Principais doenças do arroz

 Principais doenças do arroz

Foto: Sebastião Araújo

BRUSONE

A brusone, causada pelo fungo magnaphorthe oryzae barr, forma imperfeita pyricularia oryzae, é considerada a doença mais importante do arroz e ocorre em todo o Brasil. Os prejuízos são variáveis, sendo maiores em arroz de terras altas, na Região Centro-Oeste e Norte, sob o clima tropical, e podem comprometer em até 100% a produção sob ataques severos.

Ocorre também em gramíneas comuns em campos de arroz e trigo, como: cenchrus echinatus (capim-carrapicho), eleusine indica (capim pé-de-galinha), digitaria sanguinalis (capim colchão), brachiaria plantaginea (papuã), echinocloa crusgalli (capim arroz), rhynchelytrum roseum (capim favorito), hyparrhenia rufa (capim-jaraguá) e pennisetum setosumi (capim-elefante).

Todas as fases do ciclo da doença são altamente influenciadas pelos fatores climáticos. A deposição de orvalho ou gotas de chuva nas folhas é essencial para a germinação dos conídios e para o início da infecção. De maneira geral, são necessárias altas temperaturas, de 25 a 28 ºC, e umidade acima de 90%. O clima abafado e nublado no Sul do Brasil é apontado como ideal para o desenvolvimento da doença em nível de dano econômico.

Sintomas

A doença ocorre desde o estágio de plântula até a fase de maturação da cultura. Os sintomas nas folhas iniciam-se com a formação de pequenas lesões necróticas de coloração marrom, que aumentam e se tornam elípticas, de margens marrons e centro cinza ou esbranquiçado. Em condições favoráveis, causam a morte das folhas e, às vezes, da planta inteira.

Os sintomas característicos nos nós são lesões de cor marrom, que podem atingir o colmo próximas aos nós atacados. A infecção do nó da base da panícula é conhecida como brusone do pescoço, pois a lesão marrom circunda a região nodal e provoca estrangulamento. As panículas ficam esbranquiçadas, sendo facilmente identificadas no campo. Diversas partes da panícula, como ráquis, ramificações primárias e secundárias e pedicelos, também são infectadas.

Foto: Antônio Pereira da Silva Filho
Folhas e plantas mortas por brusone nas folhas/ Foto: Antônio Pereira da Silva Filho
Brusone nos nós./ Foto: Sebastião Araújo
Brusone no pescoço./ Foto: Valácia L. S. Lobo

Controle

Os danos causados pela brusone podem ser reduzidos pelo uso de cultivares resistentes, pelas práticas culturais e pelo uso de fungicidas, utilizados de forma integrada no manejo da cultura, como:

  1. Preparo do solo; Adubação equilibrada; Evitar crescimento vegetativo exagerado da planta; Uso de sementes de boa qualidade fitossanitária e fisiológica; Plantio feito em um período mínimo de tempo e iniciado no sentido contrário à direção predominante do vento; Profundidade de plantio uniforme; Densidade de semeadura recomendada para a cultivar ou sistema de plantio; Controle de plantas daninhas; Destruição de plantas voluntárias e doentes; Bom nivelamento do solo; Troca de cultivares semeadas a cada três ou quatro anos; Plantio no início do período das chuvas; Emprego de fungicidas aplicados em tratamento de sementes e em pulverização da parte aérea.

MANCHA DE GRÃOS

A mancha de grãos é associada a mais de um patógeno fúngico ou bacteriano e é importante na cultura do arroz. Além de depreciar a aparência dos grãos e reduzir a qualidade, a doença causa redução da massa dos grãos e perda no rendimento industrial.

Os principais patógenos causadores da mancha de grãos incluem bipolaris oryzae, phoma sorghina, alternaria padwickii, pyricularia oryzae, rhynchosporium oryzae, sarocladium oryzae, curvularia spp., nigrospora sp., fusarium spp., coniothyrium sp., epicoccum sp., phythomyces sp. e chaetomium sp.

