Mercado abre com expectativa de confirmar exportações

 Mercado abre com expectativa de confirmar exportações

Robispierre Giuliani/Revista Planeta Arroz

(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) O mercado do arroz abriu nesta terça-feira (a segunda concentrou sondagens e espera de posicionamento das grandes empresas por boa parte das corretoras e indústrias e produtores) marcando uma postura mais cautelosa tanto na oferta quanto na demanda. Razões não faltam. A cadeia produtiva “incorporou” os fatores que pressionavam a baixa nos preços que eram mantidos até março. Abril tem sido um mês em que o mercado busca a sua justa forma, ou o equilíbrio, o que está difícil com a complexidade das relações entre preços internacionais, nacionais, câmbio, custos e contas chegando.

A pressão sobre os preços atuais estão ocorrendo em várias frentes. Em primeiro lugar pela constatação de que a safra brasileira não terá a quebra gigantesca que era prevista – e que deve se concentrar com mais força na Fronteira Oeste gaúcha. Isso já deve impactar os números do próximo levantamento da safra de verão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em maio. O câmbio, que mostrou o dólar recuando 12,5% no ano, mas com uma recuperação importante nos últimos dias, parando em R$ 4,87 ontem (há um ano estava em R$ 5,70) também está fazendo seus estragos.

A diferença, em dólar, gerou um volume expressivo das importações do Mercosul. Extraoficialmente traders, corretores e agentes de mercado nos quatro países projetam as compras brasileiras entre fevereiro e o início de abril entre 500 mil e 600 mil t de arroz em base casca. Produto a ingressar até agosto. Em compensação, neste período (fevereiro a abril) as exportações foram limitadas pelo fato dos preços internos estarem muito acima dos principais concorrentes, ou seja, sem capacidade competitiva para atender aos mercados demandantes. Perdemos oportunidades de vender cargas para Cuba, Venezuela, Peru e América Central para a Argentina, Uruguai, Paraguai e Estados Unidos.

Com este cenário de uma oferta interna maior e mais aquisições no Mercosul e baixo volume de vendas externas e demanda doméstica limitada, a retração nas cotações ao produtor já eram previstas. Vale lembrar que muitos produtores não quiseram vender arroz a R$ 76,00, R$ 78,00 e até R$ 80,00 colocado no porto.

Essa conjuntura também gerou uma oferta muito forte à indústria. Muitas delas compraram volume expressivo e saíram do mercado. Uma das razões é a capacidade de armazenagem e beneficiamento, outra é a própria expectativa de que as cotações recuem ainda mais, mas há outros fatores de alto impacto no “recuo estratégico”, como por exemplo o forte comprometimento do capital de giro. Agora, para muitas destas empresas, que formaram uma primeira etapa dos estoques novos em bases mais altas de valor, é preciso vender para então voltar às compras. Ainda mais que boa parte não conseguiu repassar, mantendo suas margens, os valores da matéria-prima.

O preço do arroz em casca caiu novamente nesta terça-feira, 26, refletindo o ritmo lento dos negócios no mercado spot do Rio Grande do Sul. A média ponderada do estado, representada pelo Indicador CEPEA/IRGA-RS (58% de grãos inteiros e pagamento à vista), fechou o dia de hoje a R$ 71,07/saca de 50 kg, recuo de 1,85% em relação à de ontem. Apesar da desvalorização no spot, agentes do setor se mostram otimistas com o avanço do dólar frente ao Real, visto que já há sinalização de prospecção de negócios para exportação no Porto de Rio Grande. Se confirmado, esse cenário pode limitar as quedas nos preços e aumentar a liquidez no mercado sul-rio-grandense.

Com boa parte das indústrias fora de mercado – ou abrindo liquidações e aquisições esta semana com cotações inferiores às dos últimos dias – as atenções do mercado de arroz se voltam neste momento para notícias de exportação. No entanto, há mais expectativa do que certeza. Sondagens existem, mas o Brasil segue pouco competitivo ainda que tenha melhorado sua situação frente a três semanas ou um mês atrás.

