Mercado mostra mais fluidez. Preços firmes ao arroz gaúcho
(Por Cleiton Evandro dos Santos/AgroDados – Planeta Arroz) Ainda que com a maioria dos arrozeiros retraída e sem interesse de vender grandes volumes, aguardando preços mais próximos de R$ 95,00 a R$ 100,00, o mercado do arroz mostrou um pouco mais de fluidez nos últimos 10 dias. Basicamente o maior fluxo de negócios está associado à necessidade de pagamento das contas remanescentes das operações finais da safra como diesel, aviação agrícola, insumos químicos, manutenção de máquinas e mão-de-obra. Também as CPR´s começaram a ser liquidadas em torno de R$ 84,00 a R$ 85,00.
Produtores que têm soja colhida ou por colher estão focando na negociação da oleaginosa e projetando mais para a frente a comercialização do arroz, acreditando em cotações mais próximas de R$ 100,00 por saca. O problema é que parece estar ocorrendo um fenômeno no qual quase a totalidade dos rizicultores pensa da mesma forma, em esperar R$ 100,00 para vender, o que poderá gerar um pico de oferta mais à frente diante de uma mexida mais brusca dos valores para cima ou para baixo.
Embora alguns tenham fôlego para esperar os R$ 110,00, a roda precisa girar e alguns agricultores que buscam fazer média também estão calculando o que ganham na troca de ativos, isto é, negociando o arroz hoje para comprar antecipadamente alguns insumos como fertilizantes, evitando um novo aumento dos custos.
A queda de braço entre arrozeiro e a indústria deve seguir ao longo de abril e maio, pelo menos, a não ser que uma mudança mais importante no câmbio ou no consumo seja exposta. No segmento industrial a informação é de que em março as vendas voltaram à normalidade, ou seja, da média anterior ao período pandêmico, portanto bem abaixo da movimentação de março e abril de 2020. Com isso, registra-se que a indústria conseguiu precificar o fardo junto ao atacado e o varejo sobre os R$ 85,00/R$ 88,00 de média de março.
A confirmação da saída de nova carga de arroz em casca para a Costa Rica, estimada em 25 mil toneladas, é uma ótima notícia. Havia a possibilidade de o grão ser adquirido no Paraguai. Demonstra também, pela rapidez no fechamento dos lotes, que os grandes produtores mantêm o foco em direcionar de 10% a 15% de suas colheitas para o mercado externo visando garantir a estabilidade do mercado interno. O preço médio do arroz colocado no porto foi de R$ 92,00 por saca, o que representa R$ 85,00 livres de frete na Fronteira Oeste.
Varejo concentra foco nas reposições graduais
O varejo segue comprando da mão para a boca e resistindo aos repasses, mas nota-se que com o avanço da colheita muitas marcas populares voltaram às gôndolas e há ofertas do pacote de 5 quilos, branco, Tipo 1, na faixa de R$ 17,00 a R$ 18,00 nas capitais pesquisadas.
Como o varejo está praticamente repondo o que vende nos últimos meses, e não se estocando, e a indústria também não está tão comprada, prevê-se como natural que haja um movimento mais efetivo de compra ao final das negociações de CPR´s. É preciso ver se com a entrada do auxílio emergencial para 32 milhões de brasileiros, haverá um movimento de incentivo ao consumo. Então, a indústria precisaria precificar o fardo em cima de um custo de R$ 90,00 para cima na compra da matéria-prima. Com as cartas na mesa, é preciso aguardar para ver quem vence a rodada, uma vez que o jogo só terminará em fevereiro do ano que vem.
Colheita
A colheita do arroz no Rio Grande do Sul entrou na reta final, restando neste final de semana cerca de 15% apenas a serem colhidos. As produtividades são altas – apesar do recuo natural – e em rendimentos a temporada 2020/21 deverá se consolidar como uma das maiores da história do Estado.
Agora é preciso ficar de olho no dólar, e verificar se o Brasil terá espaço internacional para colocar seu 1 milhão de toneladas excedentes anuais, o que garante o equilíbrio no mercado interno. Com R$ 90,00 a R$ 92,00 no porto, para o arroz em casca, o país está conseguindo concorrer com o Uruguai no abastecimento da América Central e do Sul com alguma coisa de arroz branco, com baixos volumes de arroz em casca para a América Central, disputada com os Estados Unidos, e se posicionando com mais de 60% das exportações para quebrados destinados à África Ocidental (subsaariana).
Na última semana foi revelada a possibilidade de o Brasil realizar uma segunda carga de 25 mil toneladas para a Costa Rica de arroz em casca, mas que não deve partir do Terminal Logístico do Arroz (TLA), mas do cais comercial.
Em Santa Catarina, a colheita chegou a 99%, com algumas áreas de ressoca no Sul que ainda precisam ser colhidas. No Norte do Estado a safra está concluída.