As bactérias que causam descoloração de grãos incluem pseudomonas fuscovagina e erwinia spp. Os fungos predominantemente associados com a mancha de grãos em arroz irrigado, no Estado do Tocantins, são b.oryzae, a.padwickii e c.lunata.

Sintomas

As manchas aparecem desde o início da emissão das panículas até o amadurecimento. Os sintomas são variáveis e dependem do patógeno predominante, do estágio de infecção e das condições climáticas. A olho nu é difícil identificar os patógenos envolvidos.

A doença é favorecida pela ocorrência de chuva e alta umidade durante a formação dos grãos. O acamamento, por provocar o contato das panículas com o solo úmido, contribui também para aumentar a descoloração dos grãos, bem como os danos causados por insetos, em especial o percevejo, que predispõem os grãos à infecção por microrganismos.

Mancha de grãos/ Foto: Valácia L. S. Lobo

Controle

O tratamento de sementes com fungicida diminui o inóculo inicial, aumenta o vigor e o estande inicial. Uso de cultivares resistentes, quando disponíveis, e uso de fungicidas sistêmicos no início da emissão das panículas também são medidas efetivas de controle.

MANCHA PARDA

A mancha parda, causada pelo fungo bipolaris oryzae, é uma doença comum no Brasil e assume importância econômica em arroz. Este fungo é um dos principais patógenos da mancha de grãos.

As sementes infectadas e os restos culturais são considerados inóculo inicial da doença. A disseminação de conídios pelo ar é responsável pela infecção secundária. O fungo pode sobreviver em sementes infectadas de um a quatro anos.

O principal fator que influencia a incidência da mancha parda é a baixa fertilidade do solo, com baixos níveis de potássio, manganês, magnésio, silício, ferro e cálcio. A temperatura ótima para infecção varia entre 20 e 30 ºC, a umidade relativa superior a 89%, além de ser favorecida pelo molhamento das folhas.

Sintomas

A doença afeta a emergência das plântulas nas lavouras semeadas em outubro, logo no início do período chuvoso, e as plantas adultas próximas da maturação. As sementes infectadas apresentam redução na germinação e, em geral, os grãos manchados causam perdas no rendimento de grãos no beneficiamento.

Na emergência das plântulas, o fungo causa lesões no coleóptilo de cor marrom e formato circular ou oval. Nas folhas, os sintomas geralmente manifestam-se logo após a floração, com lesões circulares ou ovais com margem parda ou avermelhada e centro acinzentado ou esbranquiçado.

As lesões nas bainhas são semelhantes às lesões típicas nas folhas. Nos grãos, as glumas apresentam manchas marrons escuras que, muitas vezes, coalescem cobrindo o grão inteiro. Quando se manifesta, logo após a emissão das panículas, a infecção provoca a esterilidade das espiguetas.

Mancha parda nas folhas/ Fotos: Valácia L. S. Lobo

Controle

O tratamento de sementes com fungicidas reduz o inóculo inicial. Uso de cultivares resistentes e fungicidas sistêmicos no início da emissão das panículas são medidas efetivas de controle.

ESCALDADURA

A escaldadura, causada pelo fungo monographella albescens, estado imperfeito rhynchosporium oryzae, está entre as principais doenças do arroz. A epidemia da doença é comum nas lavouras plantadas em rotação com soja. Em geral, é uma doença importante em ambientes com alta precipitação pluvial.

As fontes de inóculo primário são sementes infectadas e restos culturais. As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da escaldadura das folhas são alta pluviosidade, temperatura média entre 24 e 28°C, períodos prolongados de orvalho, alta densidade de semeadura e adubação nitrogenada em excesso. Danos causados por insetos constituem uma porta de entrada para o patógeno.

Sintomas

A escaldadura das folhas exibe mais de um tipo de sintoma. O mais característico é identificado nas extremidades apicais das folhas mais velhas ou nas bordas das lâminas foliares, onde se observa o aparecimento de manchas de coloração verde-oliva, sem margens bem definidas.

As lesões evoluem formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores marrom clara e escura. As lesões coalescem e causam necrose e morte da área foliar.

Uma incidência severa de escaldadura, ao causar perdas de área foliar, paralisa o crescimento das plantas em pleno estágio de emborrachamento e afeta a quantidade e a qualidade dos grãos.

Normalmente, as lavouras afetadas apresentam um amarelecimento generalizado, com as pontas das folhas secas e altura irregular das plantas. Outro tipo de sintoma é caracterizado por pontuações de cor marrom ao longo das folhas, semelhantes aos sintomas iniciais da mancha de grãos.

A escaldadura também pode afetar as bainhas e provocar sintomas parecidos com os das folhas. Nos grãos o fungo causa pequenas manchas do tamanho da cabeça de alfinete e, em casos severos, provoca descoloração das glumelas, tornando-as marrom-avermelhadas.

Escaldadura nas folhas/ Foto: Sebastião Araújo

Controle

Uso de sementes de boa qualidade e aplicação de fungicidas em tratamento de sementes e em pulverização são indicados para o controle doença. A rotação de cultura ajuda a diminuir a incidência da doença.

FALSO CARVÃO

É conhecida também como carvão verde. Sua ocorrência é esporádica e afeta poucas panículas dentro da lavoura. No Brasil, ocorre principalmente em terras férteis e no cultivo intensivo de arroz irrigado.

A doença chama a atenção do produtor devido à sintomatologia apresentada. É causada pelo fungo ustilaginoidea virens. O fungo sobrevive em restos de cultura e é disseminado pelo vento e pela água. As sementes podem veicular estruturas fúngicas. A alta umidade, chuvas contínuas durante a emissão das panículas, altas temperaturas e excesso de adubação nitrogenada favorecem a incidência do falso carvão.

Sintomas

Os sintomas se manifestam na fase de maturação. A doença é observada tipicamente nos grãos, na forma de uma massa arredondada de coloração verde-olivácea e aspecto pulverulento, de tamanho variável entre 4 e 10 mm de diâmetro. Onde também se manifesta como uma massa de tamanho reduzido contida pelas glumelas.

Falso carvão em arroz/ Foto: Valácia L. S. Lobo

Controle

Não há necessidade de controle químico. Recomenda-se que nas lavouras destinadas à produção de sementes as panículas infectadas sejam coletadas e imersas em querosene.

CÁRIE OU CARVÃO DOS GRÃOS

Essa doença apresenta ocorrência ocasional e causa pequenos danos, porém, em algumas safras ou ano, e, em algumas regiões, os danos podem ser mais elevados e causar prejuízos na produção.

É observada no campo durante a fase de maturação fisiológica dos grãos. O agente causal da doença é tilletia barclayana. A disseminação dos esporos do fungo é feita pelo vento. A doença é favorecida pelo excesso de nitrogênio, alta luminosidade, baixa precipitação pluvial e temperaturas entre 25 a 30ºC, especialmente durante o estágio de antese.

Sintomas

A doença caracteriza-se por apresentar pequenas pústulas pretas, por meio da ruptura das glumas ou aparecimento sobre o grão, que fica quebradiço como se fosse um dente cariado. O grão pode ficar inteiramente substituído pela massa negra de esporos.

Uma das particularidades da doença é o fato de ela não ser sistêmica, ou seja, não é transmitida pela semente. Os teliósporos permanecem viáveis por até três anos em grãos armazenados.

Cárie ou carvão do grão/ Foto: Valácia L. S. Lobo

Controle

Algumas práticas de manejo podem ser adotadas para diminuir os danos, como alternância de cultivares; adubação nitrogenada equilibrada; rotação de cultura e escalonamento da data de plantio.

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