Menor, não. Suficiente!

Seca e alternativas culturais produziram 7,2 milhões de toneladas de arroz no RS

 

Com exceção da fronteira oeste e áreas muito pontuais nas regiões centro e da campanha, castigadas pela seca, a safra de arroz 2022/23 no Rio Grande do Sul foi muito boa. Apesar de uma retração de 6,5% nos volumes colhidos e, principalmente, em área, a produtividade foi excelente. A conclusão está nos dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), que apontou uma colheita de 7.239.985 toneladas em 839.972 hectares, com uma produtividade média estadual em 8,79 toneladas por hectare.

Esses números foram, mais uma vez, fundamentais para assegurar ao Brasil a garantia de abastecimento do grão. O estado produziu cerca de 70% da safra nacional de arroz. E o enxugamento de área, somado às exportações, é fatore que tem garantido alguma remuneração mais adequada, frente à exagerada alta nos custos de produção.

A diretora técnica do Instituto, Flávia Tomita, observou que esse foi o segundo maior rendimento de grãos por área alcançado pelo arroz gaúcho, superado somente pela safra 2020/21, de clima excepcionalmente favorável. Naquela temporada, os arrozeiros gaúchos colheram média de 9,01 toneladas por hectare.O pre

sidente do Irga, Rodrigo Machado, comemorou a liderança das variedades do Irga. No ranking, a cultivar Irga 424 RI representou 54,3% da área total semeada, enquanto a Irga 431 CL ficou em terceiro, com 9,2%. No geral, sete cultivares Irga alcançaram 64,5%. A segunda variedade mais semeada foi BRS Pampa CL, da Embrapa. A cobertura com híbridos cresceu.

Estabilidade
Alexandre Velho, presidente da Federarroz, entende que o perfil da área gaúcha de arroz não deverá sofrer grandes alterações, pois a rotação com soja, milho e integração com a pecuária se consolida como sistema de produção. “Temos uma condição de produtor múltiplo, que busca a evolução do sistema e a sustentabilidade econômica, social e ambiental. E, diante da realidade da oferta e demanda do país, com o abastecimento assegurado e atenção ao mercado externo, não há razões para aumentar a área cultivada. Vamos nos manter nesta faixa dos 800 mil até um pouco abaixo dos 900 mil hectares por mais um tempo, garantindo estabilidade produtiva e o abastecimento e a segurança alimentar do país”, resumiu.

Questão básica
Flávia Tomita, diretora técnica do Irga, disse que, apesar de um início de instalação das lavouras com temperaturas abaixo da média, nas áreas que não faltou água e com boa radiação solar, os resultados foram superiores ao histórico da orizicultura. Ela entende que a soma do fator climático, manejo de excelência e recursos genéticos mostraram a grande capacidade responsiva da cultura para expressar o seu potencial produtivo. “Não tivemos aquelas temperaturas extremas de calor como em 2021/22, que interferiram na qualidade do grão em algumas regiões”, lembrou.

Rotação se consolida nas terras baixas

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Com início nesta safra, o Irga passou a divulgar relatório final com área, produção e produtividade de soja e milho em terras de arroz. Em soja, foram colhidas 1.295.132 toneladas, semeadas em uma área de 506 mil hectares, a maior marca em 14 anos de levantamento. A produtividade ficou em 2,58 t/ha. Na safra anterior, 2021/22, a média produtiva foi de 1,92 toneladas, portanto, uma evolução de 34,4% nos rendimentos.

O milho em terras baixas alcançou produção de 71.998 toneladas e produtividade de 6,51 t/ha nesta safra, em área de 12,8 mil hectares. Na temporada anterior, a média foi de 4,43 toneladas por hectare, levando em conta os cultivos irrigados e não irrigados. Para o consultor Paulo Régis Ferreira da Silva, não faz sentido, exceto por uma excepcionalidade, semear milho sem irrigação e drenagem em áreas de várzea. “O custo é alto, e o risco também, por causa da sensibilidade da planta ao estresse hídrico, seja por falta ou por excesso de umidade. E ainda é preciso buscar alta produtividade”, explicou.

Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e consultor do Irga, Paulo Régis Ferreira da Silva considera que os resultados foram muito bons para um primeiro momento. Mostraram que, com o manejo adequado, temos importante possibilidade de evoluir nessa cultura de sucessão ao arroz e à soja e com vantagens bem relevantes: produzir para cobrir o déficit de abastecimento em milho no estado, quebrar ciclos de pragas, doenças e invasoras, recuperação do solo e alto potencial produtivo em uma área que se caracteriza pelo grau de excelência em irrigação. “E, hoje, diante do investimento, só se cogita cultivar milho sob um eficiente sistema de irrigação”, finalizou.

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