Manejo integrado combate pragas e doenças em arrozais

Controle de pragas com manejo integrado mostra eficiência no Centro Oeste brasileiro.

O que é melhor curar? A febre ou a doença que a provoca? Responder a essa pergunta significa optar pelo tratamento do efeito (a febre) ou da causa (a doença) de um determinado problema. Assim como no corpo humano habita uma série de microorganismos que coexistem pacificamente conosco, na lavoura esses organismos também se encontram no solo, nas plantas e nos organismos dos animais.

Desta forma, partindo da prevenção e do ataque às causas geradoras de desequilíbrio metabólico em plantas e animais, é que os pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás/GO), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realizam o manejo integrado de pragas (MIP), um método bem sucedido de controle das pragas e doenças.
Neste sistema, o manejo integrado de pragas baseia-se no inter-relacionamento dos elementos dos agroecossistemas, tais como clima, solo, planta, medidas culturais, organismos benéficos, controle químico e fitófagos, constituindo-se num plano de medidas voltados para diminuir o uso de agrotóxicos na produção convencional.

Os pesquisadores da Embrapa têm implantado o MIP em várias culturas, principalmente, nas culturas de feijão e do arroz de terras altas, na região do Cerrados. O Brasil é o maior produtor de arroz de terras altas do mundo, com uma área cultivada de 2,3 milhões de hectares, correspondendo a 64,7% da produção brasileira. A produtividade média é, ainda, baixa, 3.234 Kg/ha, devido á ocorrência de veranicos e às doenças, principalmente a brusone, que ataca as folhas do arroz, causando a morte e, muitas vezes, até mesmo da planta inteira.

Embora as doenças em arrozais ocorrem em todo o território brasileiro, os prejuízos são variáveis, sendo maiores em arroz de terras altas, na Região do Centro-Oeste, onde as condições ambientais são favoráveis aos ataques de insetos invasores, principalmente às perdas na produtividade devido à brusone, a mais expressiva doença que afeta a cultura do arroz no Brasil e no mundo.

O manejo integrado da brusone, como a de outras doenças, requer um conjunto de medidas preventivas, cujos componentes são a resistência genética da cultivar, as práticas culturais e o controle químico, tendo por objetivo o aumento da quantidade e da qualidade do produto através da redução da população do patógeno a níveis toleráveis.

Uma outra estratégia especificamente relacionada ao combate à brusone no arrozal trata-se do uso de cultivares mais resistentes e plantio cedo no início das chuvas, como medida econômica de controle das doenças. Uma série de cultivares de arroz desenvolvidas para o sistema de cultivo de terras altas, visando a resistência à brusone e a qualidade de grãos foram desenvolvidas pelos pesquisadores da Embrapa.

Segundo o biólogo da Embrapa Arroz e Feijão, Anne Sitarama Prabhu, o manejo integrado de pragas, bem como o de doenças e de plantas daninhas em arroz, devem ser considerados como parte do manejo geral da cultura, de modo que sua incorporação ao sistema produtivo contribua para preservar o meio ambiente e resulte em benefício para o orizicultor.

As cultivares melhoradas de arroz de terras altas, destacando-se a Rio Paraíba, Primavera, Caiapó e Guarani, apresentam alto grau de suscetibilidade, quando comparadas com outras cultivares, como a Confiança, Canastra e Maravilha. Entretanto, o comportamento destas cultivares pode variar de acordo com os diferentes ambientes e locais de cultivo no Centro-Oeste.
“Recomenda-se que o produtor escolha a variedade mais adequada, dentro das características de sua localidade e que, na colheita do arroz, seja feita quando 2/3 das panículas estiverem maduras, ou seja, quando os grãos estiverem com 22% de umidade”, orienta Prabhu.

Reunindo todas estas características, a integração de práticas culturais e o controle com o plantio das cultivares de terras altas, melhoradas para qualidade de grãos e com diferentes graus de resistência, oferece controle adequado de doenças e com pouco ou nenhum custo adicional.

O MIP é um conceito aberto, por definição, a todas as tecnologias, modernas ou mais antigas, que permitem controlar com eficiência as pragas e doenças muito numerosas e diversificadas, com os menores custos econômico e ambiental.

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