Para viabilizar um volume mais expressivo de vendas, no caso do arroz em casca, precisaria chegar em torno de R$ 70,00 final no porto, valor que impulsionaria o avanço de algumas indústrias internas também. Hoje, os poucos agentes que sondam o mercado para consolidar vendas externas não conseguem captar lotes maiores ou volumes significativos a R$ 72,00 ou R$ 73,00 no porto.

Alguns analistas têm trabalhado com projeção de piso de preços para o arroz gaúcho na faixa dos R$ 60,00. Não é a realidade atual, mas no Norte Catarinense, a indústria opera nesta semana na faixa de R$ 66,00 e vem forçando para fechar a semana a R$ 65,00 por saca de 50 quilos (55% acima de inteiros).

A tendência é de que abril feche com queda nas cotações da matéria prima, diante deste panorama, e maio também marque uma comercialização em patamares entre R$ 60,00 e R$ 70,00 dependendo da praça, do padrão e características do grão. Não se vislumbra, no curto prazo, algo que mude de forma mais radical este cenário, nem no sentido de uma demanda mais agressiva ou de uma oferta mais restrita.

PREÇO AO CONSUMIDOR

Nas capitais pesquisadas por Planeta Arroz, os preços aos consumidores permaneceram estáveis, mostrando leve redução nas máximas, mínima oscilação nas médias e também nas mínimas. O pacote de cinco quilos de arroz branco, tipo 1, varia entre R$ 18,49 e R$ 21,99 nas principais praças, com máxima em torno de R$ 35,90 e mínima em R$ 14,98.

11 Comentários

  • Vocês acham a produtor vai se submeter a esses preços só pra lucrarem nas custas, pro ano é soja direto. Bons negócios.

  • Sr. Ederson Dil, a culpa disso é do próprio produtor, quando tinha que ter comercializado parte do arroz a R$ 80,00 não o fez, pois queria R$ 90,00 a 95,00, deixou o espaço e as indústrias importaram do Mercosul, agora que tá chegando perto dos R$ 60,00 aceitam vender a R$ 75,00, não tem lógica e para mim isso se chama olho grande e burrice. Eu sempre falo aqui, para a indústria nunca vai faltar matéria prima, se o produtor não vender, de algum lugar vai vir. E para terminar, não adianta diminuir área se o produtor não mudar o pensamento, o mercado se ajusta e o pouco arroz ofertado se tornará muito para a indústria absorver, pois abre as portas para a entrada de arroz em casca de outros mercados. Se o senhor procurar nos meus comentários no inicio da safra eu falei, não segurem o arroz, façam uma venda escalonada, não deixem faltar matéria prima para as indústrias, pois de algum lugar vai vir, mas ficaram sentados no saco de arroz com a desculpa que estavam voltados para colheita, pois bem, agora que amarguem os R$ 60,00 no bolso. Tenha um bom dia!!!

  • Acho q não devem baixar preço pra exportar, ou importar pra forçar baixa. O produtor tem culpa em se dedicar mais pro arroz q soja, mas isto está mudando. Se fala em quebra de apenas 8% , o q dizer agora q o resto q falta colher está tudo debaixo d’água agora. Dólar subindo, vamos ver. Ótimos negócios pra soja.

  • Estranho no mesmo dia que a Planeta Arroz notícia que as exportações foram mais que o dobro de 2021 no primeiro trimestre ao mesmo tempo esse comentário dizendo que as exportações foram fracas, lógico que se as exportações são em arroz beneficiado a indústria deita e rola , só vale quando é em casca porque tem concorrência pela matéria prima com o porto pois se deixar nas mãos do cartel na reunião deles eles controlam bem os preços. Por isso digo pensem bem e reduzam bem usando a estrutura de irrigação pra Soja , arroz ficou fora da curva de aumento de comodities e de custos , outros países dão subsídios a fertilizantes e esse arroz chega aqui mais barato que o nosso, já sabemos que o custo vai ser astronômico com a maioria das coisas dobrando de preço e não temos a mínima ideia de o quanto vamos vender ano que vêm, por isso a sabedoria é buscar proteção e comprar os insumos com preços travados e isso o arroz não nos permite.

  • Bem colocado Sr Ederson vamos diminuir o arroz e plantar soja e ano q vem vamos ver.

