Levantamento da Conab eleva estimativa de safra
De acordo com a Conab, a colheita de arroz será 3,2% menor – 11,2 milhões de toneladas.
Soja e milho vão responder por 83% da safra brasileira, inflada pelo clima favorável às lavouras. São Pedro ajudou e o produtor brasileiro está colhendo uma safra recorde: 131,1 milhões de toneladas, 8,6% superior à passada – o equivalente a quase que uma colheita inteira de arroz – e 2,7% maior que a projeção do mês passado.
Milho, soja e algodão foram os responsáveis pelo aumento. A maior produção trará também renda superior (ver matéria abaixo). É a maior safra da história, desde a temporada 2002/03, quando foram colhidas 123,1 milhões de toneladas.
De acordo com as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgadas ontem, apesar da redução na área plantada – uma vez que o setor vinha de dois anos seguidos de crise – houve aumento na produção, em virtude do clima favorável.
– Quando ele plantou, a perspectiva já era de preços melhores e o desenvolvimento climático foi adequado. O que foi cultivado, mesmo com redução de área, foi corretamente – diz Amaryllis Romano, diretora da Tendências Consultoria.
O gerente de Avaliação de Safras da Conab, Eledon Oliveira, explica que o produtor escolheu as áreas mais produtivas no momento de plantio que, com o clima favorável, proporcionou rendimentos mais altos. É o caso do milho e da soja, cujas produtividades média serão 16% maiores.
Segundo as estimativas da Conab, o País vai colher 57,96 milhões de toneladas de soja, 8,5% a mais que na temporada 2005/06. Para o milho, a expectativa é de 51,1 milhões de toneladas – sendo 36,6 milhões da primeira colheita e 14,4 milhões da safrinha – resultado 20,1% superior à safra passada.
– Esta safra mostra que o Brasil se converteu não apenas em um grande exportador de soja, mas também de milho, ou seja, é o resultado da internacionalização das culturas que já tínhamos um pé no mercado externo. E por outro lado, a estagnação daquelas voltadas para o mercado doméstico – diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores.
De acordo com a Conab, a colheita de arroz será 3,2% menor – 11,2 milhões de toneladas.
A diferença entre a estimativa atual e a anterior, de 3,45 milhões de toneladas na safra total de grãos, veio principalmente do milho: 853,3 mil toneladas a mais da primeira safra e 1,4 milhão de toneladas a mais da safrinha. Os demais acréscimos vieram da soja – 1,25 milhão de toneladas – e do algodão – 64,9 mil toneladas (em caroço).
Os números da Conab surpreenderam a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
– O câmbio e esta produção podem derrubar os preços internamente – diz Pedro Arantes, membro da Comissão de Grãos da CNA.
Segundo ele existem pelo menos 15 milhões de toneladas, entre safrinha e lavouras que ainda não foram colhida, que podem ter seus resultados modificados.
Oliveira diz que, para as próximas estimativas, a Conab pode modificar os dados da safrinha de milho, assim como a colheita de arroz – que sofreu prejuízos em Mato Grosso e no Rio Grande do Sul. Em maio a estatal deve divulgar os primeiros números para a produção de trigo.
Fábio Silveira explica que a safra recorde de milho – principalmente em virtude de uma safrinha histórica – é resultado da maior atratividade para as exportações e dos preços internacionais.
Ontem a Conab reviu em 1 milhão de toneladas as estimativas para exportação do cereal: 7,5 milhões de toneladas. Segundo ele, os embarques recordes podem impedir uma alta do preço do grão no mercado interno.
– Isso alivia um pouco os produtores de aves e suínos – lembra Amaryllis.