Mercado brasileiro de soja pode começar a registrar mudanças nos preços a partir de maio
Além disso, também no mês que vem, a demanda interna pode se intensificar um pouco mais, com os efeitos da operação Carne Fraca amenizados, e o consumo no setor de rações se normalizando.
As mudanças para os preços da soja no mercado brasileiro só deverão começar a aparecer a partir de maio, segundo explica Vlamir Brandalizze. De acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, até o final de abril os preços deverão seguir pressionados, com um cenário que pouco motivará novos negócios.
Nesta semana, as baixas acumuladas pelas cotações no interior do país variaram de R$ 0,50 a até R$ 10,00 por saca, como foi registrado em Cristalina, no Goiás, onde a última referência foi de R$ 50,00. Em Sorriso, Mato Grosso, o último preço desta sexta-feira (7) foi de R$ 49,00. Entre as praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, a máxima entre os preços foi de R$ 62,00 por saca, em Ponta Grossa, no Paraná.
Nos portos, os recuos semanais ficaram entre 0,45% e 3,13%, com os indicativos entre Paranaguá, Rio Grande e Santos variando de R$ 64,50 e R$ 66,00 por saca. Um pouco mais baixo do que vinha sendo esperado há algumas semanas, o novo ‘alvo’ dos produtores, ou ao menos de parte deles, é de R$ 68,00 por saca, neste momento, base porto, como explica Brandalizze. "Nesse patamar há um bom volume de vendas".
No entanto, o consultor explica que o que ainda limita uma melhora das cotações – além de patamares mais baixos na Bolsa de Chicago ao lado de um dólar fraco frente ao real – é o fato de, neste momento, o volume de soja já comprometido – cerca de 60 milhões de toneladas – ser suficiente para atender aos contratos feitos anteriormente às necessidades de embarque.
Na medida em que os embarques forem atendidos e os compradores precisarem se comportar de forma mais agressiva, novas oportunidades de venda podem aparecer e o produtor vai, aos poucos, participando do mercado. "E aí será da mão para boca", diz Brandalizze, afirmando ainda que este é um movimento que pode ganhar mais força a partir de maio. "Não podemos esperar muito desse mês de abril", completa.
Além disso, também no mês que vem, a demanda interna pode se intensificar um pouco mais, com os efeitos da operação Carne Fraca amenizados, e o consumo no setor de rações se normalizando. Neste momento, afinal, a demanda interna não tem mostrado, ainda de acordo com o consultor, todo seu potencial.
Apesar disso, o consultor afirma ainda que a maior parte dos produtores brasileiros ainda não estão operando no vermelho. "Muitos estão fazendo relações de troca – inclusive com soja ainda desta safra – e com margens de lucro", explica.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, os futuros da oleaginosa fecharam a sessão desta sexta-feira com estabilidade e assim operaram durante todo o dia. Na semana, as perdas acumuladas entre os contratos mais negociados ficaram entre 0,39% e 0,50%, o que permitiu que o maio/17 ficasse nos US$ 9,42 por bushel. A posição agosto/17 terminou com US$ 9,54.
No mercado futuro norte-americano, a semana foi bastante técnica, com uma influência maior do financeiro e dos fundos, ainda segundo Brandalizze, buscando levar a primeira posição a perder os US$ 9,50 por bushel. Os fundamentos acabaram, portanto, ficando em segundo plano.
Os traders, afinal, já se mostram um pouco mais na defensiva também na preparação para o novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na próxima terça-feira, 11 de abril. "O mercado está esperando, principalmente, um aumento das exportações americanas", diz Vlamir Brandalizze. O total comprometido pelos EUA, afinal, está em 55,15 milhões de toneladas e já supera a última projeção do departamento – de 55,11 milhões – trazida em março.
Na sequência, total atenção ao clima nos Estados Unidos. Até o momento, não há problemas muito sérios no horizonte, mas somente informações que divergem sobre as condições para a nova safra americana nos próximos meses.