  • O Claiton, tá igual ao Flavio, chamando as indústrias de Cartel, e eu que sou da indústria sou chamado de agressivo quando dou no meio do sujeito que escreve uma bobagem dessas.
    Claiton, em primeiro lugar, vai estudar e aprender o conceito de Cartel, depois tu estuda o artigo 36 da Lei 12.529/11 e se tu citar uma conduta por parte das indústrias e provar que realmente existe alguma prática que fere o artigo 36 da Lei e nos apresentar aqui, aí sim pode nos chamar de cartel, enquanto tu não apresentar tal prova, recomento ficar de boca calada e não escrever besteira aqui.

  • Seu Paulo não sei sua formação mas sou economista e achou a pesada errada pra discutir sobre cartel , monopólio, oligopólio etc… Imagina reunião toda semana para definir preço idêntico que vão praticar no mercado , acordarem sair do mercado com intuito de baixar , se reunirem e modificarem a tabela de classificação da CONAB oficial criando uma tabela própria idêntica praticada por todas do cartel , já tivemos casos até de indústrias emprestarem arroz para outras para não entrarem no mercado , se reuniram e juntamente começaram a praticar a política idêntica de descontar Funrural do Produtor , não preciso olhar nenhuma lei porque estudei muito e sei o conceito que onde existem um grupo de empresas que se reúnem e fazem acordo de praticar preços e políticas idênticas com o objetivo de controlar o mercado , isso se caracteriza cartel e é justamente o que temos no mercado do arroz que só é quebrado quando vem empresas de fora comprando com a tabela da CONAB , sem cobrança de Funrural e com outros preços , ou quando sai às exportações em casca que é a grande dor de cabeça do cartel

  • Acredito q é muito pior q cartel, só desespero de forçar os preços pra baixo pra poderem exportar com lucro nas costas do produtor já consagra. O q acontece é q existe aplicativos q mantém as indústrias interligadas e fintecs q dão acessessoria as mesmas pra torna-las competitivas, o produtor tem ficar esperto e se dedicar ao máximo a diversificação. Arroz está muito politizado, é só faltando mesmio pra valorizar

  • Parabéns seu Claiton pela exelete colocação pode ser q agora sertas pessoas pare de rebater as opiniões dos produtores.

  • Seu Claiton, o senhor fumou o que antes de escrever esse seu comentário???? No Brasil não sei nem falar o número certo, mas acredito que seja superior a 200 o número indústrias beneficiadoras de arroz e o senhor vem falar em reunião que combina preço de compra e venda, é muito amadorismo mesmo. Se o senhor acha que isso realmente é possível com as indústrias, tente fazer o mesmo com os produtores, por que não formam o “cartel” dos produtores, veja se vai funcionar??? É um querendo o rim do outro, olhando se a produção do vizinho vai aumentar ou diminuir, se o vizinho vai plantar soja, eu vou aumentar o arroz, se ele aumentar o arroz eu vou aumentar a soja e por aí vai. Realmente é de rir da grande bobagem que o senhor e mais alguns tentam forçar como falsas verdades. Cuidado com a CPI das fake news….rsrsrsrsrsrs. Abraço!!!

  • O seu Paulo ficou sem argumentos kkkkk
    Não contestou nada que eu falei , porque não fala da tabela idêntica diferente da Conab que todas as indústrias aderiram ao mesmo tempo? Porque não comenta da cobrança do Funrural que as indústrias começaram a praticar no mesmo dia a alguns anos atrás?
    O senhor não leu ou se fez que não leu quando eu disse que o cartel só é quebrado quando vem empresas de outros Estados com tabela, sem Funrural e com preços diferentes?
    São meia dúzia de empresas que se reúnem em cada região e combinam o preço sim e o senhor sabe bem e não se faça de desentendido achando que o produtor é idiota , pergunta pros outros produtores que lêem o planeta arroz se não faz um mês que toda semana as indústrias baixam o preço de 1 ou 2 real por semana e todas praticando o mesmo preço ou seja política de Cartel , tanto que o mercado abre depois da reunião da indústria .
    Bem se vê que o senhor não tem a mínima noção do que seja um cartel sugerindo que os produtores façam o mesmo ,ou seja as centenas de produtores combinem preço kkkk.

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