Lavouras encolhidas pelos custos elevados

Para o próximo verão, por ora, só a soja mantém perspectiva de seguir avançando.

A alta nos custos de produção poderá inibir o plantio no próximo verão, reduzindo o espaço dedicado a algumas culturas no Estado. O ciclo está recém iniciando, com as primeiras áreas de milho sendo semeadas nas Missões e no Noroeste, segundo levantamento da Emater, mas já há perspectivas de recuo.

Importante polo de produção de arroz, a Fronteira Oeste poderá ter, segundo projeção inicial da regional do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), encolhimento médio de 7% na área.

"O que mais está atrasando o plantio não é o clima. É a dúvida se vale plantar, pelo custo de produção e pela falta de liquidez na venda", observa Ivo Mello, coordenador da regional do Irga, um dos especialistas ouvidos no ciclo de palestras do agronegócio realizado por Zero Hora em Itaqui.

No município, que tem a segunda maior área de arroz do Estado – 82,5 mil hectares –, a Associação dos Arrozeiros prevê recuo de 10% a 15%. Custo e cenário econômico de crise estão entre os fatores inibidores, segundo o presidente da entidade, Ronaldo Busatto: "O produtor sempre contou com os recursos de financiamento de pré-custeio, que, neste ano, não vieram. Isso o obrigou a queimar estoque, vendendo a preço menor."

Presidente do Sindicato Rural de Itaqui e Maçambará, Carlos Eduardo Lima concorda. Sem o financiamento do pré-custeio, o produtor precisou vender o cereal por valor menor e ficou com poucos recursos para a nova safra, o que traz um efeito cascata.

"O setor de insumos está sentindo isso", completa Lima. Cem por cento irrigada, a lavoura de arroz tem custo elevado com energia e diesel, que tiveram reajustes significativos. Por outro lado, o aumento do preço mínimo do cereal não acompanhou o ritmo da alta dos custos, e o cálculo feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está na mira de entidades como Federarroz e Federação da Agricultura (Farsul), que participam de grupo montado pelo Ministério da Agricultura para tratar do tema. Mudanças poderão vir. Para este verão, por ora, só a soja mantém perspectiva de seguir avançando.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter