Marcha a ré
Mercosul reduzirá em 5%
a área de arroz. Exceção
é crescimento do Paraguai.
Somados, os quatro países que formam o Mercado Comum do Sul, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, reduzirão em 5,1% a área cultivada com arroz na temporada 2018/19. As situações são muito semelhantes: falta de renda, custos altos, tributação elevada, endividamento e falta de incentivos para produzir. Quase a totalidade dos produtores que deixarão a orizicultura ocuparão estas áreas com soja, de grande liquidez, ou pecuária, considerada um investimento mais seguro do que a orizicultura, muito dependente do fator climático.
A exceção é o Paraguai, que vai ampliar em 10%, ou 15 mil hectares, a sua área, para 155 mil hectares semeados. A disponibilidade de terras próprias para o cultivo com preços atraentes, os baixos custos com energia elétrica e mão de obra e até insumos favorecem a competitividade guarani. Em contrapartida, há dificuldades de logística que atrapalham as exportações para outros mercados que não sejam o Brasil e essa dependência também tem causado preocupação.
Com esse recuo em área, a expectativa é de que o suprimento na região também caia. A colheita dos quatro países deve somar 14,97 milhões de toneladas, perfazendo um recuo de 3,75%. Apesar do Rio Grande do Sul ter entrado novembro com quase 75% da área plantada, mesmo percentual que alcançava o Uruguai, há o risco do fenômeno climático El Niño, esperado para a virada do ano, afetar a produção regional, tornando o suprimento ainda mais ajustado.
Com base nestas expectativas, os analistas consideram que a região deverá ter uma média de preços maior. Trata-se da maior região exportadora fora da Ásia, e com oferta mais ajustada tratará de buscar mercados e melhor remuneração. Paraguaios e argentinos se preocupam consideravelmente com o mercado brasileiro, que deverá ter um quadro de oferta e demanda bem ajustado e remuneração melhor do que na entrada da safra do ano passado.