Marrecos controlam as pragas no cultivo de arroz

Aves se alimentam de ervas e insetos que prejudicam as plantações .

Os rizicultores da região de Jacinto Machado, no Extremo-Sul, adotaram um aliado no controle biológico das lavouras. Desde fevereiro, 100 produtores criam marrecos de Pequim nos arrozais, um investimento alto, mas que reflete diretamente no rendimento da produção.

Durante os 90 dias em que permanecem nas lavouras, as aves funcionam como herbicidas e inseticidas naturais, pois alimentam-se de percevejos, caramujos e de inço (ervas daninhas) como o arroz vermelho, problema sério nos arrozais. Além disso, revolvem o solo com o bico e as patas.

A iniciativa no Extremo-Sul teve como base a técnica aplicada na Escola Agrícola de Araquari, no Vale do Itajaí. As matrizes comercializadas pela Cooperativa Agropecuária de Jacinto Machado (Cooperja) vêm de lá e são vendidas com até dois dias de vida.

Na localidade de Barra do Pinheirinho, o rizicultor Marcelo Tramontin cria 170 aves em cinco hectares. Os marrecos surpreenderam o agricultor, pois houve redução dos custos com insumos e aumentou a qualidade e produtividade da lavoura. Diariamente, os animais são postos na plantação pela manhã e retirados somente ao anoitecer.

– Considerando que cada ave custa R$ 2,80, a implementação da técnica é cara, mas boa. O rizicultor não arrisca o alto investimento para produzir o arroz – diz Tramontin.

Na avaliação do produtor rural, não há desvantagens. A única preocupação é manter a vigília para evitar o ataque dos cães contra os marrecos.

Após trabalho na entressafra, aves podem ser consumidas

De acordo com o engenheiro agrônomo da Cooperja, Jordanes Hoffmann, a intenção é adotar a produção de arroz com baixo impacto ambiental, já que o trabalho do marreco substitui o uso de defensivos agrícolas.

O produtor deve criar os marrecos durante um mês somente com ração, e após esse período a ave está apta para trabalhar no arrozal, onde deve permanecer por até 90 dias. Ao término da permanência nas lavouras, o marreco fica preguiçoso. Como engordou, não comerá com mais voracidade, então pode ser comercializado. Surge daí, uma nova fonte de renda.

OS AJUDANTES

São necessários 30 marrecos por hectare de lavoura, em média

Neste ano, mais de 9 mil marrecos foram comercializados na região de Jacinto Machado pela Cooperja. Nos próximos dias, outras 300 aves chegam ao município

Cada marreco é vendido, em média, por R$ 2,80

Os marrecos fazem uma limpeza no arrozal, comem ervas daninhas e pequenos insetos, além de caramujos

O tempo de permanência na lavoura é de 90 dias. Após o período, os marrecos estão gordos e podem ser comercializados

Cem rizicultores adotaram a técnica nos municípios do Extremo-Sul de Santa Catarina.

As aves estão distribuídas em Araranguá, Ermo, Jacinto Machado, Passo de Torres, Praia Grande, Sombrio, Turvo, além de Torres (RS).

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter