cotação em R$ 28,00, a quirera em R$ 22,00 a saca, e o farelo de arroz se manteve em R$ 260,00 a tonelada.

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