Limitações criaram filas de clientes em Portugal

Racionamento era de 80 kg/cliente.

O administrador delegado da cadeia de supermercados alemã Lidl, Stephen Limbach, deu ontem ordem para suspender a medida de racionamento de arroz, de dez quilos por pessoa, nas lojas em Portugal, depois da intervenção do secretário de Estado da Defesa do Consumidor.

Em declarações ao CM, Fernando Serrasqueiro explicou que o Lidl “estava a fazer uma restrição de venda de dez quilos por cliente por referência de arroz [marca]. Ora, como tem oito referências, na verdade podia vender 80 quilos de arroz a cada cliente”. Assim, e tendo em conta que o consumo médio de arroz de uma família portuguesa é de 15 quilos por ano, o Lidl estava a vender arroz suficiente para uma família durante cinco anos…

Dizendo-se surpreendido com a notícia, e receando uma “corrida ao consumo de arroz”, Fernando Serrasqueiro contactou Stephen Limbach na Alemanha, que lhe explicou que a razão para o racionamento tinha a ver com o alegado facto de os clientes profissionais (restaurantes, por exemplo) estarem a comprar acima do normal.

Mas a verdade é que o Lidl tomou a decisão de restringir a venda ignorando um diploma de 1993 que obriga o vendedor a provar a causa. Isto é, alegando ruptura de stocks. Mas, tal como disse Fernando Serrasqueiro ao CM:

– O fornecedor do Lidl disse-me que ele próprio foi surpreendido pela notícia e garantiu que não havia problema de stocks.

Segundo o secretário de Estado, a sua intervenção foi no sentido de garantir que “não havia anormalidade no mercado, pois podia criar-se uma situação de alarmismo”, sublinhado a disponibilidade da empresa alemã para resolver a situação.

UNIÃO EUROPEIA É EXCEDENTÁRIA EM CEREAIS

Para combater a subida dos preços, a Comissão Europeia apresentou uma estratégia que inclui o fim do pousio nos campos de cereais e o aumento progressivo das quotas de produção de leite.

Apesar da referida crise alimentar, o ministro da Agricultura português, Jaime Silva, garante que tanto na Europa como a nível mundial está prevista “uma colheita-recorde de 650 milhões de toneladas”, o que deixa a Europa com um excedente de cereais de 50 milhões de toneladas. Relativamente ao arroz, Portugal produz cerca de 150 mil toneladas, o que não chega para o consumo, que ronda as 200 mil toneladas por ano.

SAIBA MAIS

AUMENTOS

As subidas nos preços do arroz ainda não foram significativas. Mas o sector fala “numa especulação inexplicável” para o futuro.

15,5

Quilos por ano é consumo médio de arroz de uma família portuguesa.

16%

foi o aumento total verificado no preço da revenda até ao final do mês passado. O arroz carolino, o mais vendido em Portugal, ronda os 69 cêntimos mais IVA.

STOCKS

Os super e hipermercados ainda têm stocks que permitem, por mais algum tempo, manter os preços quase inalterados.

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