Mais silvestre

 Mais silvestre

Trabalho desenvolvido pela pesquisadora Priscila Rangel é o único no mundo com esse tipo de variedade silvestre de arroz

Arroz branco pode ganhar características do primo selvagem
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As características vantajosas de uma espécie silvestre de arroz serão incorporadas em novas variedades comerciais deste cereal que serão lançadas nos próximos anos. Pesquisa com este objetivo é desenvolvida pela Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás (GO) e já se destaca no meio científico. O objetivo é criar plantas mais produtivas usando a estrutura genética da espécie silvestre (Oryza glumaepatula) em cruzamento com variedades comerciais. No final do ano passado, o estudo rendeu para a pesquisadora Priscila Nascimento Rangel o terceiro lugar no Prêmio Jovem Cientista, um dos mais reconhecidos no meio científico. Priscila trabalha com orientação da doutora em Biologia Molecular Rosana Pereira Brondani, da Embrapa. 

Segundo Priscila, a Oryza glumaepatula é uma espécie silvestre brasileira com grande potencial para o aumento da produção de grãos do arroz. Essa planta silvestre pode ser encontrada em muitas regiões do Brasil, principalmente nas áreas alagadas do Pantanal Mato-grossense e na Amazônia. O cruzamento do arroz silvestre com o branco permitiu aumentar a variabilidade genética das plantas, ampliando assim o potencial de produtividade das linhagens resultantes. O cruzamento também favoreceu a introdução de caracte-rísticas favoráveis às novas plantas, como mais vigor. 

Os testes de aplicação da pesquisa foram realizados em pequenas propriedades rurais da cidade de Caldas Novas (GO). Segundo Priscila Rangel, do uso da planta silvestre como fonte doadora de genes resultou o surgimento de 35 novas linhagens. Na opinião da pesquisadora, essas novas plantas poderão revolucionar a história da cultura do arroz, que nas últimas décadas mostrou o estreitamento da base genética das cultivares. 

As novas linhagens estão disponíveis para serem utilizadas no programa de melhoramento genético da Embrapa e seus parceiros. Além disso, algumas delas já estão sendo avaliadas para serem utilizadas como cultivares em sistemas de produção de pequenas propriedades. 

Questão básica
A pesquisa descobriu que além da alta produtividade no cultivo principal, as novas linhagens possuem elevada capacidade de rebrota, uma herança da espécie silvestre. O cultivo da rebrota, também conhecida como soca, é uma alternativa para o agricultor aumentar a produção com baixo custo. Com as novas linhagens, a segunda colheita pode ser feita cerca de 40 dias após a colheita principal, proporcionando um incremento de 35% na produção. A média de produtividade alcançada por essas novas linhagens, usando o manejo de socas, chegou a 10 mil quilos de arroz por hectare cultivado